André
Rangel, Giovanna Moreira, Níckollas Nathan
Insônia é um sintoma que pode ser definido como dificuldade de iniciar ou manter o sono, associada à presença de sono não reparador, ou seja, insuficiente para manter uma boa qualidade de alerta, bem estar físico e mental durante o dia, comprometendo o desempenho nas atividades diurnas. A qualidade do sono tem uma influência direta na nossa boa disposição e saúde. Estudos mostram que episódios frequentes de insônia podem aumentar o risco de ataque cardíaco. É importante ressaltar que o fato desta relação existir não pressupõem uma relação de causa e efeito entre insônia e o risco cardiovascular, pois indivíduos que geralmente sofrem da insônia, muitas vezes têm hábitos de vida menos saudáveis, envolvendo sedentarismo e alimentação prejudicial.
Como foi mencionado, a insônia pode não ser apenas a dificuldade que se tem em adormecer, geralmente é a mais comentada. Mas ocorre também com aqueles que adormecem rápido e depois acordam, não conseguindo ou demorando para voltar a dormir. Existem ainda pessoas que mesmo dormindo a noite toda acordam cansadas e indispostas, o que também configura alguma alteração no sono.
Dentro das alterações no sono, encontram-se os transtornos primários. Eles se subdividem em dissonais (sonolência diurna excessiva ou dificuldade para iniciar ou manter o sono) e em parassonias (presença de condutas anormais associadas ao sono, tal como é ocaso do sonambulismo). Dentro das dissonias se encontra a insônia primária, que envolve a dificuldade de iniciar ou manter o sono.
A insônia primária envolve o aumento do nível de alerta fisiológico e psicológico durante a noite, a preocupação intensa e o mal-estar, relacionados com a impossibilidade de dormir. O problema se agrava pela ansiedade, que gera um círculo vicioso. Quanto mais o indivíduo tenta dormir, mais frustrado, ansioso e incomodado se sente, o que acaba dificultando ainda mais o sono.
a insônia crônica pode gerar uma diminuição da atenção, da energia e da concentração, gerando fadiga e sensação de mal-estar. Embora existam sintomas de ansiedade ou de depressão, eles não são suficientes para estabelecer o diagnóstico de um transtorno mental. Desta forma, é necessário avaliar estes sintomas como fatores associados às dificuldades do sono. No entanto, a alteração crônica do sono, que caracteriza a insônia primária, constitui um fator de risco para o aparecimento posterior de um transtorno de ansiedade ou depressão.
A insônia primária é um transtorno multidimensional, ou seja, envolve uma série de fatores. Da mesma forma, seu tratamento deverá combinar medidas não farmacológicas e farmacológicas.
O tratamento mais comum para a insônia é através de remédios, embora esse método cause alguns prejuízos como efeitos colaterais, a tolerância e a dependência. Através disso, diversos estudos vêm mostrando maneiras de utilização de terapias que dispensam o uso de medicamentos.
Abaixo iremos falar um pouco sobre as terapias mais estudadas e utilizadas.
Terapia Cognitiva
A terapia cognitiva tem como objetivo eliminar as crenças e os equívocos relacionados ao sono. Alguns sintomas da insônia são alvos da terapia cognitiva, como:
- Uma falsa expectativa do tempo necessário do sono ("Eu não consigo dormir as oito horas de sono que são necessárias para o meu bem-estar.")
- Uma concepção inadequada das causas da insônia ("Minha insônia é a consequência de um desequilíbrio químico.")
- A amplificação das suas consequências ("Eu não consigo fazer nada após uma má noite de sono.")
Terapia de controle de estímulos
A terapia segue uma linha de pensamento de que a insônia é uma resposta condicionada aos fatores temporais ( tempo perdido na cama) e ambientes (quarto onde dorme/cama) relacionados com o sono. Sendo assim, o seu principal objetivo é treinar o insone a reassociar o quarto de dormir e a cama com um rápido início do sono. Para isto, deve-se abreviar as atividades incompatíveis com o sono (observáveis e camufladas) utilizadas como dicas para permanecer acordado, além de planejar um consistente ciclo de vigília-sono.
Terapia de restrição do sono
Essa terapia consiste na reeducação do tempo gasto na cama de modo com que esse fique o mais próximo possível do tempo total do sono. Por exemplo, se o insone relata que dorme uma média de cinco horas e permanece na cama por oito horas, a recomendação inicial é reduzir o tempo despendido na cama para cinco horas.
Terapia de relaxamento
O princípio consiste em relaxamento total do corpo, envolvendo a intenção de relaxar diferentes grupos musculares visando uma diminuição do alerta fisiológico e desfocando a atenção do paciente.
Terapia de intenção paradoxal
Esse método consiste em convencer o paciente a encarar o seu mais temido problema, no caso, a insônia. Assim, pede-se que o paciente insista em ficar acordado. Desta forma o estado de ansiedade antes do sono vai ser reduzido e o início do sono pode ser atingido mais facilmente.
Fototerapia
O objetivo desse tipo de terapia é aumentar o estado de alerta do indivíduo por meio de estímulos luminosos, os quais ficam em uma caixa ao nível dos olhos a uma distância de 90 cm.
Higiene do sono
Esse é um método que tem como objetivo educar os hábitos relacionados à saúde e ao comportamento que beneficiem ou dificultem a dormir. Envolvem condutas como: usar quarto somente para dormir e atividades sexuais, evitar barulho, luz e a temperaturas extremas durante o período do sono, evitar cafeína, nicotina e bebidas alcoólicas nas últimas 4-6 horas anteriores ao sono.
Exercício Físico
A prática de exercícios físicos também é sugerida para melhorar a qualidade do sono, embora o tipo, intensidade e duração dos exercícios ainda não estejam bem definidos. Alguns estudos evidenciam que a prática de atividades mais agitadas a noite podem inclusive prejudicar a capacidade de iniciar o sono.
Portanto, nota-se a importância em combater a insônia, considerando-se que ela é fortemente relacionada a diversos sintomas prejudiciais à saúde mental e ao bem estar psicológico. São amplas as formas de tratamento, que podem ser farmacológicos e não farmacológicos. Existem muitos estudos que comprovam a eficácia de alguns métodos terapêuticos para a insônia, visto que eles não possuem efeitos colaterais e não causam tolerância ou dependência ao organismo, o oposto ocorrido no uso dos remédios usados no tratamento medicamentoso contra a insônia.
Referências
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