Mostre para sua mãe, é o momento para que ela leia o que você nunca conseguiu dizer por amá-la tanto e por ter medo de machucá-la! Ela precisa saber como você se sente.
Weder Ferreira
Por
que a liberdade de se assumir e principalmente de se aceitar se tornam tão
difíceis para os adolescentes? Você já parou para se perguntar como eles se
sentem?
Poderia
recorrer à história da humanidade e citar a Grécia antiga, onde o culto ao
corpo era comum, mas na verdade estamos falando de uma identidade sexual. Esse momento de descoberta é algo doloroso,
não é fácil você se descobrir tão diferente do convencional. Tudo o que esses
adolescentes precisam é de alguém para simplesmente ouvi-los, do carinho dessa
mãe que foi a pessoa mais importante para eles desde os primeiros minutos de
vida, do entendimento da família e do respeito.
Ouvir
seu filho lhe contar que é gay não é fácil, você que sempre o amou e quis o
melhor para ele. Neste momento, pode se sentir receosa do que o mundo, com
tantas pessoas preconceituosas podem lhe reservar; mas, se não foi fácil para
você ouvir tal coisa, para ele também não foi em lhe contar algo tão íntimo.
Então o que muda com tal revelação?
NADA,
isso mesmo, absolutamente nada. Desprezá-lo e julgá-lo só irá fazê-lo se sentir
mal consigo mesmo, sentir que é um extraterrestre dentro de casa, e com isso
afastá-lo do convívio familiar. Pare e pense na sua rotina diária: você
trabalha ou não, estuda ou não, e por umas duas ou três horas do seu dia você
se relaciona de forma íntima com seu marido. Agora pense no seu filho: ele
estuda ou não, trabalha ou não, e por alguns momentos ele se relaciona
intimamente com alguém do mesmo sexo. Na maior parte do tempo, em que ele difere
de você?
Percebeu
que, mesmo sem intenção, você pode ter um preconceito que lhe foi ensinado
desde pequena ao julgar alguém pelo que ele faz em alguns momentos de um dia
que contém outras tantas horas nas quais vocês são exatamente iguais?
Preconceito, ah o preconceito...
Talvez
você não saiba, talvez tenha dúvidas, mas preconceito nada mais é do que criar
uma ideia de algo que não se sabe muito bem. O medo do desconhecido e a
necessidade que temos de criar um juízo de valor sobre tudo, mesmo se não
conhecermos do que se tratam nos leva a criar pré-conceitos para tudo que nos
cerca.
E
esse parece ser a principal preocupação dos pais, principalmente sua, mãe. Na maioria dos casos a mãe sempre soube-
talvez esperasse que isso mudasse com o tempo -, mas acreditou que ele nunca teria
coragem de se assumir, de se aceitar, mas, por uma fatalidade da vida, ele se
aceitou. Agora é sua vez de aceitá-lo ou
seu maior medo, o preconceito, vai começar dentro de casa. Tente olhar para
ele,buscar aquele filho que você desde pequeno educou, protegeu do mundo,
abraçou e cuidou quando estava triste ou doente. E então, conseguiu? Ele
continua ali.
O
preconceito vai estar presente sempre, em todos os lugares, e, portanto mais do
que nunca, ele vai precisar daquele carinho, daquela proteção que antes tinha
de você.
Você
se sente capaz de continuar o protegendo?
A
condição sexual do seu filho é capaz de diminuir seu amor por ele?
Ai meu Deus, ele tem um namorado!
Meu
filho está namorando, que lindo, meu bebê já é um rapazinho!
Geralmente
este poderia ser seu pensamento se o relacionamento do seu filho fosse com uma
garota, mas não é. E agora?
Assim
como ele precisou de um tempo para se aceitar, é perfeitamente normal você
precisar de um tempo para se acostumar com essa ideia. Porém, tentar afastar
ele do namorado, dizer que não aceita a presença dele, não querer conhece-lo ou
ignorar esse assunto vai aumentar ainda mais a distância entre vocês.
No
seu ritmo, vá buscando informações sobre este namorado com seu filho, tentando
perceber se o relacionamento está fazendo ele se sentir bem. Falar com ele
sobre os relacionamentos irá aproximar vocês ainda mais e, talvez, aumentar sua
compreensão sobre os relacionamentos homossexuais, que não são tão diferentes
dos heteros.
Mas, e agora, o que fazer?
Conversem
sempre e caminhe com ele nessa dura descoberta para ambos. Não está sendo fácil
para você, para ele também não, porém juntos tudo pode ser menos difícil.
Não
tente forçá-lo a contar para o restante dos familiares e não conte também.
Mesmo que sua intenção seja protegê-lo de comentários maldosos, essa decisão só
cabe a ele. Permita que ele tenha o seu tempo. Por outro lado, se for da
vontade dele que todos saibam: não o impeça. Por mais que seja algo novo e
difícil para a família, e que você não esperava vivenciar, fugir do assunto não
fará seu filho se tornar heterossexual, até porque ele não escolheu ser gay, é
algo que faz parte de quem ele é. Homossexualidade não é, nem nunca foi doença,
escolha ou rebeldia. A atração por pessoas do mesmo sexo se desenvolve
lentamente junto com a maturação, com o desenvolvimento humano. Trata-se de um
processo tão interno que em um determinado ponto ele se pegou olhando para
outros homens de uma forma diferente, e não entendia o porquê.
Talvez
seja algo clichê, mas para que possa saber o que se passa na cabeça do seu
filho, o filme “Orações para Bobby” (Prayers for Bobby – 2009) talvez possa
esclarecer um pouco, até você se sentir suficientemente pronta a conversar com
ele.
Neste
filme que recomendei a você, baseado em uma história real, Mary Griffith - mãe
de um adolescente que se descobriu homossexual aos dezesseis anos nos diz: "(...) Eu não sabia que. cada vez que eu repetia condenação eterna aos gays, cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças sua autoestima e seu valor próprio estavam sendo destruídos. A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra "gay"."
É isso que você deseja para seu filho?
Então, depois disso tudo, se realmente a medida de amar é amar sem medida, se o amor de mãe é um amor incondicional. por que transformar isso em um problema? Você pode tornar tudo mais fácil, tente entender, só depende de você.
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