sábado, 14 de maio de 2016

Família, o berço do amor que acolhe no momento da dor.


Amanda Ferreira, Cídia Soares, Éder Luciano Bittencourt

É no contexto familiar que vivemos nossas maiores alegrias e desilusões, e sabemos que quando algum membro adoece, devemos buscar o tratamento médico adequado, mas não aprendemos como lidar com as emoções envolvidas. É da família que parte os primeiros cuidados, principalmente quando o adoecido se trata de uma criança ou adolescente. O tempo e dedicação são totalmente direcionados ao novo problema instalado no âmbito familiar.

Segundo Valle (1997), é de grande importância que tanto a criança/adolescente; quanto a família, receba acompanhamento psicológico, para que, possam ser ouvidas, compreendidas, e orientadas. Este acompanhamento pode ser direcionado de forma individual ou em grupo. No cuidado grupal, os pais podem ouvir experiências de outras famílias, esclarecer dúvidas e apreensões, que poderão ser compartilhadas por pessoas que vivenciam ou vivenciaram o mesmo problema.

Quando uma criança adoece e é diagnosticada com câncer, sua vida passa por uma grande transformação, e seu cotidiano familiar é modificado. A família acompanha a criança nesse momento de angústia, medo e dor.  É certo que “adoecer é uma possibilidade, e sendo um fato real que pode surgir em qualquer momento da vida do ser humano, podemos concebê-lo como algo que faz parte da natureza humana” (VALLE, 1997, p.66).

Geralmente os familiares se sentem sós e sem aparo algum, algo que afeta muito seu estado emocional gerando indisposição, ciúmes e mal estar. A família passa por momentos de dor, incerteza e culpa causado pela grande frustação da doença. Tendo assim suas vidas transformadas tanto na rotina doméstica quanto nos aspectos financeiro, profissional e conjugal. (FRANCO, 2002)

São dolorosas as situações, fases de exames, permanência no ambiente hospitalar, diálogos com a equipe de saúde, normas e condutas próprias do contexto hospitalar, com os quais os cuidadores não estão familiarizados. A inclusão dos pais no tratamento do câncer infantil é de extrema importância, para que assim possam exercer suas funções auxiliando no processo de tratamento. Para isso, eles devem estar em plena condição, para dar todo suporte a criança que vai passar por sessões de quimioterapia, cirurgias, que podem deixá-las mais sensíveis e fragilizadas. Por mais que os pais tentem não transparecer quão grave é a situação, a literatura revela que as crianças sentem o perigo e percebem, ao menos parcialmente, o que esta acontecendo. A literatura destaca também que, os acompanhantes sofrem angústias semelhantes às dos pacientes. (FRANCO, 2002)

Depois de diagnosticada com câncer, tanto a família quanto a criança ou adolescente podem passar por cinco fases, como destaca Parkes (1998):

(1) por ocasião do diagnóstico; (2) período de remissão ou controle da doença; (3) período de recaída; (4) período quando o óbito de torna iminente; (5) apoio a família após o óbito. O diagnóstico gera um estado de choque em toda a família, os estudos mostram que desde o momento do diagnóstico a família sofre com o medo da perda, desencadeando assim um processo de “luto antecipado” (PARKES, 1998, p. 69).  

Parkes (1998) afirma que, depois do tratamento, tanto a criança quanto a família enfrentam dificuldades para voltar a vida cotidiana de antes e convivem com o medo da doença voltar. A vida aos poucos vai retomando seu lugar, recuperando aos poucos os hábitos anteriores. A família precisa se reorganizar internamente, pois agora existe uma percepção do antes e depois da doença. A criança passa a ser vista e recebida como alguém que “renasceu”, tanto física como psicologicamente.

Por fim é necessário que se criem estratégias e programas que levem em consideração as percepções a respeito da doença e das vivencias durante o tratamento. O fato do adoecimento do filho gera um grande impacto no contexto familiar, porem é da família que a criança vai receber o amor, afeto, e carinho para enfrentar e superar todas as situações que forem a ela impostas.  Com a recuperação facilitada pelo meio social, esta criança poderá dar continuidade a sua vida, projetos e sonhos, em busca de um futuro melhor e mais prazeroso, com a esperança de dias melhores ao lado daqueles que mais os amam, seus familiares. (PARKES, 1998)

Referências

FRANCO, M. H, P. Estudos Avançados sobre o Luto. São Paulo: Editora Livro  Pleno, 2002.
PARKES, C. M. Luto - Estudos sobre a Perda na Vida Adulta. São Paulo: Summus Editorial, 1998.
VALLE, E. R. M. Câncer Infantil: compreender e agir. Campinas: Editorial Psy, 1997.

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