Hellen
C., Dierlley, Paulo R
Apesar de atualmente o bullying
ser um tema muito comentado, ele ainda é considerado por muitos como algo
banal, corriqueiro e sem importância. Justificado como brincadeiras, “coisas de
crianças” e visto por alguns como algo do passado.
O bullying ainda é muito presente
dentro das salas de aula brasileiras. Um estudo realizado em todo o Brasil pelo
ministério da Saúde, em escolas públicas e particulares, com 109 mil estudantes
do nono ano do ensino fundamental, durante dos anos de 2009 e 2012, mostrou que
20% deles já haviam praticado bullying em algum momento da vida escolar.
O problema do bullying apesar de
ainda não receber a devida importância repercute seriamente na vida dos
envolvidos, sejam eles praticantes, vítimas ou apenas espectadores. As
dificuldades no processo de aprendizagem são uma das consequências mais
imediatas e nocivas para a vítima do bullying.
A vítima do bullying interioriza
uma forte sensação de exclusão, entrando em um círculo vicioso. O adolescente
terá dificuldades para estabelecer novos contatos social, por receio de ser
mais uma vez criticado. Como estratégia de se proteger, ele pode boicotar novas
chances de aprendizado, gerando ainda mais exclusão.
A baixa autoestima de vítimas do
bullying também interfere no processo de aprendizagem. Muitas se sentem
culpadas e até merecedoras de toda aquela agressividade. O medo constante de
sofrer alguma agressão ou, no caso dos espectadores do bullying, serem as
próximas vítimas, interfere no processo de aprendizagem. A atenção dos jovens
estará sempre voltada para as atitudes de bullying da sala de aula.
As consequências para os
agressores são igualmente devastadoras. Por não sofrerem retaliações quanto ao
seu comportamento destrutivo, os agressores poderão cultivar uma certeza de que
a sociedade admite esse comportamento. Podem se envolver com drogas, problemas
com a justiça e perpetuarem esse ciclo de agressão na faculdade, no ambiente de
trabalho e na vida adulta de forma geral.
Inicialmente é de extrema
importância sensibilizar e informar a nossa sociedade, e os agentes
específicos, como professores, coordenadores e supervisores, sobre a real
gravidade do bullying em sala de aula. O processo de intervenção deve ocorrer nas
instâncias psicológica, escolar e familiar, tanto para as vítimas quando para
os agressores. A criação de um programa antibullying é uma das medidas mais
eficazes na prevenção e no tratamento do bullying.
O programa antibullying é composto
por alguns itens essências, mas que devem ser adaptados às necessidades e
limitações de cada escola em que for aplicado. Os itens são:
·
Psicoeducação, consiste em oferecer informações
aos pais, professores e demais profissionais da escola;
·
Palestra inicial aos pais e professores;
·
Palestra aos alunos;
·
Disciplina de Ética e Problemas Sociais, criar
espaços onde os alunos possam manifestar seus medos e receios é uma das medidas
mais importantes que devem ser tomadas, assim pode discutir e criar estratégias
conjuntas para problemas da escola como drogas, sexo, gravidez na adolescência,
violência e comportamento de bullying;
·
Criação de caixa de recados, até de forma
virtual, onde se possam fazer denúncias anônimas, pode diminuir o medo e a
vergonha que a vítima de bullying tem em denunciar;
·
Prevenção ao cyberbullying, um dos tipos mais
maléficos de bullying atualmente, já que a agressão pode ocorrer a qualquer
hora de qualquer lugar, e a identidade do agressor pode ser encoberta por
mecanismos da rede;
·
Esportes;
·
Conversa com agressor e a vítima;
·
Encaminhamento dos casos graves para um
profissional especializado.
Não podemos continuar a deixar que esse tipo de violência continue
assolando as nossas salas de aulas. O bullying não é nada banal, não é
brincadeira. É um assunto muito sério que envolve o estado emocional da vítima,
agressor e testemunhas. A sala de aula deve ser um lugar de promoção do saber,
um ambiente confortável e receptivo. O combate ao bullying deve ocorrer em toda
sociedade, da desconstrução da ideia que é apenas brincadeira a criação de leis
que inibem tal pratica.
Referências
Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64436.pdf>.
Acesso em: maio de 2016.
TEIXEIRA, G. H.
Manual antibullying: para alunos,
pais e professores. Rio de Janeiro: BestSeller,
2011.
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