Amanda Ferreira, Cídia Soares, Éder Luciano Bittencourt
É no contexto familiar
que vivemos nossas maiores alegrias e desilusões, e sabemos que quando algum
membro adoece, devemos buscar o tratamento médico adequado, mas não aprendemos
como lidar com as emoções envolvidas. É da família que parte os primeiros cuidados,
principalmente quando o adoecido se trata de uma criança ou adolescente. O
tempo e dedicação são totalmente direcionados ao novo problema instalado no
âmbito familiar.
Segundo Valle (1997), é
de grande importância que tanto a criança/adolescente; quanto a família, receba
acompanhamento psicológico, para que, possam ser ouvidas, compreendidas, e
orientadas. Este acompanhamento pode ser direcionado de forma individual ou em
grupo. No cuidado grupal, os pais podem ouvir experiências de outras famílias,
esclarecer dúvidas e apreensões, que poderão ser compartilhadas por pessoas que
vivenciam ou vivenciaram o mesmo problema.
Quando
uma criança adoece e é diagnosticada com câncer, sua vida passa por uma grande
transformação, e seu cotidiano familiar é modificado. A família acompanha a
criança nesse momento de angústia, medo e dor. É certo que “adoecer é uma possibilidade, e
sendo um fato real que pode surgir em qualquer momento da vida do ser humano,
podemos concebê-lo como algo que faz parte da natureza humana” (VALLE, 1997,
p.66).
Geralmente os
familiares se sentem sós e sem aparo algum, algo que afeta muito seu estado
emocional gerando indisposição, ciúmes e mal estar. A família passa por
momentos de dor, incerteza e culpa causado pela grande frustação da doença.
Tendo assim suas vidas transformadas tanto na rotina doméstica quanto nos
aspectos financeiro, profissional e conjugal. (FRANCO, 2002)
São dolorosas as
situações, fases de exames, permanência no ambiente hospitalar, diálogos com a
equipe de saúde, normas e condutas próprias do contexto hospitalar, com os
quais os cuidadores não estão familiarizados. A inclusão dos pais no tratamento
do câncer infantil é de extrema importância, para que assim possam exercer suas
funções auxiliando no processo de tratamento. Para isso, eles devem estar em
plena condição, para dar todo suporte a criança que vai passar por sessões de quimioterapia,
cirurgias, que podem deixá-las mais sensíveis e fragilizadas. Por mais que os
pais tentem não transparecer quão grave é a situação, a literatura revela que
as crianças sentem o perigo e percebem, ao menos parcialmente, o que esta
acontecendo. A literatura destaca também que, os acompanhantes sofrem angústias
semelhantes às dos pacientes. (FRANCO, 2002)
Depois de diagnosticada
com câncer, tanto a família quanto a criança ou adolescente podem passar por
cinco fases, como destaca Parkes (1998):
(1) por
ocasião do diagnóstico; (2) período de remissão ou controle da doença; (3)
período de recaída; (4) período quando o óbito de torna iminente; (5) apoio a
família após o óbito. O diagnóstico gera um estado de choque em toda a família,
os estudos mostram que desde o momento do diagnóstico a família sofre com o
medo da perda, desencadeando assim um processo de “luto antecipado” (PARKES, 1998,
p. 69).
Parkes (1998) afirma
que, depois do tratamento, tanto a criança quanto a família enfrentam
dificuldades para voltar a vida cotidiana de antes e convivem com o medo da
doença voltar. A vida aos poucos vai retomando seu lugar, recuperando aos poucos
os hábitos anteriores. A família precisa se reorganizar internamente, pois
agora existe uma percepção do antes e depois da doença. A criança passa a ser
vista e recebida como alguém que “renasceu”, tanto física como psicologicamente.
Por fim é necessário
que se criem estratégias e programas que levem em consideração as percepções a
respeito da doença e das vivencias durante o tratamento. O fato do adoecimento
do filho gera um grande impacto no contexto familiar, porem é da família que a
criança vai receber o amor, afeto, e carinho para enfrentar e superar todas as
situações que forem a ela impostas. Com
a recuperação facilitada pelo meio social, esta criança poderá dar continuidade
a sua vida, projetos e sonhos, em busca de um futuro melhor e mais prazeroso,
com a esperança de dias melhores ao lado daqueles que mais os amam, seus
familiares. (PARKES, 1998)
Referências
FRANCO, M. H, P. Estudos Avançados sobre o Luto. São Paulo: Editora Livro Pleno, 2002.
PARKES, C. M. Luto - Estudos sobre a Perda na Vida Adulta. São Paulo: Summus
Editorial, 1998.
VALLE, E. R. M. Câncer Infantil: compreender e agir. Campinas: Editorial Psy, 1997.
Nenhum comentário:
Postar um comentário