sábado, 4 de junho de 2016

PSICOSSOMÁTICA, NEUROCIÊNCIA E RESILIÊNCIA


Victor Campos, Susan Freitas, Ana Paula Almeida e Paulo Henrique.

Certos procedimentos são indispensáveis para se fazer ciência hoje, considerando o modelo atual das ciências que preza sempre o lado mais experimental e empírico da teoria científica. Com o progresso crescente das Neurociências, tem se mostrado necessário aos psicólogos um conhecimento aprofundado da estrutura e do funcionamento do sistema nervoso, e mesmo uma reformulação de muitas de suas teorias históricas que se constituíram por métodos dedutivos de vários autores e que não são mais condizentes, em muitos casos, com o paradigma científico atual – altamente experimental e empírico.
            É nesse sentido que disciplinas como a Neuropsicanálise têm surgido. É claro que, em termos de compreensão dos processos fundamentais do pensamento, estes são muito inacessíveis à simples observação da estrutura e das conexões do nosso cérebro, mas muitas teorias dedutivas psicológicas a respeito dos padrões de pensamento escondidos nas conexões neurais do cérebro tendem a ser substituídas por explicações neurocientíficas – neuropsicológicas, neurobiológicas e psicobiológicas. É nesse sentido que se mostra importante apresentarmos uma abordagem da Psicossomática, historicamente relacionada à Psicanálise, baseada em termos da Neurociência.
O conceito de doença psicossomática, sua classificação e diagnóstico, são questões polêmicas. Mas olhando de um lado mais específico, a psicossomática é a relação entre mente e corpo, em como o estado psicológico afeta o físico em forma de doenças. Seguindo tal afirmação, há quem diga que cada doença é psicossomática, uma vez que fatores emocionais influenciam todos os processos do corpo.
Mesmo com muitos estudos na área, ainda restam dúvidas referentes à relação de variáveis psicológicas e variáveis orgânicas. Atualmente, o estudo da Psicossomática tenta integrar a doença à dimensão psicológica, para assim conseguir uma compreensão e uma resiliência melhor para o paciente, com uma ação terapêutica mais abrangente e significativa.
A Psicossomática, dando valor às somatizações resultantes de conflitos psíquicos originários das relações afetivas familiares do passado da pessoa, pode relacionar-se com teorias evolutivas, na medida em que estas forneçam uma explicação para a relação afetiva, em termos de sobrevivência da prole. Isso é significativo para uma integração entre a Psicologia e a Biologia, bem como entre a Psicologia e a Neurociência.
A vida que levamos aumenta nossa fragilidade emocional, pois estamos cada vez mais preocupados com os nossos problemas financeiros, com a nossa segurança, descuidamos da nossa saúde, deixamos de manter contato com as pessoas por falta de tempo, isto tudo contribui para um individuo fragilizado emocionalmente. Esta fragilidade pode se refletir em sintomas corporais como é o caso da psicossomática.
Um tipo de proteção contra esta fragilidade é tomar uma atitude resiliente em relação a vida. Resiliência é uma postura que uma pessoa toma ao se deparar com uma dificuldade ou um problema no qual está inserido. Esta postura vai fazer com que o indivíduo se recupere e tire proveito rapidamente de um dano, trauma ou momento de estresse do qual tenha passado. A resiliência contribui para uma adaptação positiva a adversidades. A resiliência não é uma qualidade ou característica de personalidade de determinados sujeitos, ela é uma postura otimista em relação ao ocorrido, onde o sujeito busca tirar proveito e aprendizado das dificuldades pelas quais ele tenha passado.
O conceito de resiliência é originado das ciências físicas. A utilização do conceito de resiliência nas ciências da saúde começou a partir de 1970, com estudos sobre pessoas que tiveram traumas agudos ou prolongados, esses fatores eram considerados de riscos para o desenvolvimento de doenças psíquicas.
Autores como Masten e Coatsworth conceituaram a resiliência como manifestação de competência e habilidades na realização de tarefas inerentes ao desenvolvimento humano, como desempenho no aprendizado, profissional, lidar com pressões cotidianas, superar ou resistir a pressões em citações adversas, sem entrar em surto psicológico. Alguns autores argumentam que resiliência se trata de uma tomada de decisão, quando a pessoa se depara com um ambiente de tensão e se tem a vontade de vencer.
Pessoas resilientes possuem uma autoestima forte e flexível, não tem medo de depender dos outros, mas também não tem medo de romper esta relação, dão e recebem em troca de boas relações, são disciplinados, reconhecem suas capacidades, tem mente aberta, tem sonhos, senso de humor, vários interesses, autoconhecimento, toleram o sofrimento e são compromissados com seus deveres.
A resiliência é uma potente ferramenta para evitar e enfrentar a psicossomática, e qualquer pessoa pode se tornar resiliente. A resiliência de um indivíduo dependerá da interação de sistemas adaptativos complexos, como contexto social, familiar, entre outros, alguns pesquisadores, concordam que a resiliência pode se apresentar ou não em vários domínios na vida de uma pessoa.

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