terça-feira, 14 de junho de 2016

Neurociência e educação: como o nosso cérebro aprende?


Angélica, Edilene e Gustavo

       O corpo humano é uma máquina perfeita, uma estrutura repleta de mecanismos capazes de auxiliar o indivíduo em todos os processos de sua vida. O coração, por exemplo, é a sede de todo a nossa irrigação sanguínea, o cérebro é a sede do nosso aprendizado e dos nossos sistemas de desenvolvimento. Desde o início da nossa vida estamos sempre aprendendo coisas novas; nascemos com capacidades e reflexos inatos que nos proporcionam adaptar ao meio, como por exemplo, a capacidade de sucção na amamentação e o reflexo de marcha ao tocar os pés no chão. Todavia, tudo o que aprenderemos adiante dependerá do meio em que estamos inseridos e de nossa ação nele. Aprendemos o que é útil e necessário à nossa sobrevivência e/ou o que nos proporciona prazer. Aprender seria então sobreviver. E tudo isso está na nossa cabeça, ou seja, no nosso cérebro. Portanto, saber como o cérebro aprende independentemente da sua área de atuação é de suma importância, e você vai entender o porquê.

O lúdico na aprendizagem e no desenvolvimento


          A aprendizagem está intimamente relacionada ao desenvolvimento do cérebro. Neste período é importante a estimulação global da criança através da música, da arte, do corpo, etc. A inserção do brincar no processo de aprendizagem, por exemplo, mostrará a criança que, através deste brinquedo lúdico, ela desenvolverá criatividade, e ampliará o alcance da sua imaginação; Todo este processo favorece seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e social. O brincar é repetitivo, criamos e fortalecemos redes neurais a partir da repetição de novas informações, logo, é uma atividade que estabelece a aquisição de conhecimento. Além disso, se a criança aprende a ter cuidado com os objetos, ela estará desenvolvendo também o cuidado com o próximo; e guardando o brinquedo no lugar estará aprendendo a ter responsabilidade com seus objetos. E isso é um excelente aprendizado.

Fator afetivo no aprendizado;


       No período inicial do desenvolvimento o fator emocional também interfere no processo de aprendizagem. É importante para o indivíduo ter uma boa interação social com seus pais, pois vem deles os primeiros reforços positivos na realização do aprendizado e na formação de sua memória.  Já na fase escolar, outro fator que também interfere no processo de aprendizagem é a identificação afetiva e cognitiva que o indivíduo estabelece com o professor; pois será este o responsável pela transmissão do conhecimento na educação básica. A interação professor/aluno torna-se pertinente, pois o ato de aprender está ligado às relações emotivas que o envolvem o aluno e o meio ao qual está inserido, independente da carga emocional, seja ela positiva ou negativa o aprendizado será consolidado de uma forma mais marcante. O aluno aprende melhor, a partir do momento que estabelece um vinculo positivo com a matéria e consequentemente com o professor.

Personalidade


       No processo de desenvolvimento a personalidade do indivíduo está relacionada com aprendizado, de forma que sua subjetividade e o modo de ser irão interferir na abstração do conhecimento. Dentro dessa questão, também; tem o aspecto social. Estudos indicam que crianças que não participam das interações sociais tem mais dificuldade de desempenho acadêmico comparada com pessoas mais sociáveis. Pensemos nesse aluno introvertido ao apresentar um trabalho, ele iria ter uma enorme dificuldade. Isso poderia afetar sua aprendizagem?

Plasticidade e aprendizado


Desde o útero materno a criança tem a capacidade de aprender. O cérebro humano sempre está em processo de adaptação, estabelecendo novas conexões a cada nova aprendizagem, chamamos isso de plasticidade. O cérebro se molda por meio dos estímulos captados dos seus órgãos sensoriais ativando os neurônios e deixando a comunicação entre eles mais fortes.
       Entre 5 e 6 anos de idade devido a construção neuronal o indivíduo, tem um maior numero de conexões que o permite abstrair mais informações. A plasticidade permite uma continua reorganização do cérebro, que vem a ser à base da nossa aprendizagem e da mudança dos comportamentos. Daí a importância de estimular a criança neste período, pois é nele que ela tem sua maior capacidade de aprender. Uma criança aprenderá a tocar violão mais facilmente quando comparada a um adulto, devido ao fato de seu cérebro ainda estar se reorganizando.

Importância do sono na consolidação da memória


   O sono não é somente algo que nos proporciona descanso físico e mental. Ele é muito importante para o nosso aprendizado.  Durante o sono estamos consolidando memória, isso mesmo, dormir também é estabelecer memórias. Tudo que aprendemos durante o dia, é gravado durante o tempo que estamos dormindo profundamente. Dormir é essencial para o descanso e para a formação de memórias de longo prazo, sendo essas as memórias armazenadas há mais tempo, essa são cada vez mais capacitadas a partir da presença de novos estímulos, sendo consequentemente mais acessadas e constantemente moldadas. Dormir bem, portanto, faz-se necessário para se manter saudável, melhorar a qualidade de vida e até aumentar a longevidade. Logo, o seu desempenho físico e mental está diretamente ligado a uma boa noite de sono.
Em suma, como o conhecimento científico acerca de todas essas questões e julgamento crítico para colocá-las em prática, será possível favorecer o processo de aprendizagem das crianças, além de formar educadores envolvidos com a promoção da saúde na infância.

Referências

BARTOZSECK, A.B. Neurociência na Educação. Crianças & Neurociência. RS: 2010.
GUERRA, L.B. O dialogo entre a neurociência e a educação: da euforia aos desafios  possibilidades. Revista Interlocução, v.4, n.4, 2011.
MAURICIO, J.T. Aprender Brincando: o lúdico na aprendizagem. Psicopedagogia online. Paraíba, 2008.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Estar só ou não estar só?



Carolina Assis, Gabriela Lanzarin, Gean Paulo


A solidão é a parte da história humana. As diversas transformações que a sociedade está passando no momento interferem no modo de viver e de se relacionar com o outro, tornando-se um elemento central. Entre esses modos de viver, vários fatores podem contribuir para o crescimento do sentimento de solidão, como: novos valores, novas sensibilidades, e em destaque novas formas de comunicação ex: celulares e notebooks.
As interações sociais, principalmente no período da adolescência são fundamentais. Se houver o retraimento social, torna-se um aspecto que poderá ser preocupante ao nível do desenvolvimento e crescimento. O termo retraimento social se refere a uma retirada passiva do sujeito do seu grupo de pares, sendo assim, um déficit de interação, escolhidas pelo próprio sujeito.
Com isso podemos observar três tipos de indivíduos que se isolam socialmente. Aqueles indivíduos que se isolam, de igual modo por vontade dos mesmos, mas nesta situação porque tentam evitar a iniciação e a manutenção de relações interpessoais. Podem ainda existir jovens, que estão isolados socialmente não por sua escolha, mas porque são rejeitados por todos os outros mesmo quando tentam o contato ou aproximação social. Há jovens que passam grande parte da sua vida sozinhos e que o fazem, por exemplo, como consequência da escolha de  atividades da sua preferência. Nestes casos, o isolamento acontece porque estes jovens passam muito tempo, por exemplo, a escrever, a mexer no celular ou no computador .
Diante desses jovens que passam grande parte de suas vidas sozinhos, o aspecto da solidão deixou de ser um sentimento subjetivo e hoje é vivida na exterioridade das relações sociais. À medida que a sociedade ingressa no contexto tecnológico, a forma de estabelecer vínculos vai mudando, interferindo progressivamente nas relações e no comportamento social.
Com os meios de comunicação afirma-se que, diretamente a partir do uso direto que dela é feito, ou indiretamente a partir dos efeitos gerados pelas mudanças sociais que causou, a Internet vem gerando a emergência de pessoas menos centrada, mais superficial, mais ágil, menospreza a projetos de longo prazo.
Eis o novo problema, deixando de ser único e agora em uma rede onde a fluidez será o coletivo no sentido da sua perda de individualidade. “Como no efeito moebius: a passagem do interior ao exterior e do exterior ao interior.”. Nesse efeito declina-se em vários registros: o das relações entre privado e público, próprio e comum, subjetivo e objetivo, mapa e território, autor e leitor. Esse ir e vir, se misturar e de desfazer, estar conectado e ao mesmo tempo não estar, estar só e não estar só.

Referências:
CARDOSO, M. R., Dependência e adolescência: a recusa da diferença, Ágora; Rio de Janeiro;  v. XVII número especial; p. 63-74, Ago. 2014.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982014000300006> Acesso em 01/05/2016.

CASTRO L. R.; et al; A construção da diferença: jovens na cidade e suas relações com o outro. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 437-447, mai./ago. 2006
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/pe/v11n2/v11n2a22.pdf> Acesso em 01/05/2016.

COSTA A. M. N.; Impactos Psicológicos do Uso de Celulares: Uma Pesquisa Exploratória com Jovens Brasileiros. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 20 n. 2, p. 165-174, mai. – ago. 2004.
Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/a09v20n2.pdf> Acesso em 01/05/2016.

CORREIA J. V.; FERREIRA D., et al, Isolamento social e sentimento de solidão em jovens adolescentes. Análise Psicológica, ISPA – Instituto Universitário, Lisboa; (XXXI): 117-127, 2013.
Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312013000200001> Acesso em 27/02/2016.

FERIGOLO I.; “A dança da solidão”: a condição narrativa: em solidão continental, de João Gilberto Noll. Revista Chilena De Literatura, Chile, n° 88, 113-126, 2014.
Disponível em <http://www.revistaliteratura.uchile.cl/index.php/RCL/article/viewFile/36080/37879> Acesso em 01/05/2016.

GIKOVATE F.; Introdução. In: GIKOVATE F., Ensaios Sobre o Amor e a Solidão. São Paulo: MG Editores, 2012, p. 7-17. Disponível em: <http://flaviogikovate.com.br/preview_produtos/Ensaios_sobre_o_amor_e_a_solidão.pdf> Acesso em 01/05/2016.

PAIS J. M.; Tempos de solidão. Ciência Hoje, p. 14-15, dez. 2013.
Disponível em <http://www.uff.br/observatoriojovem/sites/default/files/documentos/Tempos_de_Solidao_ICS_JMPais_Tempos_ARI.pdf> Acesso em 01/05/2016.
SANTOS, S. J., et. al. Associação entre prática de atividades físicas, participação nas aulas de Educação Física e isolamento social em adolescentes. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro. 91(6): 543 ---550, jan. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572015000600543> Acesso em 01/05/2016.

UZUNIAN L. G.; VITALLE M. S. S.: Habilidades sociais: fator de proteção contra transtornos alimentares em adolescentes. Ciência & Saúde Coletiva, 20(11): 3495-3508, 2015.
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/csc/v20n11/1413-8123-csc-20-11-3495.pdf> Acesso em 01/05/2016.

VASCONCELLOS A. R.; A solidão nas redes sociais de relacionamentos. Revista Saber Acadêmico, Presidente Prudente, n° 16 / ISSN 1980-5950, 2014.
Disponível em <http://www.uniesp.edu.br/revista/revista17/pdf/artigos/08.pdf> Acesso em 01/05/2016.

domingo, 12 de junho de 2016

Crianças têm ou desenvolvem empatia?



Aline de Paula, Lanna Gabriela, Shaiene Araújo
Você já tentou se colocar no lugar do outro, entender o que o outro está sentindo ou pensar como o outro está pensando? Se sim, você já demostrou empatia por alguém. Diferente do que muitos pensam empatia não é simpatia, simpatia é entendida como, pena, dó ou incomodo pelo infelicidade do outro, mas não uma há uma conexão. Já a empatia vem da perspectiva de se colocar no lugar do outro, entendendo suas emoções e aflições, sejam elas físicas ou psicológicas. Metaforicamente, ter empatia é o mesmo que calçar os sapatos de alguém. 
A empatia não é considerada uma característica exclusiva dos seres humanos, apesar de ser mais expressa neles, mas está presente também em outros animais, que alertam seu bando quando o predador está a caminho. Pessoas empáticas são vistas como, sensíveis, amigáveis e calorosas, o que é fundamental para nutrir relações agradáveis e criar ambientes harmoniosos. 
Considera-se a empatia, como uma capacidade inata em recém-nascidos, já que eles precisam se conectar, afetuosamente, com os adultos. No entanto, estudos indicam que crianças entre 2 a 7 anos, são naturalmente egocêntricos, pensam apenas nelas e não se importam com o outro. Portanto, a continuidade dessa empatia vai depender do contexto social em que a criança está inserida, sendo ela estimulada ou não, a esse sentimento.
              Os cuidadores devem ajudar as crianças a se expressarem e é importante estar cientes que, as dificuldades nas interações sociais que as crianças nos vivenciam, fazem parte da realidade das mesmas. Como por exemplo o ato de um colega não emprestar algum brinquedo, ou excluí-la de uma alguma brincadeira, para ela pode ser considerado um ato de repressão, mas são processos sociais naturais no desenvolvimento humano. Contudo, configuram oportunidades para que os pais ou cuidadores ensinem práticas empáticas de compreensão da perspectiva do outro.
            Para lidar empaticamente com tais situações, necessita-se levar as crianças a um entendimento do que o outro pode pensar e sentir quando ela pratica um ato de repressão ou agressividade, para que elas possam se imaginar no lugar do outro. Deste modo, as crianças vão poder refletir sobre como seus atos refletem em outras crianças ou adultos. Lembrando que, usar alguma forma de punição não ajudará a criança a ter um comportamento pró-social, podendo acarretar diversos problemas. A criança pode tornar-se mais inibida, por sentir medo; ou até mesmo violenta, por aprender que a agressão é uma estratégia para a resolução de problemas. Estes métodos não auxiliam o desenvolvimento da empatia, podendo gerar conflitos e frustração.
Algumas formas simples de estimular a empatia em crianças são:
·                    Ler pra criança: através das histórias as crianças se imaginam no lugar do personagem;
·                    Contar sobre seus sentimentos para a criança: isso estimula a se colocar no lugar do outro;
·                    Expor as diferenças: mostrar pra criança pessoas diferentes dela e estimular a aceitação da diversidade;
·                    Aproveitar as oportunidades: quando a criança relatar uma história a respeito de outra pessoa, faça perguntas do tipo “porque você acha que seu amiguinho agiu assim?”; e por fim
·                    Seja empático: as crianças aprendem ao observar como os adultos agem. Vocês são os modelos nos quais elas se espelham.
            Deste modo, desenvolvendo a empatia na criança, estaremos ajudando em seu desenvolvimento pessoal, favorecendo que seja uma criança mais receptiva, sensibilizada e afetiva, diminuindo atos de violências e constrangimentos. Pesquisas relatam uma relação entre empatia e altruísmo, que envolve ações que beneficiam os outros. Logo, ao contribuir para uma formação empática, também estaremos ensinando as crianças sobre a importância de ajudar o próximo.     

REFERÊNCIA
MOTTA, D. C. et. al. Práticas educativas positivas favorecem o desenvolvimento da empatia em crianças, v.11, n. 3, p. 523-532,  2006. Disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em: 27 abr. 2016.

O que tem por trás dos sonhos



Ana Paula Oliveira, Layla Lane, Mariana de Paula

É fato que quando o assunto é sonhos, surgem sempre várias curiosidades e dúvidas. O que sonhamos tem algo a ver com a nossa rotina ou são apenas alucinações enquanto dormimos? Eles possuem significados? Como podemos interpretá-los? Enfim, são inúmeras questões a respeito desse assunto e iremos a partir de agora falar um pouco sobre isso.
Quando procuramos o significado da palavra sonho em um dicionário de língua portuguesa, encontramos que são uma sequência de fenômenos e representações psíquicas que acontecem involuntariamente durante o sono. São pensamentos sem nexo, de ideias vagas e sem coerência.
Para Freud, o pai da psicanálise, os sonhos seriam o cumprimento disfarçado de um desejo do indivíduo que está reprimido ou escondido em seu inconsciente. Para ele, todo sonho tem um significado, embora esteja oculto. Interpretar um sonho significa conferir-lhe um sentido lógico ou racional.
O sonho também pode ser uma fantasia criada pela mente da pessoa, principalmente quando está privada de algo ou de alguém. Assim, seu inconsciente irá buscar métodos de estar o mais próximo possível da pessoa da qual está distante. Isso pode ser explicado quando pensamos muito em alguém e sonhamos com ela.
Para a neurociência, o sonho não passa de uma fase normal do sono. São duas fases, uma delas é conhecida como fase NÃO-REM, sendo responsável por cerca de 75% do tempo em que dormimos, é a fase mais profunda do sono. É nela que acontece a liberação do hormônio do crescimento e do descanso mental. A segunda fase, responsável pelos sonhos, é conhecida como sono REM. É nessa fase que os olhos se movimentam rapidamente de um lado para o outro, sugerindo que o corpo em repouso não está totalmente inativo. Ela é importante para o nosso bem-estar físico e emocional.
Você sabia que os sonhos podem ser comparados com alucinações? Primeiro vamos esclarecer aqui o que são as alucinações. Trata-se de perturbações constituídas com base em sentimentos aflitos, podem ser compreendidas como manifestações dessocializantes, sendo alterações nos sentidos- visão, audição, paladar, olfato e tato. As pessoas que alucinam podem ver, ouvir e sentir algo que não existe na realidade, apenas na sua percepção subjetiva. Do ponto de vista do alucinante, a alucinação é vivida como uma experiência real que afeta a vida do indivíduo, por isso não se tem senso crítico. É inútil por exemplo tentar explicar que as vozes ouvidas por eles são falsas. O fato de outras pessoas não conseguirem compreender o que eles relatam, pode fazer com que o alucinante considera-as como fenômenos perigosos e ameaçadores.
Agora você deve estar se perguntando qual a relação das alucinações com o ato de sonhar. Sabemos que estes processos mentais alucinatórios são uma espécie de psicose; os sonhos também são, porém são inofensivos. Freud, já citado acima sempre defendeu que os sonhos tinham alguma analogia com as doenças mentais e, se pensarmos, ele pode estar certo. Os sonhos e as psicoses são vontades de realizações de desejo, mesmo que estejam inconscientes. Assim, os sonhos e alucinações são tratados como ilusões dos sentidos e estados de desespero, onde o alucinante se encontra em extrema aflição, angustia ou irritação.
O que os sonhadores e os alucinantes vêem pode ser algo que não foi percebido no estado de vigília. A vigília é o momento que estamos acordados, e também tem muito a ver com o assunto, porém ela traz particularidades. A alucinação acontece somente em estado de vigília, em contra partida o sonho é baseado na vigília, porém só ocorre quando o indivíduo está dormindo. Há ainda outra grande diferença, as alucinações geralmente só acontecem com pessoas psicóticas, já o sonho não, eles são comuns tanto em pessoas psicóticas quanto em pessoas psicologicamente normais. Então se você estava assustado se sentindo um psicótico pelo fato de sonhar, não se preocupe, porque você pode estar entre as pessoas normais.

Referências:
 SANTOS, Ívena Pérola do Amaral. Sonho e alucinações visuais: Propostas fenomenológicas para sua compreensão, interpretação e intervenção psicológica. Análise Psicológica, Lisboa, v.24, n.3, p.343-352, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-82312006000300008>.
 SILVA, Francynete Melo. Uma Análise Behaviorista Radical dos Sonhos. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v.13, n.3, p.435-449, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722000000300012&lang=pt>.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Suicídio: desejo de morrer ou fuga do sofrimento?


Érica, Paolla, Thayane e Vanessa


Em média a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. Essa é a segunda principal causa de morte entre adolescentes e jovens de 15 a 29 anos.
            Ao verificarmos o significado da palavra suicídio nos deparamos com o conceito derivado do latim sui (si mesmo) e caedes (ação de matar) que significa uma morte intencional auto infligida. Contudo, percebemos que na maioria dos casos estudados o indivíduo não deseja de fato morrer, mas sim fugir de um sofrimento que ele considera insuportável e acredita não ter capacidade de lidar.
O comportamento suicida pode ser dividido em três categorias: ideação suicida (pensamentos, ideias, planejamento e desejo de se matar); tentativa de suicídio (atos que causam danos) e o suicídio (consumação da morte). É na ideação suicida que o indivíduo dá os primeiros passos em direção à tentativa de suicídio. Essa decisão geralmente não acontece de maneira rápida, pois na maioria dos casos o sujeito deixa inúmeros sinais que antecedem o ato em si. Comportamentos como distribuir seus pertences, fazer desenhos ou escrever sobre o extermínio e até mesmo falar sobre o desejo de se matar são sinais manifestados e muitas vezes ignorados.
A adolescência é considerada um período vulnerável para o comportamento suicida, principalmente porque nesse período os jovens tem que enfrentar muitas exigências sociais e psicológicas. As adolescentes do sexo feminino estão, de maneira geral, mais propensas à ideação suicida. Estudos comprovam que elas apresentam mais tentativas suicidas e isso pode estar associado ao maior índice de depressão que elas apresentam, tendo em vista que a depressão pode desencadear o processo suicida. As adolescentes geralmente utilizam como método a ingestão excessiva de medicamentos e/ou venenos. Já os adolescentes do sexo masculino estão mais propensos ao suicídio consumado, o que pode ser explicado pelo fato de que eles utilizam de métodos mais violentos, como a utilização de armas ou enforcamento.
Existem alguns fatores que estão associados à vulnerabilidade do sujeito em relação à ideação suicida, especialmente em se tratando do suicídio adolescente. Podemos destacar os seguintes fatores de risco: depressão, desestruturação familiar, baixa autoestima, solidão, casos de suicídio entre conhecidos, decepções amorosas, homossexualismo, violência, bullying, uso de álcool e outras drogas, pobreza entre vários outros. 
É importante ressaltar que juntamente com os fatores de risco existem alguns sintomas que devem ser levados em consideração, como desesperança, humor deprimido, sentimento de culpa e/ou fracasso, desespero, inquietação, insônia persistente, perda de peso, cansaço, isolamento social e comentários autodestrutivos, como por exemplo, “a vida não vale a pena”, “prefiro estar morto”. Esses sintomas requerem atenção extrema de pessoas próximas, incluindo principalmente os familiares e os profissionais da educação.
Além de conhecer quais são os fatores de risco em relação ao suicídio é necessário planejar ações preventivas e de proteção para os adolescentes que manifestam ideações suicidas. É importante restringir o acesso aos meios de cometer suicídio, e saber identificar e tratar precocemente os jovens que sofrem de transtornos psicológicos, especialmente a depressão, bem como daqueles que abusam de drogas e álcool. É necessário ainda aperfeiçoar o acesso aos serviços sociais e de apoio às famílias suicidas, disponibilizando profissionais para intervenção e programas de prevenção do suicídio.
Para a proteção torna-se necessário o fortalecimento das redes de apoio dos adolescentes, envolvendo principalmente a família e a escola. Aos pais cabe à missão de apoiá-los e encorajá-los e ficarem atentos para qualquer sinal que o filho possa apresentar de ideações suicidas. Tudo isso para que esses jovens tenham boas interações sociais, senso de propósito para a própria vida, capacidade para receber conselhos e buscar ajuda quando necessário e, acima de tudo, estabelecer relações nas quais eles se sintam amados. Na escola é importante enfatizar as relações professor/aluno e família/escola. A instituição escolar deve estar atenta para observar os padrões de comportamento e de relacionamentos para que identifique precocemente as situações problemáticas, tendo em vista que os relacionamentos pessoais e a percepção de apoio ocupam um importante papel nessa etapa do ciclo vital. Observa-se que quando essas ações são praticadas, parece ser possível reduzir o número de casos de suicídio em adolescentes.
Que fique claro que buscar explicações para as tentativas de suicídio muitas vezes pode nos fazer chegar a conclusões equivocadas, o que deve ser feito na verdade é compreender como cada caso é particular, único, e só pode ser entendido a partir do contexto e da história de vida do sujeito.



REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Andreia; MATOS, Ana. Ideação suicida e sintomatologia depressiva em adolescentes. Psicologia, Saúde & Doenças, [s.l.], v. 15, n. 01, p.180-191, mar. 2014.
MOREIRA, Lenice Carrilho de Oliveira; BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência: revisão de literatura. Psicol. Esc. Educ., [s.l.], v. 19, n. 3, p.445-453, dez. 2015.
AZEVEDO, Ana Karina Silva; DUTRA, Elza Maria do Socorro. Relação amorosa e tentativa de suicídio na adolescência: uma questão de (des)amor. Rev. abordagem gestalt. [online], v.18, n.1, p.20-29, 2012.,
BRAGA, Luiza de Lima; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Suicídio na adolescência: fatores de risco, depressão e gênero. Contextos Clínicos, [s.l.], v. 6, n. 1, p.2-14, 1 abr. 2013.
SOUZA, Ana Claudia Gondim; BARBOSA, Guilherme Correa; MORENO, Vânia. Suicídio na adolescência: Revisão de literatura. Revista UningÁ, Botucatu- Sp, v. 43, p.95-98, 07 mar. 2015.
KUCZYNSKI, Evelyn. Suicídio na infância e adolescência. Psicologia Usp, [s.l.], v. 25, n. 3, p.246-252, dez. 2014.

Bullying não é brincadeira! É agressão física, moral e psicológica!


Hellen C., Dierlley, Paulo R

Apesar de atualmente o bullying ser um tema muito comentado, ele ainda é considerado por muitos como algo banal, corriqueiro e sem importância. Justificado como brincadeiras, “coisas de crianças” e visto por alguns como algo do passado.
O bullying ainda é muito presente dentro das salas de aula brasileiras. Um estudo realizado em todo o Brasil pelo ministério da Saúde, em escolas públicas e particulares, com 109 mil estudantes do nono ano do ensino fundamental, durante dos anos de 2009 e 2012, mostrou que 20% deles já haviam praticado bullying em algum momento da vida escolar.
O problema do bullying apesar de ainda não receber a devida importância repercute seriamente na vida dos envolvidos, sejam eles praticantes, vítimas ou apenas espectadores. As dificuldades no processo de aprendizagem são uma das consequências mais imediatas e nocivas para a vítima do bullying.
A vítima do bullying interioriza uma forte sensação de exclusão, entrando em um círculo vicioso. O adolescente terá dificuldades para estabelecer novos contatos social, por receio de ser mais uma vez criticado. Como estratégia de se proteger, ele pode boicotar novas chances de aprendizado, gerando ainda mais exclusão.
A baixa autoestima de vítimas do bullying também interfere no processo de aprendizagem. Muitas se sentem culpadas e até merecedoras de toda aquela agressividade. O medo constante de sofrer alguma agressão ou, no caso dos espectadores do bullying, serem as próximas vítimas, interfere no processo de aprendizagem. A atenção dos jovens estará sempre voltada para as atitudes de bullying da sala de aula.
As consequências para os agressores são igualmente devastadoras. Por não sofrerem retaliações quanto ao seu comportamento destrutivo, os agressores poderão cultivar uma certeza de que a sociedade admite esse comportamento. Podem se envolver com drogas, problemas com a justiça e perpetuarem esse ciclo de agressão na faculdade, no ambiente de trabalho e na vida adulta de forma geral.
Inicialmente é de extrema importância sensibilizar e informar a nossa sociedade, e os agentes específicos, como professores, coordenadores e supervisores, sobre a real gravidade do bullying em sala de aula. O processo de intervenção deve ocorrer nas instâncias psicológica, escolar e familiar, tanto para as vítimas quando para os agressores. A criação de um programa antibullying é uma das medidas mais eficazes na prevenção e no tratamento do bullying.
O programa antibullying é composto por alguns itens essências, mas que devem ser adaptados às necessidades e limitações de cada escola em que for aplicado. Os itens são:
·         Psicoeducação, consiste em oferecer informações aos pais, professores e demais profissionais da escola;
·         Palestra inicial aos pais e professores;
·         Palestra aos alunos;
·         Disciplina de Ética e Problemas Sociais, criar espaços onde os alunos possam manifestar seus medos e receios é uma das medidas mais importantes que devem ser tomadas, assim pode discutir e criar estratégias conjuntas para problemas da escola como drogas, sexo, gravidez na adolescência, violência e comportamento de bullying;
·         Criação de caixa de recados, até de forma virtual, onde se possam fazer denúncias anônimas, pode diminuir o medo e a vergonha que a vítima de bullying tem em denunciar;
·         Prevenção ao cyberbullying, um dos tipos mais maléficos de bullying atualmente, já que a agressão pode ocorrer a qualquer hora de qualquer lugar, e a identidade do agressor pode ser encoberta por mecanismos da rede;
·         Esportes;
·         Conversa com agressor e a vítima;
·         Encaminhamento dos casos graves para um profissional especializado.
Não podemos continuar a deixar que esse tipo de violência continue assolando as nossas salas de aulas. O bullying não é nada banal, não é brincadeira. É um assunto muito sério que envolve o estado emocional da vítima, agressor e testemunhas. A sala de aula deve ser um lugar de promoção do saber, um ambiente confortável e receptivo. O combate ao bullying deve ocorrer em toda sociedade, da desconstrução da ideia que é apenas brincadeira a criação de leis que inibem tal pratica.
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Disponível em: < http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64436.pdf>. Acesso em: maio de 2016.
 SILVA, J. L.; OLIVEIRA, W. A.; BAZON, M. R.; CECILIO, S. Bullying: Conhecimentos, Atitudes e Crenças de Professores. Psico, Porto Alegre, v. 45, n. 2, p. 147-156, 2014.
TEIXEIRA, G. H. Manual antibullying: para alunos, pais e professores. Rio de Janeiro: BestSeller, 2011.
 WEDT, G. W.; LISBOA, C. S. M. Agressão entre pares no espaço virtual: definições, impactos e desafios do cyberbullying. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 73-87, 2013.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Adolescente: Sua autoestima é o seu passaporte para a vida


Bruna Ribeiro

Atualmente a sociedade tem sido caracterizada por uma cultura que elege o corpo como identidade. Inicia-se então uma busca por uma figura perfeita, através da mídia, que veicula propagandas com imagens de corpos ideais, atingindo principalmente os adolescentes, o que os leva a se afastarem cada fez mais da realidade do seu próprio corpo. Sob essa perspectiva, o jovem passa a acreditar que, para ser aceito pelos outros, é preciso que a sua imagem corporal esteja de acordo com os padrões estabelecidos, o que tende a gerar uma insatisfação com o corpo. 
Através da cobrança social pelo corpo perfeito o indivíduo acaba desenvolvendo distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia e com isso afeta sua autoestima podendo o levar a depressão nessa busca pelo corpo ideal.
Dessa forma cria-se uma preocupação com o peso e a aparência. É provável que na adolescência ainda não exista a completa aceitação da aparência física, o que pode resultar em uma baixa autoestima e comprometimento da visão de si mesmo.
Um dos aspectos psicológicos associados aos problemas de aceitação do corpo é a imagem corporal.  A imagem corporal é a representação mental do próprio corpo e do modo com que ele é percebido pelo individuo, de modo que a imagem envolva os sentidos, as ideias e sentimentos referentes ao corpo.
 A imagem corporal e entendida pelo que o adolescente vive: Suas emoções, pensamentos e o que ele pensa sobre os outros. Não existe imagem corporal coletiva, entretanto eles mudam a si mesmos trocando informações com outras pessoas.
A pressão da mídia e a influência social são grandes fatores motivadores da insatisfação corporal dos adolescentes. Sendo assim, os adolescentes ficam cada vez mais insatisfeitos com seu peso corporal, os jovens que se encontram acima do peso querem emagrecer pois, o excesso de peso desagrada e desfavorece a atração do sexo oposto. Os adolescentes do sexo masculino buscam por mais massa corporal para ter uma maior satisfação com seu corpo, já as mulheres querem ser magras, pois a satisfação da imagem corporal está relacionada com o peso e a aparência.
                Há uma preocupação maior com os obesos, pois o risco que eles correm de se tornar depressivos e ter autoestima baixo é muito maior do que as pessoas que tem imagem corporal magra. A reação das pessoas no meio em que vivem os afeta muito, o que leva o indivíduo a ter condutas negativas sobre si, apresentando dificuldades para se sentir uma pessoa normal em relação aos adolescentes não obesos, se sentindo menos satisfeitos e com vergonha do próprio corpo. Então é possível verificar sinais de sofrimento psicológico expressos por meio de alterações emocionais e comportamentais além de uma baixo autoestima.

Relação entre pais e filhos homossexuais

Vanessa Dorneles

Falar sobre homossexualismo ainda no século XXI é algo complicado e que gira em torno de muitos preconceitos. Para o jovem homossexual, esses preconceitos são mais dolorosos quando partem da própria família, porque é dentro de sua casa que o individuo procura por refugio e acolhimento quando a sociedade não o aceita da forma que ele realmente é.
Os pais as vezes tendem a ter certa recusa sobre às escolha de seus filhos em questão de quem se relacionam, mas, apesar de tudo, o jovem busca a aceitação do seu meio familiar para superar as situações difíceis que irá passar a partir desta escolha. E é notável a mudança dos pais hoje em relação a esse assunto, ainda existem casos de famílias que não aceitam, mas é notável os quão acolhedores os pais estão. É notável que para os pais o mais importante é o amor que sentem pelo filho desde quando nasceu e que a sua opção sexual não influencia em nada nesse sentimento que é cultivado por pai e filho a vida toda.
É possível observar que mesmo com tamanho preconceito ainda existente, as pessoas estão aceitando mais a diferença do outro perante a sociedade e esta aceitação deve começar em casa. O principal papel dos pais na vida do homossexual é de acolhimento, pois, para ele é difícil ser aceito por sua escolha, já que para os outros ele ainda é jovem e não sabe o que realmente quer. Mas será que ele realmente não sabe? Será que quando os seus pais decidiram se relacionar realmente não sabiam se era aquilo que queriam por serem jovens ainda? A situação é a mesma, mas a aceitação muda somente porque o jovem escolheu uma pessoa do mesmo sexo para ter um relacionamento.
O suporte familiar na superação da diversidade é de grande importância, hoje já se pode notar que os pais estão mais preparados para superar e ajudar a superar os olhares tortos, as criticas em relação ás escolhas dos filhos. Os pais recentemente se conscientizaram, e além de reconhecer estão mostrando para a sociedade que seu filho é homossexual, mas é alguém como qualquer outro ser humano perante a sociedade e que o amor não muda simplesmente por isso. Por falar em amor, existe amor maior que o de um pai por um filho? Ou de um filho por um pai? Creio que não! Então quem melhor para te apoiar do que seus pais? Não importa se você escolheu um homem ou uma mulher para compartilhar a sua vida, o que importa é que exista amor!

terça-feira, 7 de junho de 2016

Meditação em dependentes químicos, por que não?




Maria Luiza, Paula Mylene e Vitória Amancio.

           A meditação pode ser dividida em A Organização Mundial de Saúde (OMS) salienta que a saúde é um estado dinâmico de bem-estar físico, mental, espiritual e social e não apenas ausência de doença. Por isso, o cuidado ao ser humano precisa ser absoluto, já que é preciso considerar as diferentes capacidades do indivíduo.
          A meditação é uma prática de auto regulação do corpo e da mente, caracteriza-se por um conjunto de técnicas que trinam a focalização da atenção. Além disso, ela pode ser caracterizada como uma prática que atinge objetivos semelhantes à algumas técnicas da psicoterapia cognitiva- comportamental, embora por meios distintos. Ambas levam à diminuição do pensamento repetitivo e à reorientação cognitiva, desenvolvendo habilidades para lidar com os pensamentos automáticos. A prática de meditação não substitui a técnica da psicoterapia cognitiva-comportamental, e vice e versa. Mas pesquisas mostram que quando utilizadas de forma complementar apresentam resultados positivos para o progresso terapêutico.
         A meditação pode ser dividida em dois principais tipos, a concentrativa e a meditação de atenção plena (mindfulness). A concentrativa a qual está mais relacionada às funções de orientação e monitoramento, e a meditação de atenção plena (mindfulness), propõem à ampliação da autoconsciência e da consciência do momento atual. Por meio dessa consciência e do controle atencional, busca-se restringir a identificação com processos mentais automatizados, ou seja, aqueles pré-estabelecidos pelo indivíduo, os quais são ou estão, muitas vezes, não muito viáveis.
                Assim, a meditação e o relaxamento podem ser uma alternativa para o tratamento adicional de dependentes químicos, sem transtorno psicótico ou risco de suicídio. É importante destacar que os participantes absorvem as qualidades cultivadas pelas práticas, tal como maior atenção e consciência, nas suas atividades diárias. A meditação no tratamento facilita desde atividades mais simples até as mais complexas, como na alimentação, banho, trabalho, caminhada e diversas outras, pois facilita a adesão e eficácia das mesmas. Destaca-se que essas intervenções são coordenadas e conduzidas por profissionais da área da saúde com treinamento no tratamento clássico e no uso de técnicas alternativas.
              A maneira com que o usuário lida com seus conteúdos mentais é mais importante do que sua ausência, pois é melhor saber ou aprender a lidar com os pensamentos do que evitá-los.  Isto é relevante no que diz respeito a pensamentos implícitos e a sua relação com o abuso de drogas, uma vez que um maior controle sobre os processos mentais pode ser fundamental para que o usuário consiga interromper um condicionamento que o impulsiona a consumir a substância.
           A meditação e o relaxamento ajudam usuários leves e pesados de haxixe, anfetaminas, LSD, outros alucinógenos, narcóticos e barbitúricos a redução do uso de drogas. Em uma análise de Benson (2000), 78% dos indivíduos que usavam maconha e haxixe ou ambos (28% classificados como usuários pesados, isto é, de uma vez ao dia ou mais), depois de praticar por seis meses a meditação transcendental, a qual envolve o uso mental de sons específicos, que se crê terem propriedades psicoativas, somente 37% mencionaram ter usado maconha.
         Depois de vinte e um meses de prática regular da meditação, somente 12% continuaram a usar maconha, uma diminuição de 66%. A diminuição do uso de LSD, alucinógenos, anfetaminas, e narcóticos foi ainda mais intensa. Verificou-se que a meditação ajudou indivíduos a parar de usar essas drogas e até a desistir de vendê-las. Eles mudaram seu comportamento ao ponto de convencer outros indivíduos e conscientiza-los sobre os riscos das substâncias. Os participantes da pesquisa afirmaram que as drogas interferem nos sentimentos profundos que sentem ao praticarem a meditação, os quais são mais agradáveis do que os altos e baixos que as drogas proporcionam.
         Concluiu-se que a redução da fissura dos participantes foi mediada pelo aumento dos escores de aceitação e não julgamento, os quais foram avaliados pela Escala de Competência e Adesão ao MBRP (Programa de Prevenção de Recaída Baseado em Mindfulness -Mindfulness-Based Relapse Prevention Program ). Assim a prática de mindfulness visa aumentar a discriminação e aceitação do indivíduo, de modo a focalizar as suas experiências cognitivas, emocionais e físicas, e ensina-o a assumir uma postura observadora, diante de suas experiências internas, sem reagir automaticamente a elas.
           Em suma, o treino em meditação é uma complementação para o tratamento do uso de drogas, uma vez que induz habilidades como maior consciência das ações, menor reatividade aos estímulos e o uso de métodos auto regulatórias mais eficazes, tais como o controle da alocação da atenção e inibitório. No que refere-se ao duplo-processamento, essas habilidades podem ser especialmente úteis para que o usuário consiga articular as respostas impulsivas, facilitando a expressão de comportamentos guiados pelo sistema reflexivo.
          O melhor caminho para prevenção e luta contra as drogas é tratar o indivíduo como um todo, considerando todos seus aspectos. Apesar disso, profissionais da área da saúde, ainda estão resistentes em relação ao uso de técnicas e práticas integrativas e complementares, como a meditação. Espera-se que com a divulgação cada vez mais difundida sobre os benefícios destas práticas para a saúde e bem-estar dos indivíduos, e que esta realidade possa mudar.

Referências:
BACKES, Dirce Stein et. al. Oficinas de espiritualidade: alternativas de cuidado para o tratamento integral de dependentes químicos. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2012, vol. 46, n.5, p. 1254-1259. ISSN 0080-6234. http://dx.doi,org/10.1590/S0080-62342012000500030.
ANDRADE ABDALA, Gina et. al. A religiosidade/espiritualidade como influência positiva na abstinência, redução e/ou abandono do uso de drogas. Revista Formadores, [S.1]. v.2, n.3, p.447, jan.2009. ISSN 2117-7780. Disponível em: <http://seer-adventista.com.br/ojs/index.php/formadores/articles/view/67/65>. Acesso em: 01. jun. 2016.
PEUKER, Ana Carolina et. al. Processamento implícito e dependência química: teoria, avaliação e perspectivas. Psic: Teor. e Pesq. [online]. 2013, vol.29, n.1. p. 07-14. ISSN 0120-3772. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722013000100002.
MENEZES, Carolina Batpista, DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Os efeitos da meditação à luz da investigação científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicol. cienc. prof. [online], 2009, vol. 29, n.2, p. 276-289. ISSN 1414-9893. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932009000200006.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

O casamento homoafetivo é uma questão de democracia?


Ana Paula Pires, Caroline Dias

Ao longo da história ocorreu que se denomina na atualidade de união homoafetiva. Porém, o que pode significa esse termo?
Podemos pensar que este termo é novo, mas quase todas as pessoas sabem o que significa. É a união de duas pessoas sobre mesmo sexo. O que se denomina de homossexualidade. Os homossexuais encaram muitos desafios na sociedade contemporânea, como de demonstrar em público afeição pelo parceiro, à dificuldade de se casar e ser visto com status de casado com pessoa do mesmo sexo, a adoção de criança para se constituir uma família, entre outros.
No contexto social existem aqueles que defendem a união homoafetiva, enquanto outros são contra. Estes geralmente são conservadores e defendem o direito e a constituição da família patriarcal, onde o homem é o provedor do lar e a mulher cuida da casa e dos filhos.  A união homoafetiva vai contra o princípio que defendem. 
Essas pessoas questionam ou desconhecem a história, e julgam ser anormal  o ser humano manter um relacionamento amoroso com uma pessoa do mesmo sexo. Se considerarmos anormal práticas pouco usuais, podemos resgatar vários exemplos na história antiga que demonstram que não é tão anormal assim. Na antiga civilização egípcia, mesopotâmia, existiam relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo e eram reconhecidas socialmente. No Egito antigo, por exemplo, na tumba do Faraó Iknnaton, havia representações dele em posições íntimas com seu companheiro.
Pode-se afirmar que havia grande prevalência de uniões homoafetivas na cultura greco-romana. E havia certa tolerância nestas relações.
 Já Idade Média começam a surgir os primeiros sinais de intolerância sobre a relação homoafetiva. O código de Justiniano de 533 proíbe a relação intima entre pessoas do mesmo sexo,pois violava o ideal do casamento cristão entre pessoas de sexos diferentes. Podemos observar uma mudança das representações sociais,  principalmente sob influência da igreja. A visão religiosa espalhava a ideia de que “casamento homoafetivo era pecado e quem aderisse não conseguiria a salvação”.  Para a igreja cristã, o casamento se baseia apenas na relação heterossexual, constituída por homem- mulher seria que devem ser monogâmicos e ter relações para procriação.


No contexto atual brasileiro, os indivíduos que defendem um reconhecimento das relações homoafetivas conquistaram espaço, porém ainda enfrentam desafios.
A luta pelos direitos dos casais homoafetivos no Brasil é antiga, envolvendo movimentos e processos para legalização das uniões estáveis.


Em 5 de maio 2011 o supremo tribunal federal (STF), reconhece e aprova direito do casamento homoafetivo. Sendo que, todo território brasileiro, deve-se realizar o casamento. Em 14 de maio de 2013 o Conselho nacional de justiça (CNJ), decretam que todos os cartórios de registro civil devem realizar o casamento homoafetivo.

 E assim poderemos construir e garantir o respeito a todos os cidadãos. Sendo cada um responsável pela própria felicidade. E que toda forma de amor seja justa e respeitada.


Referências

COSTA, Angelo Brandelli; NARDI, Henrique Caetano. O casamento "homoafetivo" e a política da sexualidade: implicações do afeto como justificativa das uniões de pessoas do mesmo sexo. Rev. Estudo. Feminista. vol. 23 nº.1 Florianópolis Jan/Apr. 2015.
FARO, Julio Pinheiro, FARO, Julio Pinheiro. O casamento civil homoafetivo e sua regulamentação no Brasil. Rev. Bioética y Derecho. nº 32. 2014.
COACC, Thiago. DO homossexualismo à homoafetividade: discursos judiciais brasileiros sobre homossexualidade. Sex. Salud. Soc. (Rio J.) nº 21. Rio de Janeiro, Sept./Dec. 2015.