quinta-feira, 14 de maio de 2015

A (in) visibilidade da violência psicológica na infância


Márcia Máximo

O tema violência psicológica infantil adentra o dia a dia de todo indivíduo. Está nos noticiários televisivos e impressos. É comum ouvirmos relatos de xingamentos ou palavras que causam danos psicológicos à criança, agressões de caráter físico como espancamento, queimaduras ou abuso sexual que também causam danos psicológicos.

O medo tem aterrorizado o mundo, o homem vive desconfiado, preocupado apavorado só de pensar que pode estar em tal situação. A violência psicológica ao sair da invisibilidade pode colaborar para o aumento da prevenção e da proteção desta natureza de violência.

A violência é uma questão fundamental para a área de saúde devido ao seu impacto nas condições de vida e de saúde da população, especialmente quando acontece durante a infância, quando ainda estão em processo de desenvolvimento físico e psicológico. .

Sabe-se dos abusos na infância através da "síndrome da criança espancada", impulsionando estudos sobre violência física e violência sexual e seus impactos na saúde de crianças. A violência psicológica, oriunda destas práticas, acarreta ataques ao ego da criança, mudando toda sua vida, trazendo conseqüências que perduram e geram sofrimento.

A violência psicológica estimula na criança uma confusão de valores e verdades, que pode acabar em grandes prejuízos. É nítido nos adolescentes vítimas de violência durante a infância o desejo pelo suicídio, as fugas, o uso de drogas ilícitas, álcool e cigarro. Os prejuízos são incalculáveis. Na grande maioria dos casos, isso tem uma raiz.

“Como foi dito em uma matéria recente do jornal americano The New York Times, a maioria dos pais de hoje jamais bateria em seus filhos. Mas, lamentavelmente, essa é uma geração que grita”. Amy McCready, fundadora da Positive Parenting Solutions, afirma sem dúvida que o grito é o novo tapa. Eles já compreendem que o melhor é não bater nas crianças, mas não sabem o que fazer. Em meio a essa confusão, se sentem incapazes, ficam irritados e automaticamente aumentam a voz. Areação é diferente dependendo da idade. Os bebês ou crianças pequenas podem ficar muito assustados, já os adolescentes podem marchar que os pais estão descontrolados e não considerar a mensagem que tentam ensinar, ou seja, perdem autoridade.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a violência pode ser: 

.Passiva, quando acontece abandono emocional ou desinteresse dos cuidados afetivos.

.Ativa, quando é dita de forma verbal usando de ameaça, castigos, críticas, rejeição e isolamento. Existem pais que acham que gritar, humilhar, castigar e denegrir é correto e não há prejuízo algum.

A psicologia nos mostra que aprendizagem é imitação, sendo assim, a criança se espelha no adulto, e conseqüentemente é afetada pelas palavras que ouve. Quando há um despreparo dos pais, a criança pode ser duramente prejudicada no seu desenvolvimento, na formação do seu caráter e de inúmeras outras formas.

É muito triste saber que aqueles em quem a criança deposita sua confiança e segurança, o seu super herói, muitas vezes, não se dedicam em prol de uma relação positiva com seus filhos. . .

Existe muita gente sofrendo e/ou causando sofrimento no outro. Caso não consiga sozinho, procure ajuda de um profissional. A psicologia pode contribuir para que você tenha mais qualidade nas relações familiares.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Podemos controlar as pessoas?


Gabriel Reche


       Muitas pessoas acreditam nessa possibilidade e até mesmo se frustram quando não conseguem ter controle sobre o outro. Isso não passa de equívoco. Dizer que podemos controlar as pessoas é quase o mesmo que dizer que somos robôs e que seria fácil encontrar um padrão previsível e identificável. O que não parece verdade. Mesmo porque, cada um de nós tem sua própria personalidade e subjetividade. Porém, B. F. Skinner, um importante autor da psicologia, disse que é possível prever e até controlar o comportamento das pessoas, a partir de certos conceitos.

Verdade ou consequência?




       Os dois. É cientificamente comprovado que os nossos comportamentos produzem modificações no ambiente (consequências) e são afetados por elas. Podemos dizer também que essas consequências é que nos faz manter o mesmo caminho, ou nos afastar dele. 
     Como assim? Os comportamentos produzem modificações no ambiente? Alguns exemplos de comportamentos simples e a consequência que eles produzem:




Influenciando comportamentos





       As consequências de nossos comportamentos influenciam os acontecimentos futuros. 
   Imagine que você peça dinheiro para alguém. Se esta pessoa lhe der o dinheiro, muito provavelmente você pediria mais vezes. Agora imagine que esta pessoa não te dê o dinheiro. E essa situação se repete algumas vezes. O que você acha que acontece? É provável que em situações que você precise de dinheiro e esta pessoa esteja presente, você não peça mais a ela.
    Se refletirmos sobre isso perceberemos que as consequências diárias determinam se teremos afinidades ou abandonaremos certos comportamentos, seja o comportamento de pedir uma jaqueta emprestada (afinidade) ou o comportamento de não pedir mais dinheiro para alguém (abandono). 
      Alguns exemplos de como podemos ser afetados pelas consequências de nossos comportamentos:


Disso o seu filho já sabia







       Algumas crianças são extremamente hábeis em controlar o comportamento dos pais. Quando elas querem alguma coisa e os pais não cedem, elas simplesmente dão birra. O que acontece então? Muitos pais atendem à vontade por dó, por falta de paciência, ou por qualquer outro motivo pessoal, dando para a criança o que ela quer enquanto faz a birra. Infelizmente cada vez que isso acontece, os pais ensinam seus filhos a serem “birrentos”. 

Então o que eu faço?

     Duas outras atitudes dos pais, que envolvem mudanças das consequências para os comportamentos do filho, seriam muito mais eficazes: 
a. Não atender o filho quando ele pedir algo de forma inadequada (birra); 
b. Na medida do possível, atendê-lo quando ele pedir educadamente. 

      Observação importante: Bater em seu filho como punição por ter feito birra, não é o caminho mais eficaz. Pode “adiantar” naquele momento, mas não resolverá o problema. É assim também para outras situações em que uma pessoa é punida.


Reforçando com o reforço





         O reforço é um tipo de consequência do comportamento que aumenta a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer. 
       Voltando ao exemplo da criança “birrenta”: Os pais que dão atenção para o filho que esta fazendo birra é o mesmo que dizer que eles estão reforçando o comportamento de birra do filho com a atenção. Isso quer dizer que a probabilidade do filho voltar a dar birra é aumentada, pois ele gosta de atenção e dando birra ele está conseguindo ganhar o que quer. Outro exemplo de reforço bem simples, seria a comida para uma pessoa que está sem comer a dois dias. 

Conseguiu imaginar o quanto o reforço pode te ajudar?





       Vamos imaginar que o seu namorado lhe deu flores, você gostou muito e gostaria que isso se repetisse. 
        Podemos usar o reforço positivo para isto. Ele compreende em aumentar a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer, adicionando algo de bom (positivo) para a pessoa que será reforçada. 
        Podem existir inúmeras maneiras de você reforçar o seu namorado, mas cabe a você descobrir do que ele gosta e proporcionar isso a ele assim que receber as flores, como por exemplo, o abraço na figura, que é considerado um reforço positivo. Quanto mais rápido proporcionar o reforço mais forte pode ser o seu efeito.
       Supondo que ele gosta de sair para jantar com você. Depois de agradecê-lo pelo presente, você deve dizer que quer sair para jantar com ele, porque ficou muito feliz de ter ganhado flores. É bem provável que ele fique satisfeito e planeje lhe dar flores mais vezes.
      É essencial que explique que decidiu ir jantar por ter ganhado as flores, afinal nenhum ser humano é capaz de adivinhar o que se passa em sua cabeça. Partindo do pressuposto que as intenções devem ser bem claras, podemos dizer que os diálogos em um relacionamento podem ser fontes de prosperidade para o casal.
        Essa tirinha do Snoop representa um reforço positivo relativamente simples:



      Tente imaginar e desenvolver mais situações que envolvam esse conceito. Assim, você pode promover bons sentimentos em você e também nas pessoas que o cercam.

E se não quiser algum comportamento?




          A psicologia também pode nos ajudar com isso e é bem simples. Para que possamos extinguir um comportamento devemos deixar o indivíduo sem reforço (tiramos o reforço) e em certo período de tempo, que pode variar, o comportamento diminuirá sua frequência até que volte ao nível padrão.

Um exemplo:
       Você tem um ex-namorado que continua a te mandar mensagens sobre o quanto ele ainda gosta de você, mas você não quer que ele te perturbe mais.
      O que você acha que devia fazer para ele parar? Se você responder as mensagens dele com xingamentos e pedir para que ele “saia do seu pé”, vai contribuir para que ele volte a te perturbar, pois você está dando atenção a ele.
      Neste caso, você deve tirar o reforço (atenção) que ele tinha de você quando eram namorados.             Para isso primeiramente você deve explicar para ele que você não quer mais se envolver com ele e por isso não vai mais responder a nenhuma de suas mensagens.
      Nossa mais era só isso? Sim, só isso, depois de um tempo indeterminado ele vai parar de te enviar mensagens. Devo dizer que não é fácil manter essa postura, mas vale a pena.





“Não critique o errado, elogie o certo.”


         Eis aqui uma frase para expressar a ideia do texto e corroborar com as áreas da Psicologia Positiva e a vertente de Análise Experimental do comportamento.

Referências

Moreira, Márcio B.; Medeiros, Carlos A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Editora Artmed. 2007; 47p. – 56p.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Amor na adolescência

Sarah Leles

Ah o amor! Aquele sentimento que faz você ficar suspirando pelos cantos, fazendo com que os outros falem que você está no mundo da lua. Com o adolescente não seria diferente.
Os adolescentes têm um modo diferente de ver as coisas, é como se vivessem mais intensamente. Quando o assunto é amor, é como se nada mais importasse, tudo o que existe é o objeto de desejo - seja ele uma pessoa, uma música, um livro ou até mesmo a camiseta da sua banda favorita.

Desde crianças, nos ensinam que o amor é um sentimento bom e que devemos amar os outros, e assim surgem os primeiros sentimentos de amor que afloram cada vez mais. Quem nunca teve uma paixão platônica – que é aquela paixão perfeita, em que tudo acontece, porém fantasiosa - por aquele coleguinha da escola e que fazia de tudo para ficar perto dele? Enfim, na adolescência, não é que isso mude, mas com as diversas transformações que ocorrem, às vezes eles tentam se esconder e podem sofrer com o amor que acreditam não ser correspondido.
Ora, mas se eles não expressam o que sentem para o outro, como o sentimento pode não ser correspondido? Bem, o medo de dizer para a pessoa que está apaixonada por ela e “levar um fora” é maior do que qualquer outro sentimento. Assim, por receio de serem rejeitados, os adolescentes, muitas vezes, guardam o que estão sentindo em busca de alguma forma para dizer o que sentem. Quando esse momento acontece, apenas a presença do outro faz com que o corpo trema, o coração acelere, o rosto avermelhe e a memória falhe completamente, fazendo com que as palavras escolhidas com tanto zelo durante dias, desapareçam.
Sim, esses são alguns sintomas do amor, como dizem, do amor platônico, aquele que talvez só exista na cabeça deles e que talvez nunca digam à pessoa que gostam.
            Como uma medida para amenizar o sofrimento desse amor não correspondido, o adolescente busca várias soluções para esquecer a pessoa. Assim, ao mesmo que não gostam mais, já a ama, causando dúvidas, anseios e receios. Mas por estar passando por um período de descoberta e transição, o adolescente busca entre seus pares sociais, ou seja, em pessoas da mesma idade e que estejam passando pelo mesmo que ele, algo em que ele possa se identificar.Quando o outro não corresponde às suas expectativas, ele busca meios de expulsar este amor que acabou lhe ferindo.
É nessa hora que surgem os amigos, os poemas ou blogs (para aqueles que se expressam melhor em palavras) e uma playlist que faz com que você expresse tudo o que sente no refrão daquela música (que parece ter sido escrita por você). Logo surge outra pessoa, que parece ser o amor da sua vida, aquela pessoa com a qual você acha que vai passar o resto da vida. Mas, muitas vezes, o sonho não passa de um dia. Isso não diminui o significado do sentimento, mas mostra como reagem ao amor.

Mas será que tudo isso é mesmo amor?

         Como já foi dito, o sentimento de amor começa na infância, e na adolescência o amor é uma experiência que atua na construção de uma identidade própria.
           O adolescente não vê somente como um desejo sexual, mas como um componente que permite desenvolver o equilíbrio entre três elementos tão importantes para uma relação maior na fase adulta: a intimidade, a paixão e o comprometimento.
Ao criar uma intimidade com alguém que se gosta, há uma maior confiança e conexão não somente com essa pessoa, mas com todas as pessoas ao redor. A paixão, que no caso é a motivação para estar perto desta pessoa, leva a querer estar comprometido, que é a decisão de amar e ser amado. Assim surge uma relação mais harmônica e que te permite vivenciar ao máximo uma relação romântica.
Então, o amor permite um aprendizado sobre as relações que temos ao longo da vida e na adolescência, por querer uma maturidade, encontrar o amor no outro é permitir ter alguém para estar ao lado para que se possa desenvolver plenamente.

É viver com toda a essência e beleza deste sentimento que pode trazer tantas alegrias e aceitação das transformações que passamos durante o processo da adolescência.

domingo, 3 de maio de 2015

Por que a mulher finge o orgasmo?



JAQUELINE SILVA

       Por mais inacreditável que seja a resposta para esta pergunta pode ser encontrada bem no principio de nossa infância, estranho não? Pois bem, desde crianças somos condicionados ao fingimento, isso mesmo! Desde pequenos somos ensinados a fingir, um exemplo claro: A criança fez alguma peraltice e a mãe vai corrigir com algum castigo, a criança chora, pois está chateada com tal castigo, a mãe então diz: “Se chorar mais o castigo vai ser pior!!!”, o que a criança faz? Ela finge, ela aprende a mascarar sua real emoção. Desde criança aprendemos a fingir muito bem, a perder nossa autenticidade, o que é fingir um orgasmo para, alguém que desde criança aprendeu a engolir um choro para não ser mais castigada pela mãe? A fingir simpatia por aquela tia chata, ou ainda fingir que a separação dos pais não o lhe destruiu pois você não quer afligir sua família, fingir gostar de um filme do cinema só para agradar o namorado que está tão entusiasmado em poder vê-lo. As razões que levam uma mulher a fingir sentir o clímax podem ser bem diversas, porém uma coisa em comum, ELAS CONTINUAM A FINGIR!
     Por que elas continuam a fingir? Maria, por exemplo, tem um namorado que é simplesmente “fofo” como ela mesma diz, tem bom caráter, a respeita, é estudioso, enfim é “um tudo de bom”, só tem um probleminha, nos dois anos e quatro meses de relacionamento, Maria sempre fingiu orgasmo, para ela “não tem importância”, ter uma relação estável com um rapaz tão bom como ele já é suficiente e vê-lo o todo satisfeito por mérito dela também já é o bastante para Maria, outra mulher, Célia também confirma que em seus 27 anos teve que fingir muitos orgasmos tanto com “ficantes” como com o seu atual namorado, segundo Célia ela fingia as vezes para “acabar logo com aquilo” ou no caso do namorado ela ficava “sem graça de ter que falar com ele” pois ela acreditava ser uma falha dela, então ela achava satisfatório para ambos que ela fingisse. Nos dois casos nota-se o quanto o diálogo sobre o “eu não cheguei lá” se torna difícil para essas mulheres e isso não se aplica tão somente a elas, mas a grande maioria do meio feminino que sente constrangimento em falar a verdade ao parceiro.
       Já dizia Nietzsche: “Quanta verdade cada ser humano é capaz de suportar?”, está aí um problema que acredito estar longe da solução pois se estamos condicionados ao fingimento desde tenra idade e para nós mulheres é constrangedor dizer ao parceiro que não conseguimos chegar lá, isso além de evidenciar um fracasso interno muito grande na cabeça de algumas, coloca a mulher em uma situação que para ela é arriscada, pois dizer a alguém a qual ama que ela não lhe proporciona prazer é doloroso. Desta forma ou seguiremos infelizmente com esse ciclo ou VOCÊ mulher que está lendo este texto irá encontrar uma forma de acabar com isso já, pois ninguém lhe conhece melhor que você mesma! ter uma conversa franca com o seu parceiro não vai acabar com seu relacionamento, provavelmente vai fortalecê-lo! Além disso conheça mais o seu corpo, fantasie mais, liberte-se do que ainda lhe prende a tal situação, mas acima de tudo seja VOCÊ!


O papel da psicologia na humanização

     

Tamara Gonçalves


      A humanização, tão falada nos últimos tempos, tem como sua base um conjunto de procedimentos que a identifica como a valorização do cuidado ao paciente. Refere-se ao reconhecimento da pessoa como ser humano, que carrega consigo uma identidade e uma personalidade, e não como uma doença, a ser tratada e apenas identificada por uma sequência de números pendurados aos pés da sua cama.
            E como o psicólogo se encaixa nessa prática?
           O papel do de todos os profissionais de saúde se assemelha quando o assunto é a humanização. Eles devem atender o paciente com uma atenção diferenciada, sabendo que ali, diante dele, tem uma vida, e que ela tem uma bagagem sentimental e cultural gigantesca. Mas quando falamos em humanização no ambiente hospitalar, uma das principais necessidades do paciente é ter alguém para escuta-lo e cuidar de suas necessidades psicológicas, levando em conta que o reestabelecimento da saúde mental é imprescindível para a recuperação plena da saúde.
       Na rotina hospitalar, médicos e enfermeiros acabam deixando de lado esse diálogo com o paciente, indo até ele apenas para examiná-lo ou medica-lo. O psicólogo pode amenizar as consequências disso tendo uma postura diferente, conversando com o paciente, dando espaço para ele se abrir, falar dos seus medos e dúvidas quanto à doença e a internação, e até mesmo sobre outros assuntos que podem ajuda-lo a tirar o foco da sua doença e distraí-lo dos inúmeros procedimentos em que é submetido ao longo do dia.
        Essa escuta ao paciente é uma ferramenta importante para o trabalho, pois ajuda a formar vínculos entre o doente e o profissional, diminuindo a ansiedade e trazendo segurança a ele. Se todos os profissionais se conscientizassem e buscassem agir dessa forma, valorizando o ser humano que está diante deles e respeitando suas singularidades a rotina hospitalar seria menos estressante a todos os envolvidos.


Referencias:

CHERNICHARO, Isis de Moraes; FREITAS, Fernanda Duarte da Silva de e FERREIRA, Márcia de Assunção. Representações sociais da humanização do cuidado na concepção de usuários hospitalizados. Saude soc. [online]. 2013, vol.22, n.3

CARVALHO, Denis Barros de; SANTANA, Janaína Macêdo and SANTANA, Vera Macêdo de. Humanização e controle social: o psicólogo como ouvidor hospitalar. Psicol. cienc. prof. [online]. 2009, vol.29, n.1, pp. 172-183

Por que brincar é importante?




Letícia Teixeira


     Toda criança tem o direito de ter uma vida saudável repleta de cuidados, carinho e atenção. E é o nosso dever, como adultos, proteger os direitos dessas crianças. 

     A análise do papel da criança ao longo do tempo mostra que nos séculos que antecedem o século XVIII, elas eram desvalorizadas e exploradas para o trabalho. Depois passaram a ser vistas como uma potência econômica futura, tendo valor de mercadoria. Ou seja, ela cresceria, trabalharia e produziria riquezas. A criança não era reconhecida pela sua ludicidade e sim como um corpo que precisaria ser fortalecido. 

     O Trabalho Infantil é considerado uma prática ilegal no Brasil. Mais de três milhões de crianças e adolescentes trabalham, sendo que mais de um milhão e 600 mil deles possuem menos de 16 anos, segundo o censo do IBGE de 2010. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em toda a América Latina, uma a cada dez crianças e adolescentes está na condição de trabalho infantil. 

    As crianças não devem trabalhar porque esse é o período de aprendizagem e crescimento, se a criança usa o seu tempo para trabalhar, pode ficar sem estudar e brincar ou ter o seu desenvolvimento comprometido.

     As brincadeiras foram reprimidas durante muito tempo, pois eram vistas como distrações, e a escola era vista como um local para treinamento onde as crianças aprenderiam o que era importante de acordo com as necessidades sociais. Atualmente, a escola é o local onde as crianças passam a maior parte do seu tempo, fazendo necessária a criação de espaços lúdicos, para auxiliar no processo de seu desenvolvimento.

     O brincar favorece a interação com o mundo e autoestima da criança. Por meio de jogos a criança exercita a sua autonomia, tem a sua curiosidade aguçada e aprende a agir. As brincadeiras também permitem que a criança tome distância do que a faz sofrer, fazendo-a elaborar situações que são difíceis de enfrentar. 

     Segundo Vygotsky (1989) - um dos autores que embasam teoricamente a proposta pedagógica da Creche Francesca Zacaro Faraco que é referência em termos educacionais - o brincar cria a chamada zona de desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do estágio de desenvolvimento que ela já atingiu. A criança aprende brincando, liberando as crianças das limitações da realidade, fazendo com que elas criem situações imaginárias, que dependem da nossa cultura e do meio social. Por exemplo, quando duas crianças brincam de escolinha, elas fazem o uso da imaginação, mas, ao mesmo tempo, elas não se comportam de qualquer modo, pois elas obedecem às regras de comportamento esperados entre um aluno e o professor. 

    Dessa forma, percebemos como o brincar é algo essencial para o desenvolvimento infantil. Disponibilizar espaço e tempo para brincadeiras significa contribuir para um desenvolvimento saudável. É importante também que os adultos resgatem sua capacidade de brincar, tornando-se, assim, mais disponíveis para as crianças enquanto parceiros e incentivadores de brincadeiras. Uma criança não deve trabalhar, tem que dar trabalho, tem que brincar, ser feliz e se desenvolver da melhor forma possível.

sábado, 2 de maio de 2015

Quando não se encontra mais a felicidade


Thays Leonarda Fonseca


A palavra depressão muitas vezes é utilizada para descrever as fases ruins da vida ou momentos em que as pessoas sentem-se para baixo. Mais esses sentimentos apesar de ruins, podem ser normais.
Como saber quando é depressão e quando é apenas tristeza?
Sentir-se triste ás vezes pode ser um sentimento normal, pois a tristeza é uma reação normal a alguns acontecimentos trágicos de sua vida, o término  de algum relacionamento, perda de um ente querido, ou até a algum fracasso profissional. A questão mais importante é que a tristeza não dura muito tempo, esses sentimentos vão se atenuando gradativamente e a vida vai retomando seu curso normal.
Por outro lado, esses mesmos motivos podem gerar tristezas e sofrimentos por um tempo prolongado, o que pode ser considerado depressão. Pode ter outras causas, ou mesmo não ter nenhuma causa aparente.  Os  sentimentos negativos são muito intensos e podem perdurar por muito tempo.
Quando a causa da depressão não é algo perceptível, e quando a pessoa não encontra motivos para sua tristeza, e não entende o porquê de estar assim pode ser mais difícil aliviar os sintomas da depressão.
Quando a pessoa tem depressão, ela pode desenvolver uma visão muito negativa de si própria, de suas vivências e de como será seu futuro. As pessoas geralmente apresentam baixa autoestima pelo fato de não se aceitar como são, e se sentirem inferiorizadas perante as outras pessoas. Essa postura negativa em relação a si mesma e aos outros e ao futuro pode acarretar a danos irreversíveis, como suicídio, essas pessoas se sentem tão sozinhas, e com tanta dor psíquica que não veem outra solução para o tal dor que não seja se matar. Procuram o suicídio como uma forma de extinguir o seu sofrimento.
A depressão é uma doença que deve ser tratada, mais devemos ficar atentos para não generalizar e tratar um sentimento de tristeza como depressão. Para entender melhor se o que você está sentindo é um quadro de depressão, ou trata-se apenas de tristeza é muito importante procurar um médico e um psicólogo. Eles são capacitados para avaliar o que você está sentindo, e fazer o diagnóstico quando a depressão de fato existir, indicando o melhor tratamento. Para se recuperar é preciso agir e estar ciente que a remissão dos sintomas não se dará de um a dia para o outro. È mais difícil combater a depressão sozinho, o apoio da família e dos amigos é fundamental para a recuperação. Procure um psicólogo quando se sentir angustiado ele te ajudar a entender melhor o que está acontecendo, o auto diagnóstico muitas vezes é equivocado, e pode gerar um sofrimento desnecessário.
Um dos grandes fatores que protegem o nosso bem-estar é sem dúvida cultivar o otimismo. Procurar as soluções e os recursos que todos temos nas nossas vidas, mais do que criticar, comparar com os outros, ou prever o pior devemos procurar alternativas, e não nos deixarmos abater, assim maior capacidade teremos para apreciar os pequenos momentos e abraçar a vida com vontade de continuar para a frente.


COMO SABER SE MEU FILHO TEM HIPERATIVIDADE OU SE É APENAS “LEVADO”?


DANIÉLLY STIVAL QUIRINO 

     O transtorno do déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) está na ponta da língua das famílias que possuem filhos muito “ativos”, mas será que realmente todos sofrem com este transtorno? Será que conhecemos ao certo e sabemos se não são apenas crianças levadas (como se diria nossos avós)?
     De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção a ocorrência do TDAH gira em torno de 3 a 5% da população infantil do Brasil e de vários outros países onde o transtorno já foi pesquisado, porém ela não é exclusiva da infância, nos adultos estima-se que a prevalência seja de aproximadamente 4% da população.

Vamos entender um pouco mais sobre o TDAH.

TDAH tem uma origem multifatorial.
Com componentes genéticos:
Disfunção no córtex pré-frontal, núcleos da base, cerebelo e outras. 
E ambientais:
Decorrências relacionadas à gestação como uso de álcool, tabagismo e drogas, história de abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxinas, infecções dentre outros.
      As associações dos fatores genéticos e ambientais formatariam um cérebro alterado em sua estrutura química e anatômica, podendo levar a ocorrência de um conjunto de sintomas, como: impulsividade, esquecimento, e desorganização. O indivíduo possui também dificuldade em manter a concentração, costuma ser agitado e tem problemas para terminar as tarefas que inicia. Se observarmos bem, encontrar estes sintomas em crianças e até mesmo em adultos é comum hoje em dia, porém para diagnosticar o TDAH é necessário uma análise/anamnese feita por profissionais especializados. Profissionais estes como neuropsiquiatras, neuropediatras, neurologistas e psicólogos. No caso de crianças e adolescente, recomenda-se que os profissionais sejam da área da infância e adolescência.

Diagnosticando o TDAH

Análise preliminar – Análise clínica feita por especialista, através de uma anamnese, constituída por perguntas e observações, quando serão avaliadas as características cognitivas, comportamentais e emocionais. Considera-se o histórico familiar, o desenvolvimento infantil, a vida escolar e profissional, os relacionamentos, as dificuldades e expectativas relacionadas às queixas.
      Nesta primeira etapa será feito o levantamento de hipóteses sobre as possíveis origens das queixas apresentadas, levando em conta que um mesmo sintoma (como distração, esquecimento ou agitação) pode ser causado por múltiplos fatores, já que existem outros transtornos que podem possuir estes mesmos sintomas. Além disso, os sintomas podem não caracterizar um transtorno, caso não cause prejuízos e sofrimento na vida do paciente.
Solicitação de Exames complementares – Com base no diagnóstico da análise preliminar, o especialista solicitará testes e outros exames, como exames médicos clínicos e ou neurológicos bem como psicodiagnósticos.  
     O indivíduo pode ter diferentes graus de TDAH, sendo eles: 
Leve: Poucos sintomas presentes, ou seja, apenas os necessários para fazer o diagnóstico - Estes sintomas resultam em pequenos prejuízos no funcionamento social, acadêmico ou profissional.
Moderada: Sintomas ou prejuízo funcional entre “leve” e “grave” estão presentes.
Grave: Muitos sintomas presentes, particularmente graves que podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional.

Tratamento do TDAH.

     Depois de feitos o diagnostico com base nas avaliações anteriores, o indivíduo precisa iniciar o tratamento, quanto antes diagnosticado melhor e mais rápido serão os resultados. Lembrando que o tratamento poderá trazer alívio aos sintomas e dar melhor qualidade de vida ao indivíduo possuidor de TDAH.
Segue abaixo fases do tratamento:

  • Acompanhamento médico e psicológico. Estes adequaram as atividades com incursão de terapia comportamental-cognitiva, treinamentos comportamentais, atividades psicopedagógicas relacionadas ao desempenho escolar, bem como orientação aos pais e ou cônjuges.
  • Plano de ação com prioridades de curto e longo prazo.
  • Em alguns casos intervenções medicamentosas, através de psicoestimulantes (lembrando que estes somente podem ser indicados por médicos especialistas).


Experimentando

      O questionário abaixo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria. Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS, o mesmo não servirá para diagnosticar, porém poderá auxiliar no levantamento de alguns sintomas de caracterização do indivíduo portador de TDAH. 
      Lembre-se o diagnóstico do TDAH não deve ser baseado exclusivamente em listas de critérios. Ter estes sintomas não significa necessariamente que você é portador de TDAH, sempre busque um especialista, afinal ele poderá avaliar e realizar o diagnóstico de maneira adequada, além de estar capacitado para oferecer o melhor tratamento.

Como avaliar:

1) Se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.
2) Se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.
    O questionário SNAP-IV é útil para auxiliar na avaliação de sintomas do TDAH. Sendo que o diagnóstico somente será feito por especialista através de uma anamnese bem elaborada bem como observação do contexto biopsicossocial. 
     O mais importante é que, buscando ajuda, o primeiro passo para a melhora já foi dado. Manter se informado e a principal arma para quem quer qualidade de vida!


REFERÊNCIAS 

1. Questionário SNAP-IV.  Disponível em:< http://www.tdah.org.br/sobre-tdah/diagnostico-criancas.html >Acesso em 21 de março de 2015 as 15:59hs.
2. Déficit de Atenção - TDAH: Diagnóstico e tratamento especializados.  Disponível em:< http://www.dda-deficitdeatencao.com.br/index.html >. Acesso em 21 de março de 2015 as 16:39hs.
3. PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7ª ed. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000. 684p.
4. O que é TDAH? Disponível em: < http://www.minhavida.com.br/saude/temas/tdah>. Acesso em 22 de março de 2015 as 18:00hs.
5. GRIFFA, Maria Cristina; MORENO, José Eduardo. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento adolescência – Vida Adulta – Velhice. 6ª ed. São Paulo: Editora Paulinas, 210. 230p.


Existe espaço na sociedade contemporânea para a empatia?



Débora Garcia Silva


       Se alguém te perguntasse, hoje, em uma rua da cidade, sobre o que você entende por empatia, provavelmente você diria coisas como: “saber se colocar no lugar do outro”, “entender o outro” e etc. São definições simples e fáceis, que nos ajudam no dia-a-dia, mas, já que vamos discutir sobre o tema, vale esclarecer melhor esse termo. Vamos lá?!
                   O termo empatia vem da palavra alemã “Einfühlung” e foi traduzida pela primeira vez por um psicólogo chamado Edward Bradford Titchener significando, para ele, “imitação física da angústia do outro que invocaria em nós os mesmos sentimentos”. Mas isso ocorreu em 1909, e de lá pra cá essa definição tem sido modificada por muitos pesquisadores. Para prosseguirmos ficaremos com a definição de Eliane Falcone (2008), uma importante pesquisadora do tema no Brasil, que explicou este termo como “capacidade de compreender, de forma acurada, bem como de compartilhar ou considerar sentimentos, necessidades e perspectivas de alguém (...)”.
                   Vivemos em uma sociedade repleta de violência, sofrimento e injustiças, assistimos a esses acontecimentos nos noticiários, nos grupos de WhatsApp e nas ruas das nossas cidades. Como poderíamos expressar essa habilidade se isso implicaria sentir e perceber o que acontece com os outros como se estivéssemos vivenciando tais experiências de sofrimento? Deveríamos internalizar todo sofrimento alheio?
                   A resposta seria nem oito nem oitenta. Talvez uns quarenta e cinco. Não precisamos vivenciar todas as experiências de dor as quais temos acesso, mas também não podemos viver como seres indiferentes às situações dos nossos semelhantes. Essa habilidade – a empatia - é essencial para que nossas relações sociais sejam equilibradas.
                   Também não podemos esquecer que a empatia motiva comportamentos de altruísmo que transformam as situações sociais que nos cercam. Cientistas sociais empregam o termo altruísmo para referir-se a comportamentos que beneficiam o outro. Portanto a empatia pode ser combustível de mudanças e de responsabilidade social. Mas vale ressaltar que devemos ter muito cuidado com o que sentimos, para que não sejamos afetados de maneira negativa, ou seja, para não nos sentirmos como se fossemos incapazes de mudar uma situação, o que pode nos desmotivar a continuar olhando através da percepção do outro – com empatia.
                   Além de favorecer o altruísmo, existe outra razão para não abandonarmos nossa habilidade empática. E ela consiste na possibilidade de multiplicar sucessos, alegrias, e todas as coisas boas que nos cercam. Através da empatia podemos multiplicar e viver as alegrias das nossas pessoas queridas. A empatia pode ser aprendida, então todos nós podemos reproduzir em nós os sentimentos bons podemos encontrar no nosso meio social.
 Portanto, para encontrar o seu equilíbrio, quando sentir empatia por alguma situação de sofrimento que possa mudar, mude-a. Quando sentir empatia por alguma situação que não possa mudar, retire o peso de sua consciência. Afinal, o maior benefício da habilidade empática e permitir uma maior compreensão dos problemas de nossos semelhantes e não atuar sobre esses problemas. Por tudo isso que vimos, não se esqueça de exercer a sua empatia para compartilhar dos momentos de felicidade dos seus companheiros, amigos, familiares e amores ;)