segunda-feira, 30 de maio de 2016

As emoções e o sistema imunológico: uma olhar sobre a psiconeuroimunologia


Laura Gomes; Maria Paula; Mickaella Campos; Vitor Raone

O termo "Psiconeuroimunologia" foi introduzido por Robert Ader, em 1981, para determinar o campo da ciência que estuda a influência mútua entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico, bem como as implicações que estas influencias têm para a saúde física e doença psicossomáticas (Kemeny e Gruenewald, 1999).
 A abordagem Psiconeuroimunologica baseia-se na argumentação de que todos os sistemas orgânicos estão inter-relacionados em termos de funcionamento. Esta concepção defende que o sistema imunológico está integrado e é interdependente da ação de regulação do sistema nervoso e endócrino. Isso explica a importância dos fatores psicológicos no enfraquecimento do sistema imunológico, no aumento da sensibilidade do corpo à manifestação de sintomas físicos e ao risco de doenças.
Alguns estudos apoiam o efeito das características da personalidade do indivíduo em relação ao funcionamento do sistema imunológico. Quanto mais capaz a pessoa é a condição da regulação emocional e na aptidão de verbalizar emoções, menos frequentes e intensas são as suas respostas somáticas. As pessoas com tendência para o desânimo, pessimismo, humor triste, solidão e isolamento social, tendem a manifestar menor desempenho do sistema imunológico.
 Os indivíduos com personalidade repressiva (a repressão das emoções negativas tende a psicossomatizar-se e leva à diminuição das suas respostas imunitárias), revelam maior pré-disposição para a chegada de doenças como o cancro. Além de que, os indivíduos introvertidos são mais suscetíveis a contração de infeções respiratórias superiores.
            O estresse que muitas pessoas estão sujeitas, interfere da melhor ou da pior forma, dependendo da personalidade e da condição psicofísica que cada um apresenta. No entanto, quanto à intensidade, duração e frequência desse estimulo, o corpo pode atingir vários níveis elevados de exaustão, que põem em causa o seu equilíbrio e que poderão conduzir a manifestações mais graves; assim, a resposta de defesa do sistema imunológico também se verifica perante alterações desta natureza e não apenas como resposta à ação de vírus e bactérias, com o objetivo de defender e proteger o corpo. Até mesmo pessoas jovens, geralmente saudáveis, podem ficar doentes com mais frequência quando sujeitos a períodos de estresse intenso, longo e contínuo.
Se o estresse está conexo com problemas imunológicos, parece óbvio que as estratégias que procuram reduzir o estresse terão uma implicação positiva sobre o seu funcionamento. Estudos sobre o efeito do relaxamento, e grupos de suporte mostraram que estas atividades têm um efeito positivo sobre a saúde (cf. Cohen & Herbert, 1996); além de apontarem um impacto positivo direto sobre o sistema imunológico.
As redes de relações e o suporte social também interferem e estão associados ao grau de imunologia do sujeito. Os indivíduos com mais suporte são mais saudáveis, têm menos probabilidade de ficar emocionalmente perturbados e de ficar fisicamente doentes (Cohen & Willis, 1985). Portanto, o efeito do isolamento social em termos de saúde é comparável ao efeito de outros fatores de risco como fumar, pressão sanguínea, obesidade e atividade física.
O sistema imunológico também exerce um papel formidável no sistema nervoso central em relação à sobrevivência e morte neuronal. As citocinas podem atuar no SNC como fatores de desenvolvimento neuronal e como neurotoxinas, desempenhando, portanto, um papel em doenças como Demência de Alzheimer, neuroAIDS, e trauma cerebral.
Observa-se, portanto, que, o bem-estar psicológico, funciona como uma proteção diante da determinação genética, que predispunha os pacientes a uma doença imune, e que intervenções psicológicas podem melhorar a qualidade de vida. Nesse patamar fica evidente que, se a psicoterapia for entendida como suporte social e uma oportunidade para acelerar o processamento das experiências, ela terá, sem dúvidas, um efeito positivo sobre o funcionamento imunológico.

Referência:

MAIA, Ângela da Costa. Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia. Psicologia: Teoria, Investigação e Práctica, Minho, v.2, n. 7, p. 207-225, fev. 2002. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/5826>. Acesso em: 11 maio 2016.

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