DANIÉLLY
STIVAL QUIRINO
O transtorno do déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) está na ponta da língua das famílias que possuem filhos muito “ativos”, mas será que realmente todos sofrem com este transtorno? Será que conhecemos ao certo e sabemos se não são apenas crianças levadas (como se diria nossos avós)?
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção a ocorrência do TDAH gira em torno de 3 a 5% da população infantil do Brasil e de vários outros países onde o transtorno já foi pesquisado, porém ela não é exclusiva da infância, nos adultos estima-se que a prevalência seja de aproximadamente 4% da população.
Vamos entender um pouco mais sobre o TDAH.
TDAH tem uma origem multifatorial.
Com componentes genéticos:
• Disfunção no córtex pré-frontal, núcleos da base, cerebelo e outras.
E ambientais:
• Decorrências relacionadas à gestação como uso de álcool, tabagismo e drogas, história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxinas, infecções dentre outros.
As associações dos fatores genéticos e ambientais formatariam um cérebro alterado em sua estrutura química e anatômica, podendo levar a ocorrência de um conjunto de sintomas, como: impulsividade, esquecimento, e desorganização. O indivíduo possui também dificuldade em manter a concentração, costuma ser agitado e tem problemas para terminar as tarefas que inicia. Se observarmos bem, encontrar estes sintomas em crianças e até mesmo em adultos é comum hoje em dia, porém para diagnosticar o TDAH é necessário uma análise/anamnese feita por profissionais especializados. Profissionais estes como neuropsiquiatras, neuropediatras, neurologistas e psicólogos. No caso de crianças e adolescente, recomenda-se que os profissionais sejam da área da infância e adolescência.
Diagnosticando o TDAH
Análise preliminar – Análise clínica feita por especialista, através de uma anamnese, constituída por perguntas e observações, quando serão avaliadas as características cognitivas, comportamentais e emocionais. Considera-se o histórico familiar, o desenvolvimento infantil, a vida escolar e profissional, os relacionamentos, as dificuldades e expectativas relacionadas às queixas.
Nesta primeira etapa será feito o levantamento de hipóteses sobre as possíveis origens das queixas apresentadas, levando em conta que um mesmo sintoma (como distração, esquecimento ou agitação) pode ser causado por múltiplos fatores, já que existem outros transtornos que podem possuir estes mesmos sintomas. Além disso, os sintomas podem não caracterizar um transtorno, caso não cause prejuízos e sofrimento na vida do paciente.
Solicitação de Exames complementares – Com base no diagnóstico da análise preliminar, o especialista solicitará testes e outros exames, como exames médicos clínicos e ou neurológicos bem como psicodiagnósticos.
O indivíduo pode ter diferentes graus de TDAH, sendo eles:
• Leve: Poucos sintomas presentes, ou seja, apenas os necessários para fazer o diagnóstico - Estes sintomas resultam em pequenos prejuízos no funcionamento social, acadêmico ou profissional.
• Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes.
• Grave: Muitos sintomas presentes, particularmente graves que podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional.
Tratamento do TDAH.
Depois de feitos o diagnostico com base nas avaliações anteriores, o indivíduo precisa iniciar o tratamento, quanto antes diagnosticado melhor e mais rápido serão os resultados. Lembrando que o tratamento poderá trazer alívio aos sintomas e dar melhor qualidade de vida ao indivíduo possuidor de TDAH.
Segue abaixo fases do tratamento:
- Acompanhamento médico e psicológico. Estes adequaram as atividades com incursão de terapia comportamental-cognitiva, treinamentos comportamentais, atividades psicopedagógicas relacionadas ao desempenho escolar, bem como orientação aos pais e ou cônjuges.
- Plano de ação com prioridades de curto e longo prazo.
- Em alguns casos intervenções medicamentosas, através de psicoestimulantes (lembrando que estes somente podem ser indicados por médicos especialistas).
Experimentando
O questionário abaixo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria. Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS, o mesmo não servirá para diagnosticar, porém poderá auxiliar no levantamento de alguns sintomas de caracterização do indivíduo portador de TDAH.
Lembre-se o diagnóstico do TDAH não deve ser baseado exclusivamente em listas de critérios. Ter estes sintomas não significa necessariamente que você é portador de TDAH, sempre busque um especialista, afinal ele poderá avaliar e realizar o diagnóstico de maneira adequada, além de estar capacitado para oferecer o melhor tratamento.
Como avaliar:
1) Se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.
2) Se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.
O questionário SNAP-IV é útil para auxiliar na avaliação de sintomas do TDAH. Sendo que o diagnóstico somente será feito por especialista através de uma anamnese bem elaborada bem como observação do contexto biopsicossocial.
O mais importante é que, buscando ajuda, o primeiro passo para a melhora já foi dado. Manter se informado e a principal arma para quem quer qualidade de vida!
REFERÊNCIAS
1. Questionário SNAP-IV. Disponível em:< http://www.tdah.org.br/sobre-tdah/diagnostico-criancas.html >Acesso em 21 de março de 2015 as 15:59hs.
2. Déficit de Atenção - TDAH: Diagnóstico e tratamento especializados. Disponível em:< http://www.dda-deficitdeatencao.com.br/index.html >. Acesso em 21 de março de 2015 as 16:39hs.
3. PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000. 684p.
4. O que é TDAH? Disponível em: < http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tdah>. Acesso em 22 de março de 2015 as 18:00hs.
5. GRIFFA, Maria Cristina; MORENO, José Eduardo. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento adolescência – Vida Adulta – Velhice. 6ª ed. São Paulo: Editora Paulinas, 210. 230p.