terça-feira, 24 de maio de 2016

Adoção homoparental: não há porque ser contra

Gabriela, Lorrane, Natália




          O  desejo de se ter um filho é essencial para a maioria dos seres humanos. O fato de o indivíduo, homem ou mulher, apresentar uma orientação homossexual não limita ou impede seu desejo de ser pai e mãe. A sociedade passou a se preocupar sobre as alternativas de acesso à parentalidade pelos homossexuais, como as tecnologias reprodutivas e a adoção.
          O processo de adoção no país é bastante burocrático, o que acaba afastando candidatos à adoção. No caso dos casais homoafetivos as dificuldades só aumentam. Desde o início há impedimentos de ordem moral que tornam mais complexa a tarefa de ter uma criança ou adolescente em um lar constituído por este casal do mesmo sexo.
No Brasil, como a adoção por casais homoafetivos não é regulamentada por lei, muitos homossexuais optam por formalizar o termo de “guarda única” da criança, configurando-se como um caso de monoparentalidade. Em alguns casos, depois do processo adotivo, a criança passa a ser criada pelo casal homoafetivo. Para que seja aceita a adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados legalmente ou que mantenham união estável, sendo comprovada a estabilidade da família.
Uma preocupação que surge constantemente na adoção por casais homoafetivos, é de que a criança acabe sofrendo prejuízos na construção da sua identidade e em seu desenvolvimento, devido à ausência de referências paterna e materna.  Contudo é possível perceber através de estudos científicos, que não há confirmação de que o convívio com um casam homoafetivo resulte em distúrbios psicossociais, afetivos e/ou cognitivos nas crianças adotadas, em comparação com as crianças que são criadas por pais de orientação heterossexual. Parece que a orientação sexual dos pais não afeta o desenvolvimento psíquico da criança, a qualidade deste vínculo estabelecido com seus cuidadores, sendo eles consanguíneos ou não, parece ter influência maior. Desde que haja amor e afeto entre pais e filhos, a relação merece ser considerada como entidade familiar, um processo que envolve a superação progressiva do preconceito.
Quando se proíbe uma adoção por um casal homoafetivo, estão tirando a oportunidade de fazer uma criança ou adolescente feliz este preconceito que está longe de promover um ambiente seguro emocionalmente para os envolvidos e acaba por reforçar a exclusão de uma sociedade na qual circulam concepções. A Psicologia pode auxiliar as famílias homoparentais tanto com o olhar reflexivo como com posturas clínicas mais flexíveis e livres de pré-conceitos acerca das diferentes manifestações da instituição família, contribuindo ainda para o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em situações aversivas de preconceito e discriminação.

Referências
CECILIO, Mariana Silva; SCORSOLINI-COMIN, Fabio; SANTOS, Manoel Antônio dos. Produção científica sobre adoção por casais homossexuais no contexto brasileiro.Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 18, n. 3, p. 507-516, Sept.  2013 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2013000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  15  Mar.  2016.
PASSOS, Maria Consuêlo. Homoparentalidade: uma entre outras formas de ser família. Psicol. clin.,  Rio de Janeiro ,  v. 17, n. 2, p. 31-40,   2005 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652005000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  15  mar.  2016.

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