quinta-feira, 9 de junho de 2016

Bullying não é brincadeira! É agressão física, moral e psicológica!


Hellen C., Dierlley, Paulo R

Apesar de atualmente o bullying ser um tema muito comentado, ele ainda é considerado por muitos como algo banal, corriqueiro e sem importância. Justificado como brincadeiras, “coisas de crianças” e visto por alguns como algo do passado.
O bullying ainda é muito presente dentro das salas de aula brasileiras. Um estudo realizado em todo o Brasil pelo ministério da Saúde, em escolas públicas e particulares, com 109 mil estudantes do nono ano do ensino fundamental, durante dos anos de 2009 e 2012, mostrou que 20% deles já haviam praticado bullying em algum momento da vida escolar.
O problema do bullying apesar de ainda não receber a devida importância repercute seriamente na vida dos envolvidos, sejam eles praticantes, vítimas ou apenas espectadores. As dificuldades no processo de aprendizagem são uma das consequências mais imediatas e nocivas para a vítima do bullying.
A vítima do bullying interioriza uma forte sensação de exclusão, entrando em um círculo vicioso. O adolescente terá dificuldades para estabelecer novos contatos social, por receio de ser mais uma vez criticado. Como estratégia de se proteger, ele pode boicotar novas chances de aprendizado, gerando ainda mais exclusão.
A baixa autoestima de vítimas do bullying também interfere no processo de aprendizagem. Muitas se sentem culpadas e até merecedoras de toda aquela agressividade. O medo constante de sofrer alguma agressão ou, no caso dos espectadores do bullying, serem as próximas vítimas, interfere no processo de aprendizagem. A atenção dos jovens estará sempre voltada para as atitudes de bullying da sala de aula.
As consequências para os agressores são igualmente devastadoras. Por não sofrerem retaliações quanto ao seu comportamento destrutivo, os agressores poderão cultivar uma certeza de que a sociedade admite esse comportamento. Podem se envolver com drogas, problemas com a justiça e perpetuarem esse ciclo de agressão na faculdade, no ambiente de trabalho e na vida adulta de forma geral.
Inicialmente é de extrema importância sensibilizar e informar a nossa sociedade, e os agentes específicos, como professores, coordenadores e supervisores, sobre a real gravidade do bullying em sala de aula. O processo de intervenção deve ocorrer nas instâncias psicológica, escolar e familiar, tanto para as vítimas quando para os agressores. A criação de um programa antibullying é uma das medidas mais eficazes na prevenção e no tratamento do bullying.
O programa antibullying é composto por alguns itens essências, mas que devem ser adaptados às necessidades e limitações de cada escola em que for aplicado. Os itens são:
·         Psicoeducação, consiste em oferecer informações aos pais, professores e demais profissionais da escola;
·         Palestra inicial aos pais e professores;
·         Palestra aos alunos;
·         Disciplina de Ética e Problemas Sociais, criar espaços onde os alunos possam manifestar seus medos e receios é uma das medidas mais importantes que devem ser tomadas, assim pode discutir e criar estratégias conjuntas para problemas da escola como drogas, sexo, gravidez na adolescência, violência e comportamento de bullying;
·         Criação de caixa de recados, até de forma virtual, onde se possam fazer denúncias anônimas, pode diminuir o medo e a vergonha que a vítima de bullying tem em denunciar;
·         Prevenção ao cyberbullying, um dos tipos mais maléficos de bullying atualmente, já que a agressão pode ocorrer a qualquer hora de qualquer lugar, e a identidade do agressor pode ser encoberta por mecanismos da rede;
·         Esportes;
·         Conversa com agressor e a vítima;
·         Encaminhamento dos casos graves para um profissional especializado.
Não podemos continuar a deixar que esse tipo de violência continue assolando as nossas salas de aulas. O bullying não é nada banal, não é brincadeira. É um assunto muito sério que envolve o estado emocional da vítima, agressor e testemunhas. A sala de aula deve ser um lugar de promoção do saber, um ambiente confortável e receptivo. O combate ao bullying deve ocorrer em toda sociedade, da desconstrução da ideia que é apenas brincadeira a criação de leis que inibem tal pratica.
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64436.pdf>. Acesso em: maio de 2016.
 SILVA, J. L.; OLIVEIRA, W. A.; BAZON, M. R.; CECILIO, S. Bullying: Conhecimentos, Atitudes e Crenças de Professores. Psico, Porto Alegre, v. 45, n. 2, p. 147-156, 2014.
TEIXEIRA, G. H. Manual antibullying: para alunos, pais e professores. Rio de Janeiro: BestSeller, 2011.
 WEDT, G. W.; LISBOA, C. S. M. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 73-87, 2013.

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