Érica, Paolla, Thayane e Vanessa
Em média a cada 40
segundos uma pessoa se suicida no mundo. Essa é a segunda principal causa de
morte entre adolescentes e jovens de 15 a 29 anos.
Ao verificarmos o significado da
palavra suicídio nos deparamos com o conceito derivado do latim sui (si mesmo)
e caedes (ação de matar) que significa uma morte intencional auto infligida. Contudo,
percebemos que na maioria dos casos estudados o indivíduo não deseja de fato
morrer, mas sim fugir de um sofrimento que ele considera insuportável e
acredita não ter capacidade de lidar.
O comportamento suicida
pode ser dividido em três categorias: ideação suicida (pensamentos, ideias,
planejamento e desejo de se matar); tentativa de suicídio (atos que causam
danos) e o suicídio (consumação da morte). É na ideação suicida que o indivíduo
dá os primeiros passos em direção à tentativa de suicídio. Essa decisão
geralmente não acontece de maneira rápida, pois na maioria dos casos o sujeito
deixa inúmeros sinais que antecedem o ato em si. Comportamentos como distribuir
seus pertences, fazer desenhos ou escrever sobre o extermínio e até mesmo falar
sobre o desejo de se matar são sinais manifestados e muitas vezes ignorados.
A adolescência é
considerada um período vulnerável para o comportamento suicida, principalmente
porque nesse período os jovens tem que enfrentar muitas exigências sociais e
psicológicas. As adolescentes do sexo feminino estão, de maneira geral, mais
propensas à ideação suicida. Estudos comprovam que elas apresentam mais
tentativas suicidas e isso pode estar associado ao maior índice de depressão
que elas apresentam, tendo em vista que a depressão pode desencadear o processo
suicida. As adolescentes geralmente utilizam como método a ingestão excessiva
de medicamentos e/ou venenos. Já os adolescentes do sexo masculino estão mais
propensos ao suicídio consumado, o que pode ser explicado pelo fato de que eles
utilizam de métodos mais violentos, como a utilização de armas ou enforcamento.
Existem alguns fatores
que estão associados à vulnerabilidade do sujeito em relação à ideação suicida,
especialmente em se tratando do suicídio adolescente. Podemos destacar os
seguintes fatores de risco: depressão, desestruturação familiar, baixa
autoestima, solidão, casos de suicídio entre conhecidos, decepções amorosas, homossexualismo,
violência, bullying, uso de álcool e outras drogas, pobreza entre vários
outros.
É importante ressaltar
que juntamente com os fatores de risco existem alguns sintomas que devem ser
levados em consideração, como desesperança, humor deprimido, sentimento de
culpa e/ou fracasso, desespero, inquietação, insônia persistente, perda de
peso, cansaço, isolamento social e comentários autodestrutivos, como por
exemplo, “a vida não vale a pena”, “prefiro estar morto”. Esses sintomas
requerem atenção extrema de pessoas próximas, incluindo principalmente os
familiares e os profissionais da educação.
Além de conhecer quais
são os fatores de risco em relação ao suicídio é necessário planejar ações
preventivas e de proteção para os adolescentes que manifestam ideações
suicidas. É importante restringir o acesso aos meios de cometer suicídio, e
saber identificar e tratar precocemente os jovens que sofrem de transtornos
psicológicos, especialmente a depressão, bem como daqueles que abusam de drogas
e álcool. É necessário ainda aperfeiçoar o acesso aos serviços sociais e de
apoio às famílias suicidas, disponibilizando profissionais para intervenção e
programas de prevenção do suicídio.
Para a proteção
torna-se necessário o fortalecimento das redes de apoio dos adolescentes,
envolvendo principalmente a família e a escola. Aos pais cabe à missão de
apoiá-los e encorajá-los e ficarem atentos para qualquer sinal que o filho
possa apresentar de ideações suicidas. Tudo isso para que esses jovens tenham
boas interações sociais, senso de propósito para a própria vida, capacidade
para receber conselhos e buscar ajuda quando necessário e, acima de tudo,
estabelecer relações nas quais eles se sintam amados. Na escola é importante
enfatizar as relações professor/aluno e família/escola. A instituição escolar
deve estar atenta para observar os padrões de comportamento e de
relacionamentos para que identifique precocemente as situações problemáticas,
tendo em vista que os relacionamentos pessoais e a percepção de apoio ocupam um
importante papel nessa etapa do ciclo vital. Observa-se que quando essas ações
são praticadas, parece ser possível reduzir o número de casos de suicídio em
adolescentes.
Que fique claro que
buscar explicações para as tentativas de suicídio muitas vezes pode nos fazer
chegar a conclusões equivocadas, o que deve ser feito na verdade é compreender
como cada caso é particular, único, e só pode ser entendido a partir do
contexto e da história de vida do sujeito.
REFERÊNCIAS
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