terça-feira, 31 de maio de 2016

Uma abordagem do emocional de crianças diagnosticadas com câncer


Ana Caroline Volsi; Ana Paula Leonor; Larissa Oliveira Cunha

O câncer é uma doença que, considerada atualmente como um problema de saúde pública. Considerando o alto índice de sobrevivência de crianças acometidas por câncer, cerca de 70%, considera-se a necessidade de estudar os desafios que a doença e o tratamento acarretam no desenvolvimento infantil.
Ao chegarem ao hospital, as crianças geralmente não estão preparadas para enfrentar a doença. O medo, a angústia e a insegurança são fatores que dificultam o início do cuidado, nos centros clínicos para tratamento.  O psicólogo pode atuar já na entrada do paciente com câncer no hospital podendo acompanhar até o momento dos cuidados paliativos, quando ocorrer. Este profissional é a parte da assistência integral oferecida para pacientes e familiares na presença de uma doença grave que ameace a continuidade da vida.
Transformações na rotina, na alimentação e na realização de atividades cotidianas, decorrentes da necessidade de exames e internação mobilizam toda a vida da criança e de seus familiares. Além disso decisões sobre tratamentos longos e invasivos, com efeitos colaterais bastante desagradáveis, são algumas das consequências desta doença considerada crônica.
Com o passar do tempo esse processo pode levar a criança a constantes momentos de estresse e cansaço. Além disto pode-se citar a preocupação com a autoimagem como fator ansiogênicos para as crianças, pois o corpo também sofre alterações, o cabelo cai, a pele resseca, fica complicado se alimentar.
 É relevante considerar que durante a vivência da criança ou do adolescente com o câncer a maioria sente a necessidade de saber o que está acontecendo consigo. Isto reforça a necessidade de olhá-los de forma integrada, procurando ajudá-los a minimizar o estresse, não se esquecendo da sua capacidade inferior de compreender o que se passa a seu redor. Logo, para informar sobre sua condição de saúde é importante utilizar linguajar adequado para a idade do paciente, informando apenas o que eles demonstram querer saber. Detalhes desnecessários do processo podem ser evitados para não gerar.
Em alguns casos, os pacientes, bem como seus familiares, não questionam os médicos sobre a doença ou sobre o tratamento, por vergonha ou dificuldade de se expressar. O psicólogo pode atuar no esclarecimento de dúvidas dos pacientes ou servir de mediador na relação com os médicos. Oferecer atendimento no leito, acompanhar as angústias e tentar, de alguma forma, identificar demandas para atendimento psicológico são algumas atividades que o psicólogo pode realizar no acompanhamento de crianças com câncer.
Entende-se que a doença pode afetar pelo menos três aspectos da vida: o biológico, o social e o psicológico que influenciarão de alguma maneira a qualidade de vida da criança e de sua família. Uma ação terapêutica é importante para o enfrentamento desta situação adversa. Compreender e identificar a repercussão psicossocial do tratamento sobre os sobreviventes abordar questões relacionadas à autoimagem, ao ajustamento psicossocial pós-tratamento, à performance escolar, aos sentimentos de discriminação e às expectativas da família também é o papel do psicólogo.
               Em síntese, a vida dessas crianças se caracteriza pelo paradoxo de viver sem a doença, mas com risco de sequelas e vulnerabilidade. Para os pacientes sem perspectiva de cura, a morte se apresenta como inevitável e próxima (Camargo, 2000), portanto são necessárias novas formas de cuidado, e o foco deve-se manter na qualidade de vida nos últimos instantes. Não basta que os profissionais se preocupem apenas em aplicar recursos tecnológicos ou com o aprimoramento de técnicas. Torna-se de extrema importância o aprimoramento de habilidades, capacidades e competências para oferecer uma assistência mais compreensiva e voltada para a especificidade da criança. Incentivar a criança a brincar, correr, sentir-se livre. O brincar deve ser explorado porque é uma forma de expressão mais genuína, ao qual ela pode se expressar, se auto motivar e assim influenciar positivamente no tratamento.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

As emoções e o sistema imunológico: uma olhar sobre a psiconeuroimunologia


Laura Gomes; Maria Paula; Mickaella Campos; Vitor Raone

O termo "Psiconeuroimunologia" foi introduzido por Robert Ader, em 1981, para determinar o campo da ciência que estuda a influência mútua entre o sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico, bem como as implicações que estas influencias têm para a saúde física e doença psicossomáticas (Kemeny e Gruenewald, 1999).
 A abordagem Psiconeuroimunologica baseia-se na argumentação de que todos os sistemas orgânicos estão inter-relacionados em termos de funcionamento. Esta concepção defende que o sistema imunológico está integrado e é interdependente da ação de regulação do sistema nervoso e endócrino. Isso explica a importância dos fatores psicológicos no enfraquecimento do sistema imunológico, no aumento da sensibilidade do corpo à manifestação de sintomas físicos e ao risco de doenças.
Alguns estudos apoiam o efeito das características da personalidade do indivíduo em relação ao funcionamento do sistema imunológico. Quanto mais capaz a pessoa é a condição da regulação emocional e na aptidão de verbalizar emoções, menos frequentes e intensas são as suas respostas somáticas. As pessoas com tendência para o desânimo, pessimismo, humor triste, solidão e isolamento social, tendem a manifestar menor desempenho do sistema imunológico.
 Os indivíduos com personalidade repressiva (a repressão das emoções negativas tende a psicossomatizar-se e leva à diminuição das suas respostas imunitárias), revelam maior pré-disposição para a chegada de doenças como o cancro. Além de que, os indivíduos introvertidos são mais suscetíveis a contração de infeções respiratórias superiores.
            O estresse que muitas pessoas estão sujeitas, interfere da melhor ou da pior forma, dependendo da personalidade e da condição psicofísica que cada um apresenta. No entanto, quanto à intensidade, duração e frequência desse estimulo, o corpo pode atingir vários níveis elevados de exaustão, que põem em causa o seu equilíbrio e que poderão conduzir a manifestações mais graves; assim, a resposta de defesa do sistema imunológico também se verifica perante alterações desta natureza e não apenas como resposta à ação de vírus e bactérias, com o objetivo de defender e proteger o corpo. Até mesmo pessoas jovens, geralmente saudáveis, podem ficar doentes com mais frequência quando sujeitos a períodos de estresse intenso, longo e contínuo.
Se o estresse está conexo com problemas imunológicos, parece óbvio que as estratégias que procuram reduzir o estresse terão uma implicação positiva sobre o seu funcionamento. Estudos sobre o efeito do relaxamento, e grupos de suporte mostraram que estas atividades têm um efeito positivo sobre a saúde (cf. Cohen & Herbert, 1996); além de apontarem um impacto positivo direto sobre o sistema imunológico.
As redes de relações e o suporte social também interferem e estão associados ao grau de imunologia do sujeito. Os indivíduos com mais suporte são mais saudáveis, têm menos probabilidade de ficar emocionalmente perturbados e de ficar fisicamente doentes (Cohen & Willis, 1985). Portanto, o efeito do isolamento social em termos de saúde é comparável ao efeito de outros fatores de risco como fumar, pressão sanguínea, obesidade e atividade física.
O sistema imunológico também exerce um papel formidável no sistema nervoso central em relação à sobrevivência e morte neuronal. As citocinas podem atuar no SNC como fatores de desenvolvimento neuronal e como neurotoxinas, desempenhando, portanto, um papel em doenças como Demência de Alzheimer, neuroAIDS, e trauma cerebral.
Observa-se, portanto, que, o bem-estar psicológico, funciona como uma proteção diante da determinação genética, que predispunha os pacientes a uma doença imune, e que intervenções psicológicas podem melhorar a qualidade de vida. Nesse patamar fica evidente que, se a psicoterapia for entendida como suporte social e uma oportunidade para acelerar o processamento das experiências, ela terá, sem dúvidas, um efeito positivo sobre o funcionamento imunológico.

Referência:

MAIA, Ângela da Costa. Emoções e sistema imunológico: um olhar sobre a psiconeuroimunologia. Psicologia: Teoria, Investigação e Práctica, Minho, v.2, n. 7, p. 207-225, fev. 2002. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/5826>. Acesso em: 11 maio 2016.

domingo, 29 de maio de 2016

GÊNERO E SEXUALIDADE NAS ESCOLAS: UM DESAFIO PARA OS EDUCADORES.


Breno Pacheco, Lucas Costa, Veronica Melo e Viviane Gomes

           Todos nós sabemos que a escola é um ambiente de grande contribuição na formação das crianças e adolescentes, não só no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo desses indivíduos, mas também em aspectos pessoais como o caráter, a personalidade, as decisões profissionais e a identidade sexual. Este último tema gera grande repercussão e nos faz pensar sobre uma questão importante: a sexualidade infantil é trabalhadas nas escolas, pelos educadores e responsáveis? Se sim, é realizada de maneira eficaz, ou seja, auxilia as crianças na compreensão do desenvolvimento sexual?
          Outro grande questionamento, ainda existente é: a quem é atribuída a responsabilidade de educar, sexualmente, as crianças e os adolescentes? Ainda hoje, devido a diversos fatores (falta de liberdade, ausência/pouco contato familiar - visto que muitos pais trabalham fora de casa e não participam efetivamente da vida escolar dos filhos - falta de formação e informação dos pais a respeito do assunto), muitos pais optam por transmitir essa responsabilidade, integralmente, para a escola. Porém, nas escolas, muitos professores também não têm formação adequada para abordar o tema que é cheio de tabus, e acabam discutindo a educação sexual apenas sobre o aspecto biológico, ressaltando o caráter preventivo de doenças sexualmente transmissíveis. Isso leva muitas vezes a questionamentos e dúvidas que não são sanadas no contexto escolar. Além disso, as informações veiculadas pelos meios de comunicação podem acabar confundindo a cabeça da nova geração.
          Com o avanço dos tempos e maior liberdade de expressão, o assunto vem ganhando espaço e sendo bastante discutido. Essa discussão ocorre não apenas na manifestação da sexualidade dos alunos e seus questionamentos, mas também na formação e instrução de educadores para o auxílio sobre as questões relacionadas à formação da identidade sexual desses alunos. Mas, ainda hoje, a concepção binária de gênero - feminino e masculino - como organizadora do cotidiano escolar, ainda existe. Parte-se do entendimento de que as meninas são aquelas que possuem a vulva e a vagina e que naturalmente, a menos que um problema ocorra, terão interesse sexual por meninos; e assim como meninos são aqueles que possuem pênis e que naturalmente se interessam por meninas. Assim, meninos "percebidos" como afeminados e meninas entendidas como masculinizadas são, muitas vezes, significados como anormais. Portanto, quanto mais se rompe com o padrão binário, mas são vistos como "seres adjetos" e "marcados" como portadores de transtornos.
         Como exemplo da predominância do padrão binário de gênero, temos o caso de um menino de 10 anos de idade, ocorrido no ano de 2011 no Reino Unido. Este garoto foi expulso da sua escola após ter ido vestido com um vestido rosa e uma coroa de princesa. E esse não é um caso isolado, em 2013 uma criança no estado de New Jersey nos EUA, foi hostilizada pelos colegas e pela professora após chegar à escola com roupa de bailarina. Podemos citar ainda, fora do âmbito escolar, o filho da cantora Britânica Adelle, que relatou aos pais, durante um passeio pelo parque de diversões da Disney World que queria se vestir de "Elsa" (uma princesa do Filme Frozen, da Disney), e percorreu grande percurso do parque com a fantasia, chamando atenção dos demais presentes e da mídia do mundo inteiro.
          Estudos publicados nos últimos cinco anos vêm demonstrando e confirmando cada vez mais que a homo/lesbo/transfobia permeia a sociedade brasileira e está presente nas escolas. O estudo "Revelando Tramas, Descobrindo Segredos: Violência e Convivência nas Escolas", publicado em 2009 pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana, baseada em uma amostra de 10 mil estudantes e 1500 professores (as) do Distrito Federal, apontou que 63,1% dos entrevistados alegaram já ter visto pessoas que são (ou são tidas como) homossexuais sofrerem preconceito; mais da metade dos (as) professores (as) afirmam já ter presenciado cenas discriminatórias contra homossexuais nas escolas; e 44,4% dos garotos e 15% das garotas afirmaram que não gostariam de ter um colega homossexual na sala de aula.
          Marcos políticos como a Constituição Cidadã (BRASIL, 1988), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB9394/96 - (BRASIL, 1996), Estatuto da Criança e do adolescente (BRASIL,1990), dentre outros, afirmam que a educação é um direito de todos. Será que na prática as escolas estão preparadas para acolher todos, respeitando suas singularidades?
         Outra pesquisa, "Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar" realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, e também publicada em 2009, baseou-se em uma amostra nacional de 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, e revelou que 87,3% dos entrevistados têm preconceito em relação à orientação sexual.
         Embora a diversidade sexual esteja na escola como enunciada, as políticas públicas de formação de professores não dão conta de satisfazer a fragilidade do vivido pelos professores. Isso pode ser verificado com as narrativas das professoras Andressa e Fátima - participantes da pesquisa citada acima - que dizem (respectivamente): "Nós professores não temos acesso a esta informação. Não temos projetos de formação voltados para esse assunto. Na verdade eles (governo) tentam abafar um pouco esse assunto" e "há restrições para falar da educação sexual devido à resistência dos pais e da comunidade. Uma parte é por questões religiosas, a outra, é por questões familiares".
          Já que a situação está neste pé, considera-se de importância básica o papel da escola na educação sexual, isto desde a pré-escola. Acredita-se nisso, pois se a criança crescer aceitando e compreendendo sua sexualidade, provavelmente terá uma vida sexual e emocional mais saudável. Mas para que os benefícios sejam alcançados é necessário, antes de tudo, a preparação dos educadores. Todos os educadores, não somente os professores de ciências ou biologia, e de psicologia. Esta preparação envolve o repensar de conceitos sexuais e a consequente quebra de tabus existentes ainda hoje.
          O número de cursos de formação sobre sexualidade e identidade sexual disponibilizado para profissionais da educação, não se equivale ao grande número de diferentes casos de desconforto, questionamento e até preconceito sobre o assunto. Aliás, este é um dos problemas mais sérios que esse tema pode chegar: o preconceito.
         É certo de que precisamos de mudança, e quando é dito mudança, estamos nos referindo ao envolvimento de todos os segmentos da escola: os professores, a supervisão, a orientação educacional e a direção. É uma corrente que não falta apenas um elo.
          Como primeiro passo para colocarmos a escola como fator positivo no processo de formação e compreensão da identidade dos alunos, é necessário realizar uma avaliação dos conceitos e dos tabus que ainda existem entre os professores. É pura demagogia querer uma escola moderna com real interesse na formação de seus alunos, enquanto ainda existir colegas que se barbarizam e segregam adolescentes grávidas, alunos homossexuais ou estudantes que não se vestem da maneira como pede a sociedade. Ou ainda que não admita, por exemplo, que a masturbação é parte do processo de desenvolvimento sexual. Não é negando estes fatos que vamos resolver os problemas da sexualidade, principalmente na adolescência.
          Uma vez que se tenha vencido o primeiro obstáculo (quebra de tabus), que não é fácil, pode-se passar para a próxima etapa na abordagem do tema sexualidade. Esta fase também não é fácil, diríamos até que é muito mais complexa. Trata-se da formação destes profissionais a respeito de como transmitir estas informações aos alunos. O que informar e quando informar. São questões difíceis de serem definidas, pois inexistem regras absolutas.

Referências:
RAMOS, Hugo Souza; RODRIGUES, Alexsandro. Gênero e sexualidade nas escolas: O que dizem os educadores?, GEPSs, Espírito Santo, 2012. UFES, Curso de Pedagogia.

A AUTOMUTILAÇÃO SERIA UMA FORMA DE CANALIZAR A DOR?


Káren Dianne, Priscila Braz e Noeme Aparecida

Automutilação geralmente é definida como o ato de uma pessoa se cortar, como forma de autopunição ou uma forma de substituir a dor emocional pela dor. Esta prática pode envolver lesões leves, como arranhar a pele com as unhas, queimar-se com pontas de cigarros passando por lesões moderadas, como cortes superficiais em braços chegando a lesões graves como: dilaceração de membros e suicídio.
               Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas Relacionados à Saúde (CID-10), a autolesão insere-se na categoria de transtornos dos hábitos e dos impulsos. É uma síndrome psiquiátrica reconhecida, segundo a qual a pessoa repetidamente não consegue resistir a impulsos que a levam a adotar este comportamento.


A prática da automutilação acontece mais frequentemente em adolescentes do sexo feminino. Há uma relação dos hábitos de automutilação com as frustrações relativas ao universo das descobertas dos adolescentes, envolvendo uso de drogas, intrigas escolares, crises familiares e as primeiras decepções amorosas.
Essas lesões autoprovocadas representam uma forma de controlar as emoções, ansiedade, raiva, sensação de vazio, é uma expressão de interno mal estar. A partir da automutilação a pessoa sente uma espécie de alívio imediato, desta maneira pode se transformar em um vício.
Muitas são as possíveis causas para o surgimento ou manutenção desse comportamento autodestrutivo. Dentre elas estão os problemas emocionais, a depressão, a bipolaridade, transtornos de personalidade, disfunção ou transtorno alimentar, dificuldade no convívio familiar, abuso sexual, dificuldades de relacionamento e de expressão e isolamento social, tendo relação entre estes fatos, sendo eventos multifatoriais.
No entanto, a automutilação é diferente da tentativa de suicídio; a pessoa se corta,mas não possui o intuito ou desejo de morrer. A explicação referida pelos pacientes é que eles se cortam para aliviar sensações ruins como vazio interno, angústia, raiva de si mesmo, tristeza com ou sem motivo e até mesmo para relaxar. Uma boa parte da população não entende tal ação e julgam sem ao menos tentar entender o porquê da mesma, seja por falta de informação ou até mesmo o excesso de conteúdos errôneos disponibilizados.
              A automutilação seria uma forma de gritar, uma tentativa de se comunicar, de expressar a dor e o sofrimento, apesar da falta de palavras ou às vezes a falta de escuta. Se por um lado, faltam palavras para expressar, talvez por outro, existam excessos de críticas e julgamentos que precisam ser "cortados". O posicionamento social negativo em relação a quem violenta seu próprio corpo pode reforçar os sentimentos negativos e consequentemente o desejo de cometer o ato de se mutilar.
            As consequências da automutilação podem ser diversas para os que praticam tal ato; como evitar o convívio social, evitar situações que o corpo fique exposto em eventos esportivos e de lazer, além de se privarem de expressar seus sentimentos, podendo com isso estar mais predispostos ao desenvolvimento da depressão.
           O tratamento da pessoa que se automutila é composto de atendimento psiquiátrico e psicológico. Através da psicoterapia a pessoa tende a expressar suas dores emocionais e sua angústia. Assim, através das palavras do profissional a mesma poderá ter um alívio sem a necessidade de se automutilar. O acompanhamento por um profissional de saúde é essencial para ajudar estes jovens a dar nome às suas emoções, a identificarem formas saudáveis e adequadas de lidar com os seus problemas.

REFERÊNCIAS


ARCOVERDE, R. L. Autolesão e produção de identidades. Pró- reitoria de pesquisa e pós graduação, v.1, n.1, 2013.

BARROSO, V. L. Automutilação - sofrer para viver. Oficina de psicologia, v.1, n.1, 2014

CEDARO, J. J.; NASCIMENTO, J. P. G. Dor e gozo: relatos de mulheres jovens automutilações. Psicologia, USP, v.1, n.1, p.203-223, 2013.

DINIZ, B. S.; KRELLING, R. Automutilação de dedos e lábio em paciente esquizofrênico. Revista psiquiátrica clínica, v.33, n.5, 2006.

FELDMAN, M.C. - The challenge of self-mutilation: a review. Compr Psychiatry, p.252-269, 1988.

MILLER, J. A. Introdução à leitura do Seminário da angústia de Jacques Lacan. Opção Lacaniana, n. 43, p. 7-91, 2005.

SILVA, P. M. Automutilação na adolescência: O acesso a tratamento médico como direito fundamental. Algumas considerações sobre transtornos do controle de impulsos, v.1, n.1, 2009.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

SUICÍDIO DE IDOSOS: É POSSÍVEL PREVENIR A ANTECIPAÇÃO DO FIM?



Geraldo Júnior Silva; Gustavo Pedro Alves; Maria Clara Cordeiro Cruvinel; Mariana Gonçalves Brandão.


             Cada vez mais, ouvimos falar sobre suicídio, conhecemos algum colega que já tentou ou até mesmo pai de algum amigo, mas não damos tanta importância a isso até ocorrer com alguém muito próximo de nós.
            Talvez tenhamos o pensamento de que suicídio ocorra somente com jovens, pela dificuldade em passar pelo período da adolescência ou com adultos, que tenham tido algum acontecimento trágico em suas vidas como falência financeira ou morte de um filho. Não esperamos que um idoso tenha pensamentos suicidas visto que é alguém maduro, com muita experiência e que para alguns, vivencia a tão sonhada oportunidade de ganhar sem trabalhar, conhecida como aposentadoria.
            Entretanto, notamos na população idosa um marcante número de suicídios.  Os motivos que levam a esta prática, em geral, envolvem a tristeza decorrente do falecimento do cônjuge, da perda do papel e do lugar social, da insuportabilidade do sofrimento, do isolamento, do surgimento de doenças crônicas, da falta de dialogo e da enunciação da depressão, dessa forma há uma perda de identidade e de sentido da vida.
Dentre os transtornos mentais a depressão é o que está mais relacionado ao suicídio segundo Sousa (2014), sendo que as principais expressões da depressão são a falta de interesse e da alegria de viver, atitudes negativas, tristeza e distúrbio do sono, desse modo deve se atentar ao idoso que apresentar esses sintomas para lhe oferecer apoio o quanto antes.
Então, são necessárias algumas medidas para prevenir um possível desejo suicida e auxiliar o idoso a passar de forma satisfatória esse último período da vida. Existem diversas atitudes que devem ser tomadas, como a atenção direcionada ao idoso e as suas vontades, a confirmação ou até inclusão de seu lugar em sociedade, o apoio ao demonstrar comportamentos depressivos, a autonomia de fazer e expressar aquilo que deseja, fazendo com que ele se sinta integrante do espaço em que está inserido.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Adoção homoparental: não há porque ser contra

Gabriela, Lorrane, Natália




          O  desejo de se ter um filho é essencial para a maioria dos seres humanos. O fato de o indivíduo, homem ou mulher, apresentar uma orientação homossexual não limita ou impede seu desejo de ser pai e mãe. A sociedade passou a se preocupar sobre as alternativas de acesso à parentalidade pelos homossexuais, como as tecnologias reprodutivas e a adoção.
          O processo de adoção no país é bastante burocrático, o que acaba afastando candidatos à adoção. No caso dos casais homoafetivos as dificuldades só aumentam. Desde o início há impedimentos de ordem moral que tornam mais complexa a tarefa de ter uma criança ou adolescente em um lar constituído por este casal do mesmo sexo.
No Brasil, como a adoção por casais homoafetivos não é regulamentada por lei, muitos homossexuais optam por formalizar o termo de “guarda única” da criança, configurando-se como um caso de monoparentalidade. Em alguns casos, depois do processo adotivo, a criança passa a ser criada pelo casal homoafetivo. Para que seja aceita a adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados legalmente ou que mantenham união estável, sendo comprovada a estabilidade da família.
Uma preocupação que surge constantemente na adoção por casais homoafetivos, é de que a criança acabe sofrendo prejuízos na construção da sua identidade e em seu desenvolvimento, devido à ausência de referências paterna e materna.  Contudo é possível perceber através de estudos científicos, que não há confirmação de que o convívio com um casam homoafetivo resulte em distúrbios psicossociais, afetivos e/ou cognitivos nas crianças adotadas, em comparação com as crianças que são criadas por pais de orientação heterossexual. Parece que a orientação sexual dos pais não afeta o desenvolvimento psíquico da criança, a qualidade deste vínculo estabelecido com seus cuidadores, sendo eles consanguíneos ou não, parece ter influência maior. Desde que haja amor e afeto entre pais e filhos, a relação merece ser considerada como entidade familiar, um processo que envolve a superação progressiva do preconceito.
Quando se proíbe uma adoção por um casal homoafetivo, estão tirando a oportunidade de fazer uma criança ou adolescente feliz este preconceito que está longe de promover um ambiente seguro emocionalmente para os envolvidos e acaba por reforçar a exclusão de uma sociedade na qual circulam concepções. A Psicologia pode auxiliar as famílias homoparentais tanto com o olhar reflexivo como com posturas clínicas mais flexíveis e livres de pré-conceitos acerca das diferentes manifestações da instituição família, contribuindo ainda para o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento em situações aversivas de preconceito e discriminação.

Referências
CECILIO, Mariana Silva; SCORSOLINI-COMIN, Fabio; SANTOS, Manoel Antônio dos. Produção científica sobre adoção por casais homossexuais no contexto brasileiro.Estud. psicol. (Natal),  Natal ,  v. 18, n. 3, p. 507-516, Sept.  2013 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2013000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em  15  Mar.  2016.
PASSOS, Maria Consuêlo. Homoparentalidade: uma entre outras formas de ser família. Psicol. clin.,  Rio de Janeiro ,  v. 17, n. 2, p. 31-40,   2005 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652005000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  15  mar.  2016.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE SUICÍDIO EM IDOSOS?


Ana Luísa, Eduarda Cristina, Júlia Camargos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o suicídio mata cerca de um milhão de pessoas no mundo por ano, matando mais que os homicídios e as guerras juntos. Estudos mostram que as estatísticas de suicídio se distribuem desigualmente pelo mundo. No Japão se tem uma das maiores taxas de suicídio, já no Brasil as taxas são baixas se comparadas com os demais países.
Os dados da OMS indicam que o maior índice de suicídios ocorre entre pessoas com mais de 70 anos de idade. Devido a isso, ela considera que o suicídio é “um grande problema de saúde pública”, apesar de não ser tratado como tal.
O suicídio em idosos pode ser causado por diversos fatores, nos quais os mais importantes são os que influenciam no estilo de vida, como por exemplo, o cansaço excessivo, não conseguir mais emprego ou não conseguir mais trabalhar, gerando estresse e pressão por problemas socioeconômicos. Por ser polêmico e ainda considerado um tabu na sociedade, o suicídio é um assunto pouco discutido e dificilmente abordado em programas de saúde pública. 
Muitas pesquisas investigam a percepção e motivação do idoso que tenta ou efetiva o suicídio, mas poucos buscam compreender a representação social deste fenômeno. Representação social é a maneira que cada indivíduo tem de pensar e interpretar a realidade cotidiana, porém mesmo sendo algo pessoal ela se constrói socialmente, através da cultura e de padrões estabelecidos no meio em que se vive. A representação social sobre suicídio entre os idosos é pouco comentada, porém o conceito básico que se tem é que é algo causado pelas consequências trazidas pela idade que faz com que o idoso se sinta incapaz. A dificuldade de falar sobre o assunto pode estar relacionada à grande culpa que os familiares e a sociedade sentem pelo fato ocorrido.
Por fim, é importante conhecer as representações sociais do suicídio praticado por idosos para que ocorra a melhoria das políticas públicas voltadas para à promoção da saúde na velhice, de forma a criar programas que insiram os idosos na sociedade. Também é preciso alertar os amigos e familiares para que deem mais atenção aos mesmos, acolhendo sentimentos e buscando ajuda profissional quando necessário, diminuindo assim o índice de suicídio em idosos.
                                                                      
REFERÊNCIAS
GELBERT, Laura. OMS: suicídio causa uma morte a cada 40 segundos no mundo. 2015. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2015/09/oms-suicidio-causa-uma-morte-cada-40-segundos-no-mundo>. Acesso em: 02 de maio de 2016.
MINAYO, Maria Cecília de Souza; CAVALCANTE, Fátima Gonçalves. Suicídio entre pessoas idosas: revisão da literatura. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 4, n. 44, p.750-757, fev. 2010.
SILVA, Rosenilda Freitas da; GUTIERREZ, Denise Machado Duran. Representações sociais do suicídio entre grupos de idosos. Educamazônia, Humaitá, v. 9, n. 5, p.241-252, dez. 2012.

terça-feira, 17 de maio de 2016

TENHA UM RELACIONAMENTO MAIS FELIZ


Hellen Keller, Laura Witoria e Ludmila Fonseca


Quantas vezes desejamos uma fórmula mágica para acabar com as discussões do relacionamento?
Infelizmente essa fórmula não existe, mas existem atitudes que podem fazer com que seu relacionamento seja melhor, e este texto vai lhes mostrar uma delas.
Sabe aquela sensação que o outro não te entende?  Que ele sequer te escuta?
Muitas vezes as discussões e essa sensação não são causadas por problemas auditivos ou cognitivos e sim por falta de empatia.
A empatia é a capacidade de compreender, compartilhar e considerar os sentimentos dos outros. Basicamente, se colocar no lugar do outro, mas não basta somente sentir, é preciso deixar que o outro se sinta compreendido e validado.
Parece algo simples, mas é relativamente mais complexo, uma vez que essa habilidade é exigida de em momentos difíceis, como nas brigas. Quando estamos em uma situação conflituosa tendemos a agir de maneira a nos proteger. Escutamos o que queremos apenas pra responder, buscamos justificativas para nossas palavras e atitudes não importando as justificativas dos outros. Avaliamos nossas condutas pela nossa intenção (geralmente positiva) e julgamos o outro pelo comportamento em si.
É algo relativamente natural na nossa forma de agir, mas que pode ser pensado e melhorado. Uma pessoa que é empática no relacionamento, provavelmente estará mais disposta a tentar compreender as razões de seu companheiro (a), ouvindo com sensibilidade e respeito, o que terá efeitos positivos sobre a forma como o cônjuge responde a essa interação. Todo este processo diminui conflitos e favorece a resolução de problemas.
Em um estudo realizado em 2009 por Oliveira e colaboradores, que visava avaliar especificamente a empatia conjugal, os autores encontraram que as pessoas cujos parceiros são empáticos tendem a ser mais satisfeitas com o casamento. E revelou que a empatia se relaciona significativamente com a satisfação conjugal, de forma que, quanto maior o nível de empatia conjugal percebida no cônjuge, maior a satisfação com o casamento.
Mas a empatia não auxilia somente no relacionamento, ela trás benefícios pessoais para aqueles que a desenvolvem. A experiência da empatia promove a satisfação pessoal, uma vez que componentes da mesma, tais como o altruísmo, sentimento de generosidade e solidariedade pelo outro, favorece um senso de autoconfiança e promove sentimentos gratificantes para o próprio indivíduo. Entender o outro trás benefícios pessoais também.
Vendo os benefícios disso, você se considera uma pessoa empática?
Muitas vezes temos uma visão muito positiva do nosso comportamento, acreditamos ser donos de verdades absolutas e afirmamos ter atitudes que na prática não aplicamos. Ao se tratar da empatia é preciso ter extremo cuidado com frases como: “Se eu fosse ele, faria isso.” Isso não representa plenamente a ideia de empatia, uma vez que acabamos julgando a atitude da pessoa baseada em nossa história, nossa personalidade e nossos desejos e não na do outro.
Para desenvolver uma verdadeira empatia é necessário o interesse em conhecer o outro. Entender que as pessoas têm percepções diferentes a cerca das coisas, o que pode ser normal ou certo pra você pode ser complicado para outra pessoa. E mesmo assim ninguém está errado. Só estão vendo a situação por pontos de vista distintos.
            Por exemplo sair de casa para morar junto com outra pessoa sem um casamento oficial pode ser relativamente simples para algumas pessoas, enquanto para outras, criadas em um ambiente mais conservador, pode representar um grande conflito. Outro exemplo é percebido na demonstração de carinho. Uma pessoa que foi criada em um ambiente familiar tranqüilo e afetivo pode ter bem mais facilidade de demonstrar carinho que outra criada em um ambiente conturbado.
Portanto, conhecer o outro permite que abramos mão das nossas expectativas acerca do comportamento alheio e possamos entender e respeitar as opiniões das pessoas. Porém, conhecer o outro demanda paciência e diálogo.
O fato de a pessoa ser empática nos relacionamentos repercute no modo como ela percebe as situações do contexto conjugal, tendo relação com os modos pelos quais ela experimenta certos sentimentos, e, portanto com a forma como avalia o casamento. Desta forma, torna-se mais disposta a conversar e entender, diminuindo as discussões e melhorando a relação conjugal.
Assim, não existe formula mágica para acabar com as discussões, mas, fazer uso da empatia com certeza fará do seu relacionamento algo mais tranqüilo e agradável.

domingo, 15 de maio de 2016

O USO DE RITALINA NO TRATAMENTO DE TDAH, TRATAMENTO OU PREJUÍZOS PARA A SAÚDE?


Flávia Aparecida; Maria Luiza; Michele Rosa

É comum, encontrar mães reclamando da aprendizagem do seu filho na escola, ou algum professor questionando porque algum aluno não consegue acompanhar o desenvolvimento da sala. E para esses dois questionamentos, a solução tem sido a mesma, medicação.
 Quando uma criança é diagnosticada com TDAH (déficit de atenção e hiperatividade), a primeira estratégia encontrada pelas famílias e professores, mesmo sem muita compreensão do assunto, é a medicação. O remédio mais receitado para crianças com TDAH é a ritalina, uma realidade que vem causando sérios danos.
Atualmente a ritalina vem sendo utilizada de maneira indiscriminada. O Brasil já é o segundo país que mais consome Ritalina no mundo, sendo vendidas 2,6 milhões de caixas do medicamento a cada ano. Além de ser receitada por médicos como “solução imediata” para a queixa das mães e professores, trata-se de uma medicação que pode apresentar efeitos colaterais.
O metilfenidato (ritalina) é vendido pela internet em vários sites sem a exigência de receita médica, o que facilita cada vez mais a automedicação. Mães angustiadas diante as dificuldades, e pela falta de informação e facilidade de adquirir o medicamento, acabam automedicando seus próprios filhos com metilfenidato.
A medicação atua diretamente sobre o funcionamento cerebral reduzindo a agitação, o que de imediato parece estar funcionando para criança, pois o período de tempo que a criança permanece na escola se torna mais fácil reduzindo as reclamações escolares e fazendo com que pais e professores tenham a certeza de que a medicação é a melhor alternativa.
O que a maioria das pessoas não se sabe é que o TDAH não é apenas uma doença orgânica. É uma doença que tem origem multifatorial, podendo estar relacionada a problemas familiares, preconceitos sofridos na escola, dificuldades de relacionamento e de adaptação ao método psicopedagógico utilizado dentre várias outras questões de cunho psicológico. Os efeitos uso de ritalina apesar de ser aparentemente rápido, irá resolver o problema apenas temporariamente.  Os efeitos colaterais da ritalina envolvem, insônia falta de apetite, dor de cabeça e enurese. A longo prazo podem gerar dependência e retardar o crescimento.
Não estamos falando de um remédio comum, é um tema sério e pouco discutido. A busca por soluções fáceis e rápidas, associada à incompreensão dos pais quanto a agitação natural da criança podem resultar em condutas inadequadas. É importante ressaltar que a maiorira dessas crianças diagnosticada com TDAH , são apenas crianças espertas, ativas, normais devido a idade e a fase escolar. Mesmo nos casos em que o diagnostico é feito corretamente, sabemos que hoje existem tratamentos alternativo à ritalina, como a psicoterapia, estimulação cerebral e ginástica cerebral. Um dos tratamentos alternativos ao TDAH é denominado como neurofeedback . Apesar do nome complicado o tratamento é direcionado para alterar padrões de funcionamentos cerebrais, de forma natural. O tratamento por neurofeedback é mais demorado, porém seus resultados costumam ser permanentes e sem danos para o funcionamento cognitivo da criança. Ao contrário da ritalina em que os resultados se mantêm apenas enquanto se toma o remédio, de modo que as complicações geralmente voltam após o término do tratamento com o medicamento.


REFERÊNCIAS
CHRISTOFARI, A.C; et al. Medicalização dos modos de ser e de aprender. Educação & Realidade, v. 40, n. 4, p. 1079-1102, out./dez. 2015.
DECOTELLI, K. M.; et al. A droga da obediência: Medicalização, Infância e Biopoder – Notas sobre a Clínica e Política. Psicologia: Ciência e profissão, v. 33, n. 2, p. 446-459, 2013.
KAUARK, F.; SILVIA, V. Dificuldades de aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental e ações psico e pedagógicas. Psicopedagogia, 2008

sábado, 14 de maio de 2016

Família, o berço do amor que acolhe no momento da dor.


Amanda Ferreira, Cídia Soares, Éder Luciano Bittencourt

É no contexto familiar que vivemos nossas maiores alegrias e desilusões, e sabemos que quando algum membro adoece, devemos buscar o tratamento médico adequado, mas não aprendemos como lidar com as emoções envolvidas. É da família que parte os primeiros cuidados, principalmente quando o adoecido se trata de uma criança ou adolescente. O tempo e dedicação são totalmente direcionados ao novo problema instalado no âmbito familiar.

Segundo Valle (1997), é de grande importância que tanto a criança/adolescente; quanto a família, receba acompanhamento psicológico, para que, possam ser ouvidas, compreendidas, e orientadas. Este acompanhamento pode ser direcionado de forma individual ou em grupo. No cuidado grupal, os pais podem ouvir experiências de outras famílias, esclarecer dúvidas e apreensões, que poderão ser compartilhadas por pessoas que vivenciam ou vivenciaram o mesmo problema.

Quando uma criança adoece e é diagnosticada com câncer, sua vida passa por uma grande transformação, e seu cotidiano familiar é modificado. A família acompanha a criança nesse momento de angústia, medo e dor.  É certo que “adoecer é uma possibilidade, e sendo um fato real que pode surgir em qualquer momento da vida do ser humano, podemos concebê-lo como algo que faz parte da natureza humana” (VALLE, 1997, p.66).

Geralmente os familiares se sentem sós e sem aparo algum, algo que afeta muito seu estado emocional gerando indisposição, ciúmes e mal estar. A família passa por momentos de dor, incerteza e culpa causado pela grande frustação da doença. Tendo assim suas vidas transformadas tanto na rotina doméstica quanto nos aspectos financeiro, profissional e conjugal. (FRANCO, 2002)

São dolorosas as situações, fases de exames, permanência no ambiente hospitalar, diálogos com a equipe de saúde, normas e condutas próprias do contexto hospitalar, com os quais os cuidadores não estão familiarizados. A inclusão dos pais no tratamento do câncer infantil é de extrema importância, para que assim possam exercer suas funções auxiliando no processo de tratamento. Para isso, eles devem estar em plena condição, para dar todo suporte a criança que vai passar por sessões de quimioterapia, cirurgias, que podem deixá-las mais sensíveis e fragilizadas. Por mais que os pais tentem não transparecer quão grave é a situação, a literatura revela que as crianças sentem o perigo e percebem, ao menos parcialmente, o que esta acontecendo. A literatura destaca também que, os acompanhantes sofrem angústias semelhantes às dos pacientes. (FRANCO, 2002)

Depois de diagnosticada com câncer, tanto a família quanto a criança ou adolescente podem passar por cinco fases, como destaca Parkes (1998):

(1) por ocasião do diagnóstico; (2) período de remissão ou controle da doença; (3) período de recaída; (4) período quando o óbito de torna iminente; (5) apoio a família após o óbito. O diagnóstico gera um estado de choque em toda a família, os estudos mostram que desde o momento do diagnóstico a família sofre com o medo da perda, desencadeando assim um processo de “luto antecipado” (PARKES, 1998, p. 69).  

Parkes (1998) afirma que, depois do tratamento, tanto a criança quanto a família enfrentam dificuldades para voltar a vida cotidiana de antes e convivem com o medo da doença voltar. A vida aos poucos vai retomando seu lugar, recuperando aos poucos os hábitos anteriores. A família precisa se reorganizar internamente, pois agora existe uma percepção do antes e depois da doença. A criança passa a ser vista e recebida como alguém que “renasceu”, tanto física como psicologicamente.

Por fim é necessário que se criem estratégias e programas que levem em consideração as percepções a respeito da doença e das vivencias durante o tratamento. O fato do adoecimento do filho gera um grande impacto no contexto familiar, porem é da família que a criança vai receber o amor, afeto, e carinho para enfrentar e superar todas as situações que forem a ela impostas.  Com a recuperação facilitada pelo meio social, esta criança poderá dar continuidade a sua vida, projetos e sonhos, em busca de um futuro melhor e mais prazeroso, com a esperança de dias melhores ao lado daqueles que mais os amam, seus familiares. (PARKES, 1998)

Referências

FRANCO, M. H, P. Estudos Avançados sobre o Luto. São Paulo: Editora Livro  Pleno, 2002.
PARKES, C. M. Luto - Estudos sobre a Perda na Vida Adulta. São Paulo: Summus Editorial, 1998.
VALLE, E. R. M. Câncer Infantil: compreender e agir. Campinas: Editorial Psy, 1997.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Renascendo das cinzas, rs!



Logo, logo vocês poderão ver o que nossos calouros estão produzindo aqui no blog. Super orientação de Mara (nobre, fina, popular, amada) Livia.