domingo, 15 de maio de 2016

O USO DE RITALINA NO TRATAMENTO DE TDAH, TRATAMENTO OU PREJUÍZOS PARA A SAÚDE?


Flávia Aparecida; Maria Luiza; Michele Rosa

É comum, encontrar mães reclamando da aprendizagem do seu filho na escola, ou algum professor questionando porque algum aluno não consegue acompanhar o desenvolvimento da sala. E para esses dois questionamentos, a solução tem sido a mesma, medicação.
 Quando uma criança é diagnosticada com TDAH (déficit de atenção e hiperatividade), a primeira estratégia encontrada pelas famílias e professores, mesmo sem muita compreensão do assunto, é a medicação. O remédio mais receitado para crianças com TDAH é a ritalina, uma realidade que vem causando sérios danos.
Atualmente a ritalina vem sendo utilizada de maneira indiscriminada. O Brasil já é o segundo país que mais consome Ritalina no mundo, sendo vendidas 2,6 milhões de caixas do medicamento a cada ano. Além de ser receitada por médicos como “solução imediata” para a queixa das mães e professores, trata-se de uma medicação que pode apresentar efeitos colaterais.
O metilfenidato (ritalina) é vendido pela internet em vários sites sem a exigência de receita médica, o que facilita cada vez mais a automedicação. Mães angustiadas diante as dificuldades, e pela falta de informação e facilidade de adquirir o medicamento, acabam automedicando seus próprios filhos com metilfenidato.
A medicação atua diretamente sobre o funcionamento cerebral reduzindo a agitação, o que de imediato parece estar funcionando para criança, pois o período de tempo que a criança permanece na escola se torna mais fácil reduzindo as reclamações escolares e fazendo com que pais e professores tenham a certeza de que a medicação é a melhor alternativa.
O que a maioria das pessoas não se sabe é que o TDAH não é apenas uma doença orgânica. É uma doença que tem origem multifatorial, podendo estar relacionada a problemas familiares, preconceitos sofridos na escola, dificuldades de relacionamento e de adaptação ao método psicopedagógico utilizado dentre várias outras questões de cunho psicológico. Os efeitos uso de ritalina apesar de ser aparentemente rápido, irá resolver o problema apenas temporariamente.  Os efeitos colaterais da ritalina envolvem, insônia falta de apetite, dor de cabeça e enurese. A longo prazo podem gerar dependência e retardar o crescimento.
Não estamos falando de um remédio comum, é um tema sério e pouco discutido. A busca por soluções fáceis e rápidas, associada à incompreensão dos pais quanto a agitação natural da criança podem resultar em condutas inadequadas. É importante ressaltar que a maiorira dessas crianças diagnosticada com TDAH , são apenas crianças espertas, ativas, normais devido a idade e a fase escolar. Mesmo nos casos em que o diagnostico é feito corretamente, sabemos que hoje existem tratamentos alternativo à ritalina, como a psicoterapia, estimulação cerebral e ginástica cerebral. Um dos tratamentos alternativos ao TDAH é denominado como neurofeedback . Apesar do nome complicado o tratamento é direcionado para alterar padrões de funcionamentos cerebrais, de forma natural. O tratamento por neurofeedback é mais demorado, porém seus resultados costumam ser permanentes e sem danos para o funcionamento cognitivo da criança. Ao contrário da ritalina em que os resultados se mantêm apenas enquanto se toma o remédio, de modo que as complicações geralmente voltam após o término do tratamento com o medicamento.


REFERÊNCIAS
CHRISTOFARI, A.C; et al. Medicalização dos modos de ser e de aprender. Educação & Realidade, v. 40, n. 4, p. 1079-1102, out./dez. 2015.
DECOTELLI, K. M.; et al. A droga da obediência: Medicalização, Infância e Biopoder – Notas sobre a Clínica e Política. Psicologia: Ciência e profissão, v. 33, n. 2, p. 446-459, 2013.
KAUARK, F.; SILVIA, V. Dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental e ações psico e pedagógicas. Psicopedagogia, 2008

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