Flávia Aparecida; Maria Luiza; Michele Rosa
É comum, encontrar mães reclamando
da aprendizagem do seu filho na escola, ou algum professor questionando porque
algum aluno não consegue acompanhar o desenvolvimento da sala. E para esses
dois questionamentos, a solução tem sido a mesma, medicação.
Quando uma criança é diagnosticada com TDAH
(déficit de atenção e hiperatividade), a primeira estratégia encontrada pelas
famílias e professores, mesmo sem muita compreensão do assunto, é a medicação.
O remédio mais receitado para crianças com TDAH é a ritalina, uma realidade que
vem causando sérios danos.
Atualmente a ritalina vem sendo
utilizada de maneira indiscriminada. O Brasil já é o segundo país que mais
consome Ritalina no mundo, sendo vendidas 2,6 milhões de caixas do medicamento
a cada ano. Além de ser receitada por médicos como “solução imediata” para a queixa
das mães e professores, trata-se de uma medicação que pode apresentar efeitos
colaterais.
O metilfenidato (ritalina) é
vendido pela internet em vários sites sem a exigência de receita médica, o que
facilita cada vez mais a automedicação. Mães angustiadas diante as dificuldades,
e pela falta de informação e facilidade de adquirir o medicamento, acabam
automedicando seus próprios filhos com metilfenidato.
A medicação atua diretamente sobre
o funcionamento cerebral reduzindo a agitação, o que de imediato parece estar
funcionando para criança, pois o período de tempo que a criança permanece na
escola se torna mais fácil reduzindo as reclamações escolares e fazendo com que
pais e professores tenham a certeza de que a medicação é a melhor alternativa.
O que a maioria das pessoas não se
sabe é que o TDAH não é apenas uma doença orgânica. É uma doença que tem origem
multifatorial, podendo estar relacionada a problemas familiares, preconceitos
sofridos na escola, dificuldades de relacionamento e de adaptação ao método
psicopedagógico utilizado dentre várias outras questões de cunho psicológico. Os
efeitos uso de ritalina apesar de ser aparentemente rápido, irá resolver o
problema apenas temporariamente. Os
efeitos colaterais da ritalina envolvem, insônia falta de apetite, dor de
cabeça e enurese. A longo prazo podem gerar dependência e retardar o
crescimento.
Não estamos falando de um remédio
comum, é um tema sério e pouco discutido. A busca por soluções fáceis e
rápidas, associada à incompreensão dos pais quanto a agitação natural da
criança podem resultar em condutas inadequadas. É importante ressaltar que a
maiorira dessas crianças diagnosticada com TDAH , são apenas crianças espertas,
ativas, normais devido a idade e a fase escolar. Mesmo nos casos em que o
diagnostico é feito corretamente, sabemos que hoje existem tratamentos
alternativo à ritalina, como a psicoterapia, estimulação cerebral e ginástica
cerebral. Um dos tratamentos alternativos ao TDAH é denominado como
neurofeedback . Apesar do nome complicado o tratamento é direcionado para
alterar padrões de funcionamentos cerebrais, de forma natural. O tratamento por
neurofeedback é mais demorado, porém seus resultados costumam ser permanentes e
sem danos para o funcionamento cognitivo da criança. Ao contrário da ritalina
em que os resultados se mantêm apenas enquanto se toma o remédio, de modo que
as complicações geralmente voltam após o término do tratamento com o
medicamento.
REFERÊNCIAS
CHRISTOFARI, A.C; et al. Medicalização dos modos de ser e de aprender. Educação & Realidade, v. 40, n. 4, p. 1079-1102, out./dez. 2015.
DECOTELLI, K.
M.; et al. A droga da obediência: Medicalização, Infância e
Biopoder – Notas sobre a Clínica e Política. Psicologia: Ciência e profissão, v. 33, n. 2, p. 446-459, 2013.
KAUARK,
F.; SILVIA, V. Dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do ensino
fundamental e ações psico e pedagógicas. Psicopedagogia,
2008
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