O termo "Psiconeuroimunologia" foi introduzido por Robert Ader, em 1981, para determinar o campo da ciência que estuda a influência mútua entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico, bem como as implicações que estas influencias têm
para a saúde física e doença psicossomáticas (Kemeny e Gruenewald, 1999).
A
abordagem Psiconeuroimunologica baseia-se na argumentação de que todos os
sistemas orgânicos estão inter-relacionados em termos de funcionamento. Esta
concepção defende que o sistema imunológico está integrado e é interdependente
da ação de regulação do sistema nervoso e endócrino. Isso explica a importância
dos fatores psicológicos no enfraquecimento do sistema imunológico, no aumento
da sensibilidade do corpo à manifestação de sintomas físicos e ao risco de
doenças.
Alguns
estudos apoiam o efeito das características da personalidade do indivíduo em
relação ao funcionamento do sistema imunológico. Quanto mais capaz a pessoa é a
condição da regulação emocional e na aptidão de verbalizar emoções, menos
frequentes e intensas são as suas respostas somáticas. As pessoas com tendência
para o desânimo, pessimismo, humor triste, solidão e isolamento social, tendem
a manifestar menor desempenho do sistema imunológico.
Os indivíduos com personalidade repressiva (a
repressão das emoções negativas tende a psicossomatizar-se e leva à diminuição
das suas respostas imunitárias), revelam maior pré-disposição para a chegada de
doenças como o cancro. Além de que, os indivíduos introvertidos são mais
suscetíveis a contração de infeções respiratórias superiores.
O
estresse que muitas pessoas estão sujeitas, interfere da melhor ou da pior
forma, dependendo da personalidade e da condição psicofísica que cada um
apresenta. No entanto, quanto à intensidade, duração e frequência desse
estimulo, o corpo pode atingir vários níveis elevados de exaustão, que põem em
causa o seu equilíbrio e que poderão conduzir a manifestações mais graves;
assim, a resposta de defesa do sistema imunológico também se verifica perante
alterações desta natureza e não apenas como resposta à ação de vírus e
bactérias, com o objetivo de defender e proteger o corpo. Até mesmo pessoas
jovens, geralmente saudáveis, podem ficar doentes com mais frequência quando
sujeitos a períodos de estresse intenso, longo e contínuo.
Se
o estresse está conexo com problemas imunológicos, parece óbvio que as
estratégias que procuram reduzir o estresse terão uma implicação positiva sobre
o seu funcionamento. Estudos sobre o efeito do relaxamento, e grupos de suporte
mostraram que estas atividades têm um efeito positivo sobre a saúde (cf. Cohen
& Herbert, 1996); além de apontarem um impacto positivo direto sobre o
sistema imunológico.
As
redes de relações e o suporte social também interferem e estão associados ao
grau de imunologia do sujeito. Os indivíduos com mais suporte são mais
saudáveis, têm menos probabilidade de ficar emocionalmente perturbados e de
ficar fisicamente doentes (Cohen & Willis, 1985). Portanto, o efeito do
isolamento social em termos de saúde é comparável ao efeito de outros fatores
de risco como fumar, pressão sanguínea, obesidade e atividade física.
O sistema imunológico também exerce um papel formidável no sistema nervoso central em relação à sobrevivência e morte neuronal. As citocinas podem atuar no SNC como fatores de desenvolvimento neuronal e como neurotoxinas, desempenhando, portanto, um papel em doenças como Demência de Alzheimer, neuroAIDS, e trauma cerebral.
Observa-se, portanto, que, o bem-estar psicológico, funciona como uma
proteção diante da determinação genética, que predispunha os pacientes a uma
doença imune, e que intervenções psicológicas podem melhorar a qualidade de
vida. Nesse patamar fica evidente que, se a psicoterapia for entendida como
suporte social e uma oportunidade para acelerar o processamento das experiências,
ela terá, sem dúvidas, um efeito positivo sobre o funcionamento imunológico.
Referência:
MAIA, Ângela da Costa. Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia. Psicologia: Teoria, Investigação e Práctica, Minho, v.2, n. 7, p. 207-225, fev. 2002. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/5826>. Acesso em: 11 maio 2016.
Referência:
MAIA, Ângela da Costa. Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia. Psicologia: Teoria, Investigação e Práctica, Minho, v.2, n. 7, p. 207-225, fev. 2002. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/5826>. Acesso em: 11 maio 2016.
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