terça-feira, 31 de maio de 2016

Uma abordagem do emocional de crianças diagnosticadas com câncer


Ana Caroline Volsi; Ana Paula Leonor; Larissa Oliveira Cunha

O câncer é uma doença que, considerada atualmente como um problema de saúde pública. Considerando o alto índice de sobrevivência de crianças acometidas por câncer, cerca de 70%, considera-se a necessidade de estudar os desafios que a doença e o tratamento acarretam no desenvolvimento infantil.
Ao chegarem ao hospital, as crianças geralmente não estão preparadas para enfrentar a doença. O medo, a angústia e a insegurança são fatores que dificultam o início do cuidado, nos centros clínicos para tratamento.  O psicólogo pode atuar já na entrada do paciente com câncer no hospital podendo acompanhar até o momento dos cuidados paliativos, quando ocorrer. Este profissional é a parte da assistência integral oferecida para pacientes e familiares na presença de uma doença grave que ameace a continuidade da vida.
Transformações na rotina, na alimentação e na realização de atividades cotidianas, decorrentes da necessidade de exames e internação mobilizam toda a vida da criança e de seus familiares. Além disso decisões sobre tratamentos longos e invasivos, com efeitos colaterais bastante desagradáveis, são algumas das consequências desta doença considerada crônica.
Com o passar do tempo esse processo pode levar a criança a constantes momentos de estresse e cansaço. Além disto pode-se citar a preocupação com a autoimagem como fator ansiogênicos para as crianças, pois o corpo também sofre alterações, o cabelo cai, a pele resseca, fica complicado se alimentar.
 É relevante considerar que durante a vivência da criança ou do adolescente com o câncer a maioria sente a necessidade de saber o que está acontecendo consigo. Isto reforça a necessidade de olhá-los de forma integrada, procurando ajudá-los a minimizar o estresse, não se esquecendo da sua capacidade inferior de compreender o que se passa a seu redor. Logo, para informar sobre sua condição de saúde é importante utilizar linguajar adequado para a idade do paciente, informando apenas o que eles demonstram querer saber. Detalhes desnecessários do processo podem ser evitados para não gerar.
Em alguns casos, os pacientes, bem como seus familiares, não questionam os médicos sobre a doença ou sobre o tratamento, por vergonha ou dificuldade de se expressar. O psicólogo pode atuar no esclarecimento de dúvidas dos pacientes ou servir de mediador na relação com os médicos. Oferecer atendimento no leito, acompanhar as angústias e tentar, de alguma forma, identificar demandas para atendimento psicológico são algumas atividades que o psicólogo pode realizar no acompanhamento de crianças com câncer.
Entende-se que a doença pode afetar pelo menos três aspectos da vida: o biológico, o social e o psicológico que influenciarão de alguma maneira a qualidade de vida da criança e de sua família. Uma ação terapêutica é importante para o enfrentamento desta situação adversa. Compreender e identificar a repercussão psicossocial do tratamento sobre os sobreviventes abordar questões relacionadas à autoimagem, ao ajustamento psicossocial pós-tratamento, à performance escolar, aos sentimentos de discriminação e às expectativas da família também é o papel do psicólogo.
               Em síntese, a vida dessas crianças se caracteriza pelo paradoxo de viver sem a doença, mas com risco de sequelas e vulnerabilidade. Para os pacientes sem perspectiva de cura, a morte se apresenta como inevitável e próxima (Camargo, 2000), portanto são necessárias novas formas de cuidado, e o foco deve-se manter na qualidade de vida nos últimos instantes. Não basta que os profissionais se preocupem apenas em aplicar recursos tecnológicos ou com o aprimoramento de técnicas. Torna-se de extrema importância o aprimoramento de habilidades, capacidades e competências para oferecer uma assistência mais compreensiva e voltada para a especificidade da criança. Incentivar a criança a brincar, correr, sentir-se livre. O brincar deve ser explorado porque é uma forma de expressão mais genuína, ao qual ela pode se expressar, se auto motivar e assim influenciar positivamente no tratamento.

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