terça-feira, 12 de maio de 2015

Podemos controlar as pessoas?


Gabriel Reche


       Muitas pessoas acreditam nessa possibilidade e até mesmo se frustram quando não conseguem ter controle sobre o outro. Isso não passa de equívoco. Dizer que podemos controlar as pessoas é quase o mesmo que dizer que somos robôs e que seria fácil encontrar um padrão previsível e identificável. O que não parece verdade. Mesmo porque, cada um de nós tem sua própria personalidade e subjetividade. Porém, B. F. Skinner, um importante autor da psicologia, disse que é possível prever e até controlar o comportamento das pessoas, a partir de certos conceitos.

Verdade ou consequência?




       Os dois. É cientificamente comprovado que os nossos comportamentos produzem modificações no ambiente (consequências) e são afetados por elas. Podemos dizer também que essas consequências é que nos faz manter o mesmo caminho, ou nos afastar dele. 
     Como assim? Os comportamentos produzem modificações no ambiente? Alguns exemplos de comportamentos simples e a consequência que eles produzem:




Influenciando comportamentos





       As consequências de nossos comportamentos influenciam os acontecimentos futuros. 
   Imagine que você peça dinheiro para alguém. Se esta pessoa lhe der o dinheiro, muito provavelmente você pediria mais vezes. Agora imagine que esta pessoa não te dê o dinheiro. E essa situação se repete algumas vezes. O que você acha que acontece? É provável que em situações que você precise de dinheiro e esta pessoa esteja presente, você não peça mais a ela.
    Se refletirmos sobre isso perceberemos que as consequências diárias determinam se teremos afinidades ou abandonaremos certos comportamentos, seja o comportamento de pedir uma jaqueta emprestada (afinidade) ou o comportamento de não pedir mais dinheiro para alguém (abandono). 
      Alguns exemplos de como podemos ser afetados pelas consequências de nossos comportamentos:


Disso o seu filho já sabia







       Algumas crianças são extremamente hábeis em controlar o comportamento dos pais. Quando elas querem alguma coisa e os pais não cedem, elas simplesmente dão birra. O que acontece então? Muitos pais atendem à vontade por dó, por falta de paciência, ou por qualquer outro motivo pessoal, dando para a criança o que ela quer enquanto faz a birra. Infelizmente cada vez que isso acontece, os pais ensinam seus filhos a serem “birrentos”. 

Então o que eu faço?

     Duas outras atitudes dos pais, que envolvem mudanças das consequências para os comportamentos do filho, seriam muito mais eficazes: 
a. Não atender o filho quando ele pedir algo de forma inadequada (birra); 
b. Na medida do possível, atendê-lo quando ele pedir educadamente. 

      Observação importante: Bater em seu filho como punição por ter feito birra, não é o caminho mais eficaz. Pode “adiantar” naquele momento, mas não resolverá o problema. É assim também para outras situações em que uma pessoa é punida.


Reforçando com o reforço





         O reforço é um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer. 
       Voltando ao exemplo da criança “birrenta”: Os pais que dão atenção para o filho que esta fazendo birra é o mesmo que dizer que eles estão reforçando o comportamento de birra do filho com a atenção. Isso quer dizer que a probabilidade do filho voltar a dar birra é aumentada, pois ele gosta de atenção e dando birra ele está conseguindo ganhar o que quer. Outro exemplo de reforço bem simples, seria a comida para uma pessoa que está sem comer a dois dias. 

Conseguiu imaginar o quanto o reforço pode te ajudar?





       Vamos imaginar que o seu namorado lhe deu flores, você gostou muito e gostaria que isso se repetisse. 
        Podemos usar o reforço positivo para isto. Ele compreende em aumentar a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer, adicionando algo de bom (positivo) para a pessoa que será reforçada. 
        Podem existir inúmeras maneiras de você reforçar o seu namorado, mas cabe a você descobrir do que ele gosta e proporcionar isso a ele assim que receber as flores, como por exemplo, o abraço na figura, que é considerado um reforço positivo. Quanto mais rápido proporcionar o reforço mais forte pode ser o seu efeito.
       Supondo que ele gosta de sair para jantar com você. Depois de agradecê-lo pelo presente, você deve dizer que quer sair para jantar com ele, porque ficou muito feliz de ter ganhado flores. É bem provável que ele fique satisfeito e planeje lhe dar flores mais vezes.
      É essencial que explique que decidiu ir jantar por ter ganhado as flores, afinal nenhum ser humano é capaz de adivinhar o que se passa em sua cabeça. Partindo do pressuposto que as intenções devem ser bem claras, podemos dizer que os diálogos em um relacionamento podem ser fontes de prosperidade para o casal.
        Essa tirinha do Snoop representa um reforço positivo relativamente simples:



      Tente imaginar e desenvolver mais situações que envolvam esse conceito. Assim, você pode promover bons sentimentos em você e também nas pessoas que o cercam.

E se não quiser algum comportamento?




          A psicologia também pode nos ajudar com isso e é bem simples. Para que possamos extinguir um comportamento devemos deixar o indivíduo sem reforço (tiramos o reforço) e em certo período de tempo, que pode variar, o comportamento diminuirá sua frequência até que volte ao nível padrão.

Um exemplo:
       Você tem um ex-namorado que continua a te mandar mensagens sobre o quanto ele ainda gosta de você, mas você não quer que ele te perturbe mais.
      O que você acha que devia fazer para ele parar? Se você responder as mensagens dele com xingamentos e pedir para que ele “saia do seu pé”, vai contribuir para que ele volte a te perturbar, pois você está dando atenção a ele.
      Neste caso, você deve tirar o reforço (atenção) que ele tinha de você quando eram namorados.             Para isso primeiramente você deve explicar para ele que você não quer mais se envolver com ele e por isso não vai mais responder a nenhuma de suas mensagens.
      Nossa mais era só isso? Sim, só isso, depois de um tempo indeterminado ele vai parar de te enviar mensagens. Devo dizer que não é fácil manter essa postura, mas vale a pena.





“Não critique o errado, elogie o certo.”


         Eis aqui uma frase para expressar a ideia do texto e corroborar com as áreas da Psicologia Positiva e a vertente de Análise Experimental do comportamento.

Referências

Moreira, Márcio B.; Medeiros, Carlos A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Editora Artmed. 2007; 47p. – 56p.

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