quinta-feira, 9 de junho de 2016

Suicídio: desejo de morrer ou fuga do sofrimento?


Érica, Paolla, Thayane e Vanessa


Em média a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. Essa é a segunda principal causa de morte entre adolescentes e jovens de 15 a 29 anos.
            Ao verificarmos o significado da palavra suicídio nos deparamos com o conceito derivado do latim sui (si mesmo) e caedes (ação de matar) que significa uma morte intencional auto infligida. Contudo, percebemos que na maioria dos casos estudados o indivíduo não deseja de fato morrer, mas sim fugir de um sofrimento que ele considera insuportável e acredita não ter capacidade de lidar.
O comportamento suicida pode ser dividido em três categorias: ideação suicida (pensamentos, ideias, planejamento e desejo de se matar); tentativa de suicídio (atos que causam danos) e o suicídio (consumação da morte). É na ideação suicida que o indivíduo dá os primeiros passos em direção à tentativa de suicídio. Essa decisão geralmente não acontece de maneira rápida, pois na maioria dos casos o sujeito deixa inúmeros sinais que antecedem o ato em si. Comportamentos como distribuir seus pertences, fazer desenhos ou escrever sobre o extermínio e até mesmo falar sobre o desejo de se matar são sinais manifestados e muitas vezes ignorados.
A adolescência é considerada um período vulnerável para o comportamento suicida, principalmente porque nesse período os jovens tem que enfrentar muitas exigências sociais e psicológicas. As adolescentes do sexo feminino estão, de maneira geral, mais propensas à ideação suicida. Estudos comprovam que elas apresentam mais tentativas suicidas e isso pode estar associado ao maior índice de depressão que elas apresentam, tendo em vista que a depressão pode desencadear o processo suicida. As adolescentes geralmente utilizam como método a ingestão excessiva de medicamentos e/ou venenos. Já os adolescentes do sexo masculino estão mais propensos ao suicídio consumado, o que pode ser explicado pelo fato de que eles utilizam de métodos mais violentos, como a utilização de armas ou enforcamento.
Existem alguns fatores que estão associados à vulnerabilidade do sujeito em relação à ideação suicida, especialmente em se tratando do suicídio adolescente. Podemos destacar os seguintes fatores de risco: depressão, desestruturação familiar, baixa autoestima, solidão, casos de suicídio entre conhecidos, decepções amorosas, homossexualismo, violência, bullying, uso de álcool e outras drogas, pobreza entre vários outros. 
É importante ressaltar que juntamente com os fatores de risco existem alguns sintomas que devem ser levados em consideração, como desesperança, humor deprimido, sentimento de culpa e/ou fracasso, desespero, inquietação, insônia persistente, perda de peso, cansaço, isolamento social e comentários autodestrutivos, como por exemplo, “a vida não vale a pena”, “prefiro estar morto”. Esses sintomas requerem atenção extrema de pessoas próximas, incluindo principalmente os familiares e os profissionais da educação.
Além de conhecer quais são os fatores de risco em relação ao suicídio é necessário planejar ações preventivas e de proteção para os adolescentes que manifestam ideações suicidas. É importante restringir o acesso aos meios de cometer suicídio, e saber identificar e tratar precocemente os jovens que sofrem de transtornos psicológicos, especialmente a depressão, bem como daqueles que abusam de drogas e álcool. É necessário ainda aperfeiçoar o acesso aos serviços sociais e de apoio às famílias suicidas, disponibilizando profissionais para intervenção e programas de prevenção do suicídio.
Para a proteção torna-se necessário o fortalecimento das redes de apoio dos adolescentes, envolvendo principalmente a família e a escola. Aos pais cabe à missão de apoiá-los e encorajá-los e ficarem atentos para qualquer sinal que o filho possa apresentar de ideações suicidas. Tudo isso para que esses jovens tenham boas interações sociais, senso de propósito para a própria vida, capacidade para receber conselhos e buscar ajuda quando necessário e, acima de tudo, estabelecer relações nas quais eles se sintam amados. Na escola é importante enfatizar as relações professor/aluno e família/escola. A instituição escolar deve estar atenta para observar os padrões de comportamento e de relacionamentos para que identifique precocemente as situações problemáticas, tendo em vista que os relacionamentos pessoais e a percepção de apoio ocupam um importante papel nessa etapa do ciclo vital. Observa-se que quando essas ações são praticadas, parece ser possível reduzir o número de casos de suicídio em adolescentes.
Que fique claro que buscar explicações para as tentativas de suicídio muitas vezes pode nos fazer chegar a conclusões equivocadas, o que deve ser feito na verdade é compreender como cada caso é particular, único, e só pode ser entendido a partir do contexto e da história de vida do sujeito.



REFERÊNCIAS
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MOREIRA, Lenice Carrilho de Oliveira; BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência: revisão de literatura. Psicol. Esc. Educ., [s.l.], v. 19, n. 3, p.445-453, dez. 2015.
AZEVEDO, Ana Karina Silva; DUTRA, Elza Maria do Socorro. Relação amorosa e tentativa de suicídio na adolescência: uma questão de (des)amor. Rev. abordagem gestalt. [online], v.18, n.1, p.20-29, 2012.,
BRAGA, Luiza de Lima; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Suicídio na adolescência: fatores de risco, depressão e gênero. Contextos Clínicos, [s.l.], v. 6, n. 1, p.2-14, 1 abr. 2013.
SOUZA, Ana Claudia Gondim; BARBOSA, Guilherme Correa; MORENO, Vânia. Suicídio na adolescência: Revisão de literatura. Revista UningÁ, Botucatu- Sp, v. 43, p.95-98, 07 mar. 2015.
KUCZYNSKI, Evelyn. Suicídio na infância e adolescência. Psicologia Usp, [s.l.], v. 25, n. 3, p.246-252, dez. 2014.

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