Maria Luiza, Paula Mylene e Vitória Amancio.
A meditação pode ser
dividida em A Organização Mundial de Saúde (OMS) salienta que a saúde é um estado dinâmico de bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas ausência de doença. Por isso, o cuidado ao ser humano precisa ser absoluto, já que é preciso considerar as diferentes capacidades do indivíduo.
A meditação é uma prática de auto regulação do corpo e da mente, caracteriza-se por um conjunto de técnicas que trinam a focalização da atenção. Além disso, ela pode ser caracterizada como uma prática que atinge objetivos semelhantes à algumas técnicas da psicoterapia cognitiva- comportamental, embora por meios distintos. Ambas levam à diminuição do pensamento repetitivo e à reorientação cognitiva, desenvolvendo habilidades para lidar com os pensamentos automáticos. A prática de meditação não substitui a técnica da psicoterapia cognitiva-comportamental, e vice e versa. Mas pesquisas mostram que quando utilizadas de forma complementar apresentam resultados positivos para o progresso terapêutico.
A meditação pode ser dividida em dois principais tipos, a concentrativa e a meditação de atenção
plena (mindfulness). A concentrativa a qual está mais relacionada às funções de
orientação e monitoramento, e a meditação de atenção plena (mindfulness), propõem à ampliação da
autoconsciência e da consciência do momento atual. Por meio dessa consciência e
do controle atencional, busca-se restringir a identificação com processos
mentais automatizados, ou seja, aqueles pré-estabelecidos pelo indivíduo, os
quais são ou estão, muitas vezes, não muito viáveis.
Assim, a meditação e o relaxamento podem ser uma alternativa para o
tratamento adicional de dependentes químicos, sem transtorno psicótico ou risco
de suicídio. É importante destacar que os participantes absorvem as qualidades
cultivadas pelas práticas, tal como maior atenção e consciência, nas suas
atividades diárias. A meditação no tratamento facilita desde atividades mais
simples até as mais complexas, como na alimentação, banho, trabalho, caminhada
e diversas outras, pois facilita a adesão e eficácia das mesmas. Destaca-se que
essas intervenções são coordenadas e conduzidas por profissionais da área da
saúde com treinamento no tratamento clássico e no uso de técnicas alternativas.
A maneira com que o usuário lida com seus conteúdos mentais é mais
importante do que sua ausência, pois é melhor saber ou aprender a lidar com os
pensamentos do que evitá-los. Isto é
relevante no que diz respeito a pensamentos implícitos e a sua relação com o
abuso de drogas, uma vez que um maior controle sobre os processos mentais pode
ser fundamental para que o usuário consiga interromper um condicionamento que o
impulsiona a consumir a substância.
A
meditação e o relaxamento ajudam usuários leves e pesados de haxixe,
anfetaminas, LSD, outros alucinógenos, narcóticos e barbitúricos a redução do
uso de drogas. Em uma análise de Benson (2000), 78% dos indivíduos que usavam
maconha e haxixe ou ambos (28% classificados como usuários pesados, isto é, de
uma vez ao dia ou mais), depois de praticar por seis meses a meditação
transcendental, a qual envolve o uso mental de sons específicos, que se crê
terem propriedades psicoativas, somente 37% mencionaram ter usado maconha.
Depois
de vinte e um meses de prática regular da meditação, somente 12% continuaram a
usar maconha, uma diminuição de 66%. A diminuição do uso de LSD, alucinógenos,
anfetaminas, e narcóticos foi ainda mais intensa. Verificou-se que a meditação
ajudou indivíduos a parar de usar essas drogas e até a desistir de vendê-las.
Eles mudaram seu comportamento ao ponto de convencer outros indivíduos e
conscientiza-los sobre os riscos das substâncias. Os participantes da pesquisa
afirmaram que as drogas interferem nos sentimentos profundos que sentem ao
praticarem a meditação, os quais são mais agradáveis do que os altos e baixos
que as drogas proporcionam.
Concluiu-se que a redução da fissura dos
participantes foi mediada pelo aumento dos escores de aceitação e não
julgamento, os quais foram avaliados pela Escala de Competência e Adesão ao
MBRP (Programa de Prevenção de Recaída Baseado em Mindfulness -Mindfulness-Based
Relapse Prevention Program ). Assim a prática de mindfulness visa
aumentar a discriminação e aceitação do indivíduo, de modo a focalizar as suas
experiências cognitivas, emocionais e físicas, e ensina-o a assumir uma postura
observadora, diante de suas experiências internas, sem reagir automaticamente a
elas.
Em
suma, o treino em meditação é uma complementação para o tratamento do uso de
drogas, uma vez que induz habilidades como maior consciência das ações, menor
reatividade aos estímulos e o uso de métodos auto regulatórias mais eficazes,
tais como o controle da alocação da atenção e inibitório. No que refere-se ao
duplo-processamento, essas habilidades podem ser especialmente úteis para que o
usuário consiga articular as respostas impulsivas, facilitando a expressão de
comportamentos guiados pelo sistema reflexivo.
O melhor
caminho para prevenção e luta contra as drogas é tratar o indivíduo como um
todo, considerando todos seus aspectos. Apesar disso, profissionais da área da saúde, ainda estão resistentes em relação ao uso de técnicas e práticas integrativas e complementares, como a meditação. Espera-se que com a divulgação cada vez mais difundida sobre os benefícios destas práticas para a saúde e bem-estar dos indivíduos, e que esta realidade possa mudar.
Referências:
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MENEZES, Carolina Batpista, DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Os efeitos da meditação à luz da investigação científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicol. cienc. prof. [online], 2009, vol. 29, n.2, p. 276-289. ISSN 1414-9893. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932009000200006.
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