quarta-feira, 29 de abril de 2015

Às vezes me pergunto o que é o amor...

Luanna Dornelas

              Muitos definem o amor como um sentimento de cuidado, carinho e proteção. Mas, se olharmos através da psicologia encontraríamos a intimidade, a paixão e o compromisso como possibilidades de compreensão.

             Para Eros, o deus grego do amor, a representação consciente que uma pessoa sente por outra é o amor. É através dele que as pessoas se ligam de uma forma mais clara, envolve atração física e frequentemente estimula as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. 
  
             Relacionando os conceitos, pode-se constatar que o amor faz querer estar sempre por perto,fazendo o possível e o impossível para ver aquela pessoa bem; ter o prazer de cuidar e dar carinho. O amor faz querer arriscar, correr perigo, surpreender, ser mais que amigo. Ter aquela proximidade a mais, se encantar com o jeito de ser da pessoa, com o sorriso e o olhar, se preocupar, ser companheiro e estar sempre ali acaso precisar. Isso é a alegria de poder amar, de saber o que é o amor.

               O amor, num sentido amplo, pode ser considerado como um forte sentimento de apego. O amor gera desejos positivos e construtivos capazes de nos levar a sacrifícios pessoais do cotidiano em prol do ser amado. O que, em condições normais, só faríamos por nós mesmos.

              Mas há controvérsias sobre amor em relação ao apego. Para JetsunmaTenzin Palmo, uma monja budista, o apego não é uma forma de amor, mas sim uma causa de dor. Para ela, quanto mais nos prendemos a alguém, maior é o medo de perder. E se de fato perdermos, iremos sofrer, pois acreditamos que parte de nós existe no outro. A grande contribuição da mensagem de Tenzim Palmo refere-se à ideia de que devemos estar completos antes de procurar o outro para amar. Aquele que recebe amor não completa seu amado, eles apenas compartilham desta completude individual.

            Quando se está amando, a pessoa começa a enxergar o mundo de outra forma. O amor é um sentimento inigualável, pois te dá uma satisfação enorme, só pelo fato de ter esse alguém ao seu lado. 

             Existe ainda o amor platônico, que deve o seu nome a Platão, filósofo grego da Antiguidade. No ideal de Platão, ele seria um amor essencialmente puro, que não se fundamenta em um interesse, mas na virtude. É desprovido de paixões, que, segundo ele, são cegas, materiais, passageiras e falsas. Hoje o significado mais comum da palavra não tem relação com a definição de Platão. O amor platônico é conhecido como um amor impossível ou um amor não correspondido. Ele é entendido como uma idealização de dois mundos ao mesmo tempo, aquele onde estamos sozinhos e o outro onde namoramos uma pessoa perfeita e que nos completa em todos os sentidos.

             O amor poderia então ser as pequenas coisas vindas daquela pessoa especial, poderia ser tudo aquilo que te faz bem, ou simplesmente querer tê-la a todo o momento. 

Referências:

http://psicob.blogspot.com.br/2009/02/o-que-e-o-amor.html
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932013000100003&script=sci_arttext

Diga-me o que ouves e te direi como tu és



Gabriela Silva Oliveira

Tão poderoso é o efeito da música... que é surpreendente que se encontre na história da psicologia e da psicoterapia tão pouca referência experimental, ou mesmo especulativa, sobre o uso da música”(Cattel citado por Hall, Lindsey, & Campbell, 2000, p. 259).

A música é umas das manifestações culturais mais presentes em nossas vidas. Ouvimos música em festas, na companhia de amigos, enquanto andamos na rua, nos comerciais de televisão, no rádio e por outros diversos meios. Facilitar a comunicação e interação das pessoas, expressar emoções, valores e ideais, relembrar momentos marcantes, levar ao relaxamento, aumentar a autoestima, a reflexão, são algumas das utilidades da música.
Mas o que nos leva a gostar mais de um gênero musical do que de outro? Alguns estudiosos da psicologia constataram que a preferência musical pode estar ligada a alguns traços de personalidade. Esses autores acreditavam que a preferência por alguns gêneros musicais poderia revelar aspectos importantes sobre a personalidade, que muitas vezes passam despercebidos ao olhar de alguns profissionais.
Segundo Murray, Allport, Eysenck e Cattel,(2000) existem cinco fatores que englobam de maneira geral as características da personalidade humana:
- o primeiro é a extroversão, onde o indivíduo tende a ser comunicativo e entusiasmado;
- o segundo é sociabilidade por que tem como característica ser sociavelmente agradável;
- o terceiro é escrúpulo, descreve um sujeito confiável, responsável e organizado;
- o quarto é o neuroticismo sendo suscetível, irritadiço e tenso;
- o quinto é o indivíduo aberto a mudanças, sendo este, curioso, imaginativo e de pensamento flexível;
Através da preferência por determinado gênero musical pode-se identificar características pessoais, traços de personalidade e a imagem que desejamos passar de nós mesmos pra outras pessoas.
Uma pesquisa mostrou que algumas características de personalidade se relacionam com determinados estilos musicais (Rentfrow-2004):
- Reflexivo e complexo > música clássica, jazz, blues e folk;
- Intenso e rebelde > música alternativa, rock e heavy metal;
- Convencional > sertanejo, pop, religioso e trilhas sonoras;
- Energético e rítmico > eletrônica/dance music, rap/hip hop e funk;
Diante dos resultados é possível observar que a personalidade parece estar diretamente ligada às preferências musicais. No entanto, é preciso alertar que não existe um padrão. Uma pessoa reflexiva pode gostar de rock, enquanto alguém considerado convencional pode ser fã de blues. Podem existir variações de acordo com as características pessoais, com a cultura e com a história de vida de cada um.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Como ajudar um familiar com depressão



FERNANDA NUNES BOTELHO

Depressão é considerada, uns dos principais transtornos da nossa época. É muito raro quando não se tem uma pessoa na família, que já passou ou que passa por uma depressão. Este transtorno não tem uma causa específica e sim multifatores. São eles:
1) biológicos/genéticos;
 2) psicológicos;
3) sociais.
A depressão atualmente atinge crianças, adultos e idosos.
A depressão se resume em estado de humor bastante deprimido, com duração superior a duas semanas e pode incluir sintomas como:
1) perda de energia e interesse;
2) perda de sono;
3) mudanças significativas de apetite;
4) baixa autoestima;
5) sentimento de unitilidade ou culpa;
6) dificuldade significativa em experimentar prazer - anedonia;
7) retraimento social;
8) descuido da higiene pessoal.
Sair de uma crise é muito difícil para a pessoa que possui depressão. Mas a situação se agrava mais quando não há ajuda dos familiares. Então, o forte aliado do paciente é a família. O papel dela é de:
1) aconselhar;
2) cuidar;
3) demonstrar interesse;
4) estar presente;
5) conhecer a doença, para estarem preparados a qualquer situação;
6) ajudar a estabilizar as emoções do familiar;
7) aproximar-se dele;
8) demonstrar carinho e ter paciência;
9) pensar em estratégias práticas para lidar com eventos negativos que podem desenvolver uma crise;
10) dar suporte emocional a ele;
11) associar o familiar a um grupo de apoio para pessoas com depressão;
12) leve a sério qualquer conversa sobre suicídio e notifique o fato imediatamente ao médico ou ao profissional responsável;
13) oferecer ao deprimido horas de lazer e diversão.
          Porém, a família pode se desgastar com essa situação. A doença traz desespero, ansiedade, preocupação e sofrimento para os familiares. (Borba LD, Kantorsti LP, 2008) Por isso é tão importante que também se cuidem, para conseguir auxiliar o paciente. Este cuidado envolve desde hábitos de vida saudáveis (alimentação, atividade física, sono) quanto um acompanhamento psicológico, quando não conseguem lidar com a situação sozinhos.
         Enfim, o paciente juntamente com a família, deve lutar contra esse transtorno e não desistir. Pois superar uma depressão é possível sim! Mas é mais fácil com o apoio da família.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: PARA QUE JULGAR?

  


  Jhennyfer Aparecida da Silva Oliveira

        Dois “risquinhos” coloridos ou positivos no beta HCG. Dessa forma, milhares de mulheres todos os dias recebem a confirmação de suas suspeitas, e assim começam todos os preparativos, pois elas estão grávidas. Muitas dessas mulheres são adolescentes com idade entre 14 e 18 anos. Para a maioria, que estão olhando pelo  lado de fora, o filho é fruto de irresponsabilidade e falta de informação. O que algumas vezes não deixa de ser verdade. Entretanto, o julgamento e a crítica vai além, dizem que a jovem acabou com a sua vida  e como se não bastasse, sentem DÓ delas.
      Tudo o que essas mulheres não querem e muito menos precisam é que os outros sintam  dó delas. Ao  assumir as consequências do sexo inseguro, juntamente com métodos contraceptivos faltosos e consequentemente a criança que está sendo gerada em seu ventre, ela já é melhor que muitas mulheres que andam por ai jogando seus filhos “fora” e colocando em risco suas próprias vidas.
     Durante as 40 semanas que formam os nove meses de gestação, essas mulheres se deparam com diversas dificuldades e inúmeros aprendizados, como se fosse um cursinho preparatório para concursos, só que de aprendizagem contínua, já que ser mãe é ter certeza de experiências novas, conhecimentos diversos e muito amor todos os dias.
     Mesmo com tantas adversidades no meio do caminho, elas conseguem se desdobrar e estudar, cuidar da casa e muitas das vezes até trabalhar sem deixar seus filhos desamparados. Apesar de serem somente adolescentes, muitas dão um show de garra, persistência e superação para cuidarem muito bem de seus filhos. E quem pode dizer que são inferiores ou incapazes só por terem tido seus filhos de maneira precoce?!. Se elas apresentam condições e a capacidade para ajudar e incentivar o desenvolvimento saudável da criança; parece não existir  motivos plausíveis para que  não  recebam o apoio e a ajuda da sociedade e não  principalmente da  família, amigos e conhecidos. Já que é mais do que comprovado que se essa mesma grávida recebe apoio e carinho dos que estão a sua volta, ela tem uma gestação tranquila, o que contribui para que nasça uma criança saudável e para que a  grávida não vivencie nenhuma intercorrência.( Você pode observar que existem mais pontos positivos na aprovação do que na desaprovação).
     Não se pode dizer que uma gestação na adolescência seja ruim, mesmo que não planejada ela é fonte de experiência, aprendizado, maturidade. Por isso, flexibilize seu olhar em relação à esta experiência que pode ser até bem positiva para quem vive e convive com ela.

Ancestralidade: Quais partes de nós não são nossas?


Marcelino da Silva Brito




Apesar da insistência do ser humano em acreditar na qualidade da sua percepção da realidade, em poder julgar essa realidade de acordo com seus paradigmas sem grandes interferências, o que se sabe com relação à percepção, ao juízo, e ao julgamento do objeto percebido, é que somos “vítimas” de interferências de várias origens, dotadas de potências diferentes, compreendidas umas, desconsideradas e incompreendidas outras. A interferência percebida nos aparece quase sempre como uma fraqueza, como inaptidão, ou desconhecimento, então tentamos ignorá-la ou a negamos. Pior e muito mais perturbador que olhar, ouvir, sentir, sem perceber ou julgar claramente por falha dos mecanismos de percepção e julgamento, é cogitar que esses mecanismos podem perceber parcialmente à revelia da nossa vontade expressa, porque foram programados com diretrizes influentes, mas invisíveis, trazidas como bagagem da nossa ancestralidade.
Poucos não compartilham o prazer pelo conceito de liberdade expressa na ideia de livre-arbítrio. Todos gostamos de acreditar nas nossas capacidades, nos iludimos com a decisão e, seja qual for, damos à ela todo o valor de uma filha genuína, uma obra solitária e jamais corrompida das nossas vontades. E se de repente surge alguém e sem lhe dar tempo para pensar, já que nem acredita na importância disso, só quer ser evidente, e lhe afirma: boa parte do que você é não é seu, boa parte do que você usa para julgar o mundo e você mesmo não é seu! Perder a capacidade de deduzir, ser afastado do privilégio de decidir, esses são pesadelos para qualquer um que nutre afeto pelo que considera evidência universal da sua liberdade. Mas e se consideramos que não é uma perda e sim uma mudança de foco, ou o mesmo foco que teríamos, só que a bagagem que o constitui não é somente o que somos, mas o que fomos como história e raça? Ai está a chave para considerar a importância do inconsciente coletivo e dos arquétipos, e a partir desse momento eles devem ser entendidos como inevitáveis constituintes do que somos.
Percepção, julgamento, pensamentos, memória, sentimentos, intuição, juízo, todos são conceitos constitutivos do que nos define na nossa completude, todos estão subordinados às energias e cargas que carregamos, porque acima de tudo somos resultado de diferentes esforços, só que agora sabemos que não são todos nossos. O ser do resultado, sempre à procura, invariavelmente vai se deparar com o fato de que nele residem seus ancestrais com as cargas de seus erros e acertos. Carl Gutav Jung foi quem nomeou essas pressões ancestrais em seu todo, chamando-as inconsciente coletivo, e as suas partes constitutivas chamou arquétipos. Possibilitou-nos compreender de forma mais global o que somos, mesmo que essa compreensão também se baseie no item estudado através do próprio item estudado que julga, mesmo contaminando sistematicamente o julgamento que um dia foi considerado livre e parcial em sua base e em seus resultados. A liberdade reside em ser em parte algo que não considerávamos ser? A liberdade reside em vivermos com base nos vícios e virtudes dos nossos ancestrais? A liberdade reside no fato de não conhecermos? Ou no fato de podermos procurar?
Como dito anteriormente, somos resultado, mas somos busca também e devemos viver conscientes de que enquanto buscamos, muito do que achamos desejar vem de outro tempo, de outros indivíduos; desejos que não podem ser considerados alheios, porque não nos alienaremos do que nos constitui, já que somos nós em primeiro lugar, mas também eles, os seres da nossa ancestralidade, em tudo que fazemos. Resta-nos a responsabilidade da carga e o privilégio de constituirmos parcialmente o que seremos como humanidade.



ABORTO: OS DOIS LADOS


Estudante de Psicologia.

O aborto é um tema que vêm tendo uma grande repercussão no país e no mundo. No plano mundial, foi a partir do movimento de maio de 1968 que a defesa da legalização do aborto entrou no cenário público como bandeira do movimento feminista. Desde então, abriram-se vários questionamentos morais, políticos e ideológicos, levando em consideração a realidade de cada país.
A primeira problematização que se tem quando se trata de um aborto é a descriminalização, afinal estamos falando de uma vida; mas trata-se apenas de uma vida? Pessoas defendem o aborto pensando nas dificuldades, consequências e mudanças na vida da gestante que são consideradas relevantes, outra questão é a situação da criança que está por vir e as condições que quase sempre a mãe tem para oferecer, assim questionam: Um aborto seria pior do que talvez uma escassez de cuidados e educação, um futuro abandono?
Por outro lado, há pessoas que criminalizam o aborto acima de qualquer questionamento ou justificativa, acreditando que é a obrigação da mãe assumir suas responsabilidades e arcar com as consequências. Principalmente por tratar-se de um ser indefeso e sem culpas, a sociedade luta a favor da vida.
O aborto desencadeia uma série de situações a serem analisadas, tanto da mãe, quanto da criança que está por vir. Particularmente, é aceitável quando a mulher é vítima de uma violência sexual e seu trauma resulta na rejeição do filho, afinal estamos tratando de um crime e de um pai criminoso. Outra situação relevante para o aborto é o de anencéfalos (fetos sem cérebro). Fato interessante é que, no julgamento em que esta situação foi legalizada, não foi usado o termo ABORTO, sendo substituído pelo termo “antecipação terapêutica do parto”.
Pessoas fazem campanhas contra o aborto nas redes sociais que camuflam diferentes problemas e situações da individualidade de cada ser. Gerar um filho a qualquer custo também é um problema social sério, pois uma criança sem auxílio e orientação de seus pais/responsáveis estão quase sempre a mercê do mundo do crime, drogas.
            É relevante a questão de “pensar antes de fazer”, mas depois de feito?  A dúvida entre ser posta em perigo com diferentes tipos de remédios ou abortos em fundos de quintais, onde seu corpo e sua consciência não mais serão os mesmos ou dar continuidade a uma gravidez conturbada, indesejada e sem a mínima condição para “colocar um filho no mundo” é sim passível de discussão.

Uma gravidez não planejada em qualquer situação pode ser um choque, já que estamos falando de um filho, uma responsabilidade para a vida toda. Não é fácil, mas existem muitos fatores envolvidos. Pode ser possível quando existe o comprometimento dos que estão envolvidos, mesmo que essa mãe seja uma menina de 15 anos. Afinal, a idade aqui é o que há de menos relevante diante de tantos problemas sociais que esse assunto envolve.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Quem eu era antes de ser eu?


Carolina Fernandes


Ora, mas como assim? Você alguns segundos atrás decidiu começar ler esse texto; seja atraído pelo título, imagem ou quaisquer outros motivos. Você pode desistir de terminar essa leitura a qualquer momento. Tudo isso lhe parece óbvio dentro do conceito de livre arbítrio. Entretanto, não funciona tão simples assim.
Estar correndo os olhos em todas essas palavras que podem parecer nunca acabar ou que podem te despertar grande curiosidade pelas que ainda virão; isso tudo é parte de um grande plano que tem muito mais a dizer sobre você do que todos os seus amigos ou familiares. Essa voz que surge em sua mente a cada palavra que lê é a grande responsável por quase tudo o que acontece na sua vida; inclusive por esse texto ter atraído a sua atenção até aqui.
A interpretação que você fará ao final dessas palavras será única, o que se deve a essa voz interna denominada como consciência; que é basicamente, a união de todos os seus traços imutáveis de personalidade associados à sentimentos e valores que lhe foram ensinados no decorrer de sua vida.
Esse não é um texto sobre como o passado influencia seu futuro, embora trate um pouco disso também. É um texto sobre como você nem sempre foi, de fato, você.

Calma, eu vou explicar!

A intenção principal aqui é compreender todos os aspectos psicológicos, sociais, históricos e inconscientes que resultaram em uma personalidade única da pessoa mais importante do mundo: você mesmo.
Sabe a tal voz interna, a consciência? Pois bem, ela é você. Todos os seus pensamentos são intimamente conhecidos por ela, assim como, toda sua visão externa do mundo está sujeita a influência e importância concedida por ela.
Estudar esse “eu” é algo demasiadamente difícil, porque não há como nenhum estudo conseguir acessar todos os roteiros que se passam em sua mente, que só você conhece. Dessa forma, a consciência só pode ser estudada através do que é compartilhado ou daquilo que é capturado nas realidades em miniatura, realizadas em pesquisas laboratoriais.
Pesquisas recentes comprovam que a consciência está longe de ser algo cronológico, indivisível ou imutável; muito pelo contrário, é como estar mudando aleatoriamente as estações de rádio. Suas características de hoje podem ser bem diferentes amanhã, mudam-se conforme o seu desenvolvimento.
Mas chega de enrolar, vamos falar sobre o que interessa: você.

Então, como você se tornou quem é?

Foi um longo processo, que se iniciou quando você ainda era bem pequeno, em uma fase da infância em que você ainda não era sequer capaz de formar memórias. Você não tinha noção de espaço, de tempo e muito menos dos seus limites. Até os quatro meses de vida, é possível dizer que você não agia, apenas reagia; processava os primeiros contatos com o mundo e as pessoas.
Seus cinco sentidos se manifestavam juntamente em uma mistura sensorial que depois de muitos anos você descobriria que se chama sinestesia. Porém, nada disso era você. A consciência mínima só surgiria após seus dezoito meses de vida. Foi nesse estágio de sua vida que você começou a diferenciar aquilo que percebia através dos seus sentidos, por exemplo: salgado e doce, claridade e escuro, quente e frio. E também, de maneira inata, começava a compreender que você é um indivíduo entre tantos outros, que continuam a viver mesmo quando fecham os olhos ou sonham.
Com cinco anos, suas estruturas orgânicas responsáveis pela comunicação e pela memória a longo prazo estão mais desenvolvidas e são capazes de sustentar a chamada consciência ampliada. Nessa fase já era possível possuir uma maior noção de tempo, espaço, limitações, passado e futuro. É nesse momento que sua consciência começa a acumular características sobre si mesmo que futuramente se tornarão sua identidade própria, sua subjetividade: sua personalidade.

Parece óbvio ainda?

Tenha paciência e deixe que esse filme que se desenrola por trás dos seus olhos seja mais que a ilusão de uma voz na sua mente: continue lendo, deixe que ela continue falando; porque ainda há muito que tentar entender sobre esse mistério de ser você.
A partir do momento em que você já tem a consciência ampliada, está sujeito às influências do meio e das pessoas que o cercam; uma vez que você começa a crescer, – e  é realmente inevitável que isso ocorra com um ser humano criado no convívio social – você já está construindo sua personalidade.
Neste critério, sua primeira influência parte da relação materna. A maneira como a criança é criada deixa marcas por toda sua vida; inclusive, essa é uma afirmação pautada em teorias psicológicas como a de Freud, que acreditava que a personalidade dos filhos é formada em grande parte pelas características identitárias dos pais.
Porém, não se trata da única influência, muito menos da mais significativa. O indivíduo ao se desenvolver e alcançar idades em que convive, muitas vezes, mais com o grupo social em que está inserido do que com a família, busca se autoafirmar no coletivo. Isso se dá, principalmente, na transição entre a puberdade e adolescência; quando a tendência é reconhecer os amigos como exemplos sociais, assim como, acompanhá-los nas decisões coletivas e modismos. Trata-se de uma fase da vida em que a pessoa percebe que características semelhantes unem pessoas e que quanto mais semelhante você for do grupo ao qual pertence, mas aceito será.
É na adolescência que esse estágio toma proporções maiores que podem tornar-se preocupantes.  Muitos adolescentes tendem a se apoderar de características dos outros (amigos ou ídolos), de tal maneira à anular as suas próprias; o que é chamado de identificação excessiva . Essa problemática ocorre no período que pode ser conhecido como moratória psicossocial: a fase da adolescência em que o jovem se permite um compasso de espera, uma pausa do processo consciente de formação de identidade; para que, através da experimentação, de situações e comportamentos, possa se descobrir enquanto sujeito. Ao fim desse período e também ao se aproximar da vida adulta, o indivíduo compreende a necessidade do comprometimento com a construção de uma carreira, de valores éticos e consequentemente, é marcado pela fidelidade que sustenta suas escolhas e lealdade àqueles que estão em posições semelhantes.
Na reta final da adolescência é que finalmente a identidade se torna adquirida, após a formação de diversas características identitárias, acumuladas no decorrer de todos os estágios das idades anteriores e que tanto podem ser mutáveis diante do meio social em que se está inserido quanto também serão capazes de refletir na continuidade do processo de desenvolvimento.

Quem você era antes de ser você?

Sinto informar, mas não há como saber. Você era o conjunto de toda a influência à qual era exposto no meio em que vive, era a essência de suas amizades, era também parte do alicerce familiar que lhe sustentava, era o que sentia, falava e pensava. E, de fato, ainda é.
Entretanto, você se desenvolve a cada dia, recebe uma dose de maturidade diária que é responsável por inúmeros efeitos colaterais que podem mudar sua maneira de enxergar o mundo e de interagir com ele.
Você é hoje as características evoluídas do que era à algum tempo atrás. Assim como, será amanhã, uma versão melhorada do que é hoje. Então a sua personalidade muda? Sim, embora nem sempre a sua voz interior te conte esse segredo.
Mas, isso já é assunto para deixar sua consciência processando diante de tudo o que foi lido, enquanto você continua suas tarefas diárias e nem mesmo percebe que uma sementinha de conhecimento, ainda que simplória, foi plantada aí, bem no seu “eu”.

Você sabe realmente o que é o Bullying e suas consequências?

Larissa Romão


Sabemos que o Bullying é conhecido por todo tipo de comportamento agressivo, sejam eles mentiras, fofocas, apelidos, agressão entre crianças e adolescentes. Acontece principalmente nas escolas e tem se tornado cada vez mais frequente..
Apesar desse tipo de comportamento estar em evidência, responsáveis pelo ambiente escolar como diretores e professores não discutem a fundo sobre as consequências que isso pode trazer. A criança que estiver sendo vítima de bullying pode apresentar baixo desempenho escolar e começar a se isolar mais (já que a maioria das vítimas são quietas e com poucos amigos), perdendo muitas vezes o interesse de permanecer na escola. Além disso, pode prejudicar sua vida adulta. Viviane Cubas no livro "Violência na escola: um guia para pais e professores”, ressalta que estas crianças, quando adultas, tendem a ter baixo autoestima e experiências de depressão.. Apresentam altos graus de sensação de medo, ansiedade, vergonha."
Devemos usar medidas educativas e preventivas para esse tipo de comportamento. Quando diretores e professores percebem que isso está acontecendo, não podem simplesmente deixar esse assunto de lado, como se passasse rapidamente, pois isso não ocorre. “As vítimas são repetidamente importunadas, ridicularizadas e ameaçadas”. Os pais precisam estar atentos ao que acontece na escola e no caminho de volta para casa, sabendo conversar e orientá-los na melhor maneira de agir, caso aconteça.
Enfim, precisam implementar nas escolas atividades em equipe para que desde cedo as crianças entendam que todas elas são diferentes e isso faz com que sejam únicas. Explicar que bullying não é uma brincadeira de criança como muitos indivíduos pensam, mas um assunto sério que pode levar muito sofrimento as vítimas, seja socialmente, psicologicamente quanto moralmente.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Mãe, eu sou gay. E agora?

Mostre para sua mãe, é o momento para que ela leia o que você nunca conseguiu dizer por amá-la tanto e por ter medo de machucá-la! Ela precisa saber como você se sente.


Weder Ferreira


Por que a liberdade de se assumir e principalmente de se aceitar se tornam tão difíceis para os adolescentes? Você já parou para se perguntar como eles se sentem?
Poderia recorrer à história da humanidade e citar a Grécia antiga, onde o culto ao corpo era comum, mas na verdade estamos falando de uma identidade sexual.  Esse momento de descoberta é algo doloroso, não é fácil você se descobrir tão diferente do convencional. Tudo o que esses adolescentes precisam é de alguém para simplesmente ouvi-los, do carinho dessa mãe que foi a pessoa mais importante para eles desde os primeiros minutos de vida, do entendimento da família e do respeito.
Ouvir seu filho lhe contar que é gay não é fácil, você que sempre o amou e quis o melhor para ele. Neste momento, pode se sentir receosa do que o mundo, com tantas pessoas preconceituosas podem lhe reservar; mas, se não foi fácil para você ouvir tal coisa, para ele também não foi em lhe contar algo tão íntimo.

Então o que muda com tal revelação?

NADA, isso mesmo, absolutamente nada. Desprezá-lo e julgá-lo só irá fazê-lo se sentir mal consigo mesmo, sentir que é um extraterrestre dentro de casa, e com isso afastá-lo do convívio familiar. Pare e pense na sua rotina diária: você trabalha ou não, estuda ou não, e por umas duas ou três horas do seu dia você se relaciona de forma íntima com seu marido. Agora pense no seu filho: ele estuda ou não, trabalha ou não, e por alguns momentos ele se relaciona intimamente com alguém do mesmo sexo. Na maior parte do tempo, em que ele difere de você?
Percebeu que, mesmo sem intenção, você pode ter um preconceito que lhe foi ensinado desde pequena ao julgar alguém pelo que ele faz em alguns momentos de um dia que contém outras tantas horas nas quais vocês são exatamente iguais?

Preconceito, ah o preconceito...

Talvez você não saiba, talvez tenha dúvidas, mas preconceito nada mais é do que criar uma ideia de algo que não se sabe muito bem. O medo do desconhecido e a necessidade que temos de criar um juízo de valor sobre tudo, mesmo se não conhecermos do que se tratam nos leva a criar pré-conceitos para tudo que nos cerca.
E esse parece ser a principal preocupação dos pais, principalmente sua, mãe.  Na maioria dos casos a mãe sempre soube- talvez esperasse que isso mudasse com o tempo -, mas acreditou que ele nunca teria coragem de se assumir, de se aceitar, mas, por uma fatalidade da vida, ele se aceitou.  Agora é sua vez de aceitá-lo ou seu maior medo, o preconceito, vai começar dentro de casa. Tente olhar para ele,buscar aquele filho que você desde pequeno educou, protegeu do mundo, abraçou e cuidou quando estava triste ou doente. E então, conseguiu? Ele continua ali.
O preconceito vai estar presente sempre, em todos os lugares, e, portanto mais do que nunca, ele vai precisar daquele carinho, daquela proteção que antes tinha de você.
Você se sente capaz de continuar o protegendo?
A condição sexual do seu filho é capaz de diminuir seu amor por ele?

Ai meu Deus, ele tem um namorado!

Meu filho está namorando, que lindo, meu bebê já é um rapazinho!
Geralmente este poderia ser seu pensamento se o relacionamento do seu filho fosse com uma garota, mas não é. E agora?
Assim como ele precisou de um tempo para se aceitar, é perfeitamente normal você precisar de um tempo para se acostumar com essa ideia. Porém, tentar afastar ele do namorado, dizer que não aceita a presença dele, não querer conhece-lo ou ignorar esse assunto vai aumentar ainda mais a distância entre vocês.
No seu ritmo, vá buscando informações sobre este namorado com seu filho, tentando perceber se o relacionamento está fazendo ele se sentir bem. Falar com ele sobre os relacionamentos irá aproximar vocês ainda mais e, talvez, aumentar sua compreensão sobre os relacionamentos homossexuais, que não são tão diferentes dos heteros.

Mas, e agora, o que fazer?

Conversem sempre e caminhe com ele nessa dura descoberta para ambos. Não está sendo fácil para você, para ele também não, porém juntos tudo pode ser menos difícil.
Não tente forçá-lo a contar para o restante dos familiares e não conte também. Mesmo que sua intenção seja protegê-lo de comentários maldosos, essa decisão só cabe a ele. Permita que ele tenha o seu tempo. Por outro lado, se for da vontade dele que todos saibam: não o impeça. Por mais que seja algo novo e difícil para a família, e que você não esperava vivenciar, fugir do assunto não fará seu filho se tornar heterossexual, até porque ele não escolheu ser gay, é algo que faz parte de quem ele é. Homossexualidade não é, nem nunca foi doença, escolha ou rebeldia. A atração por pessoas do mesmo sexo se desenvolve lentamente junto com a maturação, com o desenvolvimento humano. Trata-se de um processo tão interno que em um determinado ponto ele se pegou olhando para outros homens de uma forma diferente, e não entendia o porquê.
Talvez seja algo clichê, mas para que possa saber o que se passa na cabeça do seu filho, o filme “Orações para Bobby” (Prayers for Bobby – 2009) talvez possa esclarecer um pouco, até você se sentir suficientemente pronta a conversar com ele.
Neste filme que recomendei a você, baseado em uma história real, Mary Griffith - mãe de um adolescente que se descobriu homossexual aos dezesseis anos nos diz: "(...) Eu não sabia que. cada vez que eu repetia condenação eterna aos gays, cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças sua autoestima e seu valor próprio estavam sendo destruídos. A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra "gay"."
É isso que você deseja para seu filho?
Então, depois disso tudo, se realmente a medida de amar é amar sem medida, se o amor de mãe é um amor incondicional. por que transformar isso em um problema? Você pode tornar tudo mais fácil, tente entender, só depende de você.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Superando a Timidez

Timidez em foco! 

Aislan Guimarães



Todos nós já passamos por situações de Timidez. Apresentar um trabalho, falar em público ou simplesmente com uma pessoa especial, são situações que podem provocar inúmeros pensamentos ruins em qualquer pessoa. Ainda que seja tão natural o nervosismo, para a pessoa que está passando por isso, é questão de vida ou morte, por mais que seja momentâneo.
Neste texto, você vai aprender a controlar a timidez e, dia após dia,a potencializar a superação desse fator que insiste em te colocar a prova, nos momentos mais inoportunos.
Antes de qualquer coisa, para melhor entendimento do conteúdo abordado nesse texto, conheça alguns conceitos e estruturas apresentadas pela neurociência em relação ao corpo humano.

Conhecendo o seu cérebro

¹Cérebro:é um órgão que está contido na caixa craniana. Apresenta giros e sulcos, composto por diversas estruturar que são responsáveis pelo funcionamento cognitivo, emoções e por toda a comunicação do meio interno para o meio externo de um indivíduo.

²Adrenalina:é um hormônio. Em momentos de "stress", é secretado em quantidade abundante e prepara o organismo para grandes esforços físicos.

³Sistema Límbico: é a unidade (região) do cérebro responsável pelas emoções e comportamentos sociais, que dispensam o pensamento racional.

Era uma Vez...

Lucas não é exatamente um jovem, 100% extrovertido e brincalhão, entretanto com os seus 21 anos conseguiu muito bem passar pela tortuosa etapa da adolescência e hoje se considera plenamente melhor do que há 7 anos.
No passado, por volta dos seus 13 anos, ele passou por uma das suas maiores “barreiras”. Em casa ele era muito amado pelos pais e pelos outros familiares. Filho caçula, tinha como meta, ser como o irmão mais velho, que naquela época tinha 16 anos. Ele vivia isolado do mudo, tinha seu próprio universo, não se considerava um menino infeliz, mas se sentia como um “peixinho fora d’água” quando estava na escola ou em qualquer outro lugar.
Em uma sexta-feira atípica na escola,Lucas iria apresentar um trabalho, diante de toda a turma. De antemão ele se preparou a semana inteira, escreveu inúmeras vezes o que iria falar, gravou a sua própria voz em áudio, falou incansavelmente diante ao espelho, usou de todos os artifícios para se considerar preparado e assim enfrentar aquela sala com mais de 40 alunos e uma professora. O temeroso dia chegou, essa é a hora de mostrar que fez o melhor trabalho possível e, ao chegar a sua vez, se levantou, colocou-se no meio da sala, olhou para cada rosto e com as folhas nas mãos, se desesperou, começou a gaguejar, a suar frio e a imaginar milhões de coisas. Por fim acabou com os olhos inclinados para baixo e finalizando a sua apresentação lendo tudo que lutou tanto para aprender e memorizar, pois toda aquela situação fez com que ele desse o famoso “branco”.
Ao passar dos anos, devido a esse infeliz dia, Lucas era sempre o último a ser escolhido pelos seus colegas para fazer qualquer atividade em grupo, porque eles não acreditavam no seu potencial.
Sempre a sombra do irmão e dos seus colegas, Lucas começou a perceber que era tratado como um ninguém, que não tinha voz, que não era reconhecido e muito menos respeitado. Então ele resolveu tomar uma atitude, dar o primeiro passo, tomar as rédeas de sua própria vida e história.
E foi a partir daquele despertar de consciência, que a sua vida foi transformada. Um dia após o outro Lucas reafirmava perante o espelho: “Eu sou quem eu quero que eu seja”.  Devido a esse simples ato de coragem, as coisas foram se encaixando, seus relacionamentos fluindo, passou a ser reconhecido na sua turma, representou também a mesma em palestras, entrevistas e apresentações. E um menino que mal abria a boca para responder “Presente” na hora da chamada, se tornou um jovem altruísta, de sorriso fácil e com uma autoestima acima da média. Hoje com seus 21 anos, fala de peito aberto e com muito orgulho, que se tornou uma pessoa melhor, para os outros e principalmente para si mesmo.

Então, fala!

Na história que você acabou de ler, Lucas passou por momentos constrangedores, embaraçosos e vergonhosos.  Ele se viu desmerecido e encurralado pelos olhares das outras pessoas.
A timidez o inabilitou de executar uma tarefa que para ele era muito difícil, mas para a qual estava realmente preparado. A vergonha no campo das relações pode apresentar manifestações corporais como desvio de olhar, comportamentos desastrados e rubor facial; na linguagem se expressa por meio da gagueira, discursos sem sentido e até mesmo na perda da fala; e, por fim, o que infelizmente aconteceu com o garoto que foi o famoso “branco”.
A adolescência é, de fato, uma fase complicada. É nessa idade que o jovem busca se afirmar como uma identidade perante a sociedade.É também nesse momento que o organismo está no seu ápice de cargas hormonais, o que é necessário para um desenvolvimento saudável, mas que pode gerar implicações na vida dos adolescentes. O papel dos hormônios nas reações de vergonha e timidez será discutido em breve.
Antes, é importante ressaltar que a vergonha e inibição, muitas vezes frequentes na vida do adolescente. É nesse período que pode manifestar a vergonha e inibição, pode surgir como resultado do medo de ser julgado por outras pessoas.
Existem casos, entretanto, em que o medo de se expor socialmente, tem que ser olhado com mais cuidado. Pois quando essa situação apresenta mais intensidade e frequência sobre esses sintomas, causando assim muita angústia, surge então um problema. Ele se denomina Fobia Social. E para lidar com esse distúrbio a psicoterapia é um dos melhores caminhos.
Segundo CAMPOS (2014), o lado mais perverso da timidez é que ela ocorre justamente quando a atitude inversa é tudo o que se esperava de você. Deveria falar, mas se cala; deveria dançar, mas congela como uma estátua. O pensamento racional, ainda que embaçado pela enxurrada química dessa tempestade emocional, sabe que está tudo errado. Ele disse para você fazer o contrário, só que o corpo não obedece. Simplesmente não é possível.
Isso se deve porque o cérebro¹ interpreta a situação como uma circunstância de risco. Acontece então um pico repentino de estresse. Na circulação sanguínea mais adrenalina². No raciocínio menos capacidade de execução da determinada tarefa. E o produto final é um desempenho catastrófico da atividade em execução.
Esse nervosismo todo aparece quando o indivíduo é submetido ao julgamento alheio, seja de uma plateia ou de uma pessoa especial, como em um pedido de namoro, por exemplo.
Lucas temia que acontecesse alguma coisa ruim no dia de sua apresentação, e antes de se levantar para apresentar o seu trabalho, imaginava fantasias em que era humilhado. Dentro do seu Cérebro, o Sistema Límbico³ interpretava essa humilhação falsa como verdadeira e assim ordenava sucessíveis injeções de adrenalina para que Lucas pudesse fugir daquele lugar o mais rápido possível. Devido a essa inundação hormonal, algumas habilidades do jovem, como a fala, foram prejudicados momentaneamente.
Em outro exemplo, conhecemos muitas pessoas que pessoalmente se apresentam recatadas e tímidas. Entretanto, quando estão livres de julgamentos imediatos, se mostram indivíduos totalmente diferentes. Vemos muito isso nas redes sociais, por exemplo. Devido à facilidade de se expressar através da linguagem escrita,a internet se tornou uma grande aliada das pessoas, que a usam, como um lugar seguro para se expressarem sem receio de julgamento.
Um importante neurocientista brasileiro, chamado Fernando Campos, descreveu em seu livro “Papo Cabeça”; cinco perguntas, que indicam traços de timidez. Leia com calma, sem pressa, imagine situações ou lembre ocasiões reais e responda sim ou não.
1.      Você sente desconforto quando falam seu nome em público?
2.      Você sente ansiedade quando tem que falar para muitas pessoas?
3.      Você evita falar ao telefone na frente de outras pessoas?
4.      Você desvia o olhar numa conversa?
5.      Você evita discordar das pessoas?
Ainda de acordo com CAMPOS (2014), se pelo menos três respostas foram “sim”, você apresenta características que sugerem timidez. No entanto, não precisa se preocupar, pois até mesmo pessoas muito sociáveis, em determinas situações, apresentam certo nível de ansiedade.
 Em geral, as pessoas tímidas sabem que são tímidas. Porem a timidez dificilmente vem sozinha, muitas vezes ela está ligada a insegurança ou até mesmo a baixa autoestima. E é só a enfrentando que se pode superá-la.

Vivendo melhor através da Neurociência

Se a timidez te incomoda, aprenda a moldá-la a seu favor, seguindo as sugestões a seguir:

1.      Saber a verdadeira dimensão do “monstro” criado pelo seu cérebro é ter a plena consciência de que ele não passa de um “pequeno bichano”, não sendo tão grave assim como você imaginava.

2.      Faça uma classificação das pessoas que estão no seu convívio, nomeando-as em introvertidas e extrovertidas. Depois comece a observá-las e verá que mesmo as pessoas mais extrovertidas em determinadas situações sentem-se vergonhosas.

3.      Encarar o medo é a única forma de superá-lo. Identifique algumas situações que lhe causam timidez, as enumere do menor para o maior. Comece a se colocar diante a essas (situações) e uma após a outra, procure moldar o seu cérebro controlando as suas reações, realizando assim uma nova adaptação de seus comportamentos. No entanto se não conseguir realizar essa última sugestão sozinho, é de suma importância que você procure uma ajuda psicológica.


Referência: CAMPOS, Fernando G. Papo Cabeça. São Paulo. Editora Leya. 2014.